O ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso disse ontem à Polícia Federal que partiu dele a iniciativa de quebrar o sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. A versão sustentada por Mattoso isenta Palocci de responsabilidade no episódio que resultou na demissão dos dois. Entretanto, a PF ainda considera a explicação inconsistente.
O delegado Rodrigo Carneiro Gomes, que comanda as investigações, já indiciou Palocci como mandante do crime. Mattoso foi indiciado por quebra de sigilo bancário e funcional. Segundo relatório da polícia enviado à Justiça Federal no mês passado, Mattoso violou a conta de Francenildo a pedido de Palocci. O jornalista Marcelo Netto, assessor do ex-ministro, é acusado de ter repassado as informações sigilosas à revista Época.
Francenildo teve o sigilo bancário violado depois de confirmar, na CPI dos Bingos, ter visto o ex-ministro dezenas de vezes na mansão alugada no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, por amigos ex-assessores de Palocci na época em que ele era prefeito de Ribeirão Preto (SP). A casa era usada para lobby e festas com garotas de programa.
"Confirmo até morrer", afirmou o caseiro à CPI. O depoimento de Francenildo foi suspenso na metade, por liminar deferida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Dias após a audiência, a revista Época divulgou extratos bancários do caseiro que mostravam depósitos de R$ 25 mil entre janeiro e março, período em que ele fizera as denúncias contra Palocci.
Nos próximos dias, o delegado Rodrigo Carneiro Gomes, responsável pelo inquérito que investiga a quebra do sigilo, deve ouvir Francenildo e o jardineiro Leonardo Moura, para aprofundar as investigações.
Em depoimento na sexta-feira passada, o advogado do caseiro, Wlício Chaveiro, disse que, antes de prestar depoimento na CPI, Francenildo havia revelado ao colega jardineiro que tinha uma conta na Caixa.
A assessoria da PF informou que o inquérito não pode deixar de investigar a origem do dinheiro, cerca de R$ 25 mil, depositado na conta do caseiro por seu pai biológico. Mas a prioridade, diz, é checar como o governo obteve informações de que Francenildo tinha conta na Caixa.