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Sanguessugas do dinheiro público

Congresso em Foco

5/5/2006 | Atualizado às 7:14

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A Polícia Federal ontem prendeu 46 pessoas, entre eles dois ex-deputados, funcionários da Câmara e do Ministério da Saúde, na "Operação Sanguessuga", deflagrada na manhã dessa quinta-feira. Foram cumpridos também 35 mandados de busca e apreensão. Até o fim da noite, os agentes informavam que mais oito pessoas poderiam ser detidas.

A "Operação Sanguessuga" desmantelou uma quadrilha que comprava ambulâncias ilegalmente. Essa quadrilha, segundo a PF, era chefiada pela família Trevisan Vedion, proprietária de uma empresa de montagem de ambulâncias - a Planam -, e tinha pessoas infiltradas no Congresso, no Ministério da Saúde e em outros órgãos.

Apesar de a PF não divulgar o nome de todos os investigados, parlamentares que tiveram assessores e ex-assessores presos também são considerados suspeitos de participação no esquema. Pelo menos nove deputados e o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) tiveram assessores envolvidos no escândalo.

Já os ex-deputados Carlos Rodrigues (sem partido-RJ) e Ronivon Santiago (PP-AC) foram presos durante a operação. A PF tem informações de que eles receberam propina para facilitar a ação da quadrilha no Congresso.

Bispo Rodrigues, como é mais conhecido, apresentou-se espontaneamente na superintendência da Polícia Federal em Brasília ontem, por volta do meio dia. Logo em seguida, o PL anunciou a expulsão do ex-deputado.

Além do envolvimento com a venda ilegal de ambulâncias, pesa também contra Rodrigues a acusação de que teria recebido recursos do valerioduto, motivo que o levou a renunciar no ano passado. Ronivon também deixou a Câmara no ano passado, após ser cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), acusado de compra de votos nas eleições de 2002. Em 1997, o acreano renunciou ao mandato após a revelação de conversas nas quais disse ter recebido R$ 200 mil para votar a favor da emenda que permitiu a reeleição de Fernando Henrique Cardoso.

Ambulâncias 110% mais caras

O primeiro passo da quadrilha era fazer contato com prefeitos interessados na compra de ambulâncias sem depender dos trâmites legais. A partir daí, os chefes do esquema acionavam assessores parlamentares, que preparavam emendas ao Orçamento da União, posteriormente apresentadas pelos congressistas. Essas emendas solicitavam convênio com a Planam e verba para o fornecimento de ambulâncias.

Após a aprovação da proposta em Plenário, cabia a Maria da Penha Lino, assessora do Ministério da Saúde, viabilizar a liberação da verba, segundo a denúncia. As ambulâncias eram entregues até 110% acima do preço normal de mercado e sem os equipamentos necessários para o atendimento de emergência. Ao todo, foram vendidos mil veículos no esquema desde 2001. Estima-se que a quadrilha tenha movimentado mais de R$ 110 milhões.

A PF iniciou as investigações em 2004 e, com o auxílio da Receita Federal, identificou 22 empresas fantasmas montadas para dar aparência de veracidade às concorrências para venda das ambulâncias. Foram quebrados, com a autorização da Justiça, os sigilos bancário e telefônico de 60 pessoas. Com base nessas informações, os envolvidos foram identificados.

As ações da Operação Sanguessuga tiveram início às 6h, em seis estados e no Distrito Federal, e foi coordenada pelo delegado Tardeli Boaventura, diretor-regional da PF em Mato Grosso.

Devassa nos gabinetes

Logo após o cumprimento dos primeiros mandados de prisão da "Operação Sanguessuga", parlamentares que tinham assessores envolvidos na fraude decidiram cobrar explicações dos funcionários.

O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) decidiu afastar qualquer rumor de seu gabinete. De prontidão, exonerou um de seus assessores, Marcelo Cardoso Carvalho, preso durante a manhã. O parlamentar disse que ficou surpreso com a notícia e que vai manter o funcionário afastado até o fim das investigações.

O deputado João Mendes (PL-RJ) exonerou o assessor parlamentar Régis Moraes Galheno, outro envolvido com a quadrilha.

No Ministério da Saúde também houve demissões. O órgão divulgou nota no meio da tarde para informar que pedira a exoneração de todos os envolvidos no superfaturamento das ambulâncias. Dessas, apenas uma era do quadro do ministério: Cassilene Ferreira dos Santos, que terá de responder a processo administrativo, perderá a gratificação e deverá ser demitida por justa causa.

Outro funcionário, Jairo Langoni de Carvalho, foi exonerado no final do ano passado. Maria de Penha Lino, assessora do ministro Jorge Agenor Álvares da Silva, e apontada como uma das principais articuladoras do esquema, teve o ato de exoneração expedido.

O que dizem os parlamentares

Os congressistas que não demitiram assessores presos na operação da PF deram explicações durante a tarde. A assessoria de Vieira Reis (PRB-RJ), cujo assessor Cristiano de Souza Bernardo está entre os envolvidos na fraude, informou que o deputado está procurando mais informações para saber o que aconteceu. Cristiano, segundo informações da assessoria, já trabalhava na Câmara antes de Vieira Reis assumir o mandato em 2003.

O deputado Maurício Rabelo (PL-TO) informou, pela assessoria, que Luiz Carlos Moreira Martins, outro preso, não tem vínculo com seu gabinete. Segundo o gabinete de Rabelo, Martins é consultor autônomo e atua na Câmara prestando serviços para diversos parlamentares.

A assessoria de Nilton Capixaba (PTB-RO) informou que o deputado está próximo à fronteira com a Bolívia, em local de difícil comunicação, e ainda não foi informado sobre a prisão de seu assessor Francisco Machado Filho.

O deputado Benedito Dias (PP-AP) afirmou que Erik Janson Sobrinho de Lucena, inicialmente citado como seu assessor parlamentar e também preso, não trabalha mais com ele "há mais de três anos". Segundo a PF, Lucena seria empresário.

Já o deputado Pastor Pedro Ribeiro (PMDB-CE) disse que Adarildes Costa, também presa na operação da PF, trabalha com ele há quase sete meses. "Estou convicto que qualquer coisa que ela tenha feito, que eu não sei o que foi, não teve nada de escuso com o gabinete", disse Pedro Ribeiro.

A deputada Elaine Costa (PTB-RJ), cujos assessores Marco Antonio Lopes e Nívea Martins de Oliveira também foram presos na operação da PF, está de licença médica. No gabinete do deputado Eduardo Seabra (PTB-AP), a informação era que ele tinha viajado e que tentariam um contato com ele nesta sexta-feira.

Entre os presos está Wilber Corrêa da Silva, que trabalhou na liderança do PMDB na Câmara entre 2001 e 2003. O líder à época, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), disse desconhecê-lo. "A liderança tem 200 funcionários, é difícil conhecer todo mundo, mas se ele errou, tem que ser preso."

Morte sob encomenda

Nas investigações, a Polícia Federal registrou duas conversas em que integrantes da bancada da fraude tramam a morte de pelo menos duas pessoas. Num dos diálogos, o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, um dos donos da empresa Planam apontado pela PF como o chefe da organização, acerta com Francisco Machado Filho, o Chico, assessor do deputado Nilton Capixaba, a morte de um jornalista do Correio Braziliense.

Na conversa, gravada no início da tarde do dia 23 de dezembro, Vedoin pergunta a Chico se um repórter do Correio estava mesmo em Rondônia. O jornalista estaria fazendo uma reportagem sobre direcionamento de verbas do Orçamento da União para compra fraudulenta de ambulâncias.

Em outro trecho, uma mulher reclama com Vedoin por que o empresário teria mandado matar um prefeito. A polícia acompanhou de perto os passos dos suspeitos. Mas as tramas não chegaram a ser postas em prática.

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