Depois que o assessor do deputado Nilton Capixaba (PTB-RO) Francisco Machado Filho inocentou o parlamentar em depoimento à Corregedoria da Câmara ontem, surge uma nova denúncia contra o deputado. O jornal Correio Braziliense informa que Capixaba indicava o irmão Marcos Balbino Capixaba e seu principal assessor, Celso Augusto Mariano, como procuradores formais da Planam e da Santa Maria Comércio e Representações, empresas investigadas pela Polícia Federal na Operação Sanguessuga.
No orçamento de 2002, o parlamentar apresentou emenda para a compra de uma ambulância destinada à cidade de São Francisco do Guporé, na Zona da Mata do estado. No mesmo ano, Marcos Capixaba foi nomeado pelo grupo Planam seu procurador legal. Segundo o Correio Braziliense, o irmão do deputado participava de todo o processo licitatório, apresentava as credenciais da firma e a documentação exigida no edital. Depois, encarregava-se de encomendar o veículo e entregá-lo.
Nilton Capixaba só aparecia para participar da entrega da ambulância. Marcos recebia o dinheiro em nome do grupo Planam. Em São Francisco do Guaporé, o irmão do deputado recebeu quase R$ 90 mil em um cheque emitido pela prefeitura. Assim que receberam a ambulância, os funcionários da Secretaria de Saúde do município de São Francisco do Guaporé perceberam falhas na documentação contábil da transferência do carro. A nota fiscal emitida pela Santa Maria, do empresário Darci Vedoin, não cumpria as formalidades básicas, como selo e carimbos. A ambulância, comprada como zero quilômetro, também já tinha mais de um ano de uso.
O assessor Celso Mariano fez algo parecido na cidade de Alvorada d'Oeste. Em 2002, o prefeito Paulino Ribeiro Rocha (PT) comprou uma ambulância com as mesmas características da unidade móvel de saúde adquirida pela vizinha Guaporé. Mariano foi nomeado procurador da empresa Santa Maria no dia 19 de junho de 2002 para acompanhar o processo licitatório aberto pela prefeitura para comprar o veículo.
De acordo com o jornal, a Prefeitura de Alvorada do Oeste também detectou irregularidades graves na ambulância entregue pela empresa Santa Maria. Comprado como novo, o veículo era usado. Tinha até uma multa de R$ 127,69 lavrada às 16h58 do dia 19 de agosto de 2002 no km 734 da BR 163 no Mato Grosso do Sul pela Polícia Rodoviária, um mês antes da entrega da ambulância à Secretaria de Saúde do município.