O caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, encaminhou há pouco uma ação contra a Caixa Econômica Federal na Procuradoria da República do Distrito Federal. A queixa foi protocolada pelo seu advogado, Wlício Chaveiro Nascimento, que solicitou à Caixa e ao Banco Central que apurem quem repassou dados de extratos bancários do caseiro para imprensa.
As informações sobre a movimentação bancária do caseiro foram divulgadas na sexta-feira no site da revista Época. De acordo com os dados, Nildo recebeu R$ 38 mil entre dezembro do ano passado e março deste ano, numa conta da Caixa Econômica Federal. Em coletiva à imprensa logo após a publicação da reportagem, ele disse que, na verdade, recebeu R$ 25 mil no período.
A violação do sigilo bancário de Nildo ocorreu um dia depois de ele confirmado à CPI dos Bingos que viu o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, mais de dez vezes na mansão alugada em Brasília por ex-assessores da prefeitura de Ribeirão Preto (SP). A casa supostamente era utilizada para festas com garotas de programa e partilha de propina levantada no município paulista.
O advogado solicitou à Polícia Federal detalhes dos procedimentos adotados pela instituição para incluir testemunhas sob proteção. Nildo estava sob proteção da PF quando o extrato de sua conta chegou até à imprensa. Na coletiva convocada às pressas na sexta-feira, o caseiro disse que, na hora de inscrevê-lo no programa de proteção, os agentes pediram seus documentos pessoais e também seu cartão bancário.
O advogado do caseiro, porém, enfatizou que não acusa a PF de ter repassado dados da conta bancária do seu cliente. "Acho que houve um mal-entendido na declaração do Nildo na sexta-feira", disse ele sobre as declarações dadas pelo caseiro logo depois de seus dados bancários virem à tona.
Paternidade
Wlício afirmou ainda que deve entrar com uma ação de reconhecimento de paternidade para obrigar o empresário Eurípedes Soares da Silva, dono de uma empresa de ônibus em Teresina, a registrar Nildo. Ele seria pai biológico do caseiro e confirmou ter depositado os R$ 25 mil.
O caseiro disse que procurou Eurípedes para que ele assumisse a paternidade. O empresário teria se negado a se submeter ao exame de reconhecimento e, para evitar que o caso parasse na Justiça, teria proposto ao caseiro a entrega de um ônibus. Nildo teria recusado a oferta e pedido dinheiro.