Em comentário publicado hoje no boletim eletrônico que produz diariamente, o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (PFL), afirma que o eleitor brasileiro, "com uma defasagem de uns dez anos" em relação a outros países, começa a reagir contra as campanhas eleitorais baseadas na "massificação pela comunicação", que "está chegando ao fim aqui também".
"O consumidor/eleitor individualiza-se e passa a agir como tal", acredita ele. "O ciclo dos Dudas/Nizans/analistas/especialistas/institutos de pesquisa esgotou-se. O receituário que eles têm na prateleira não serve mais".
De acordo com a análise do prefeito carioca, "já está se dando um esgotamento da percepão do eleitor a esse massacre de inserções, programas e de publicidade governamental" e "nada disso impacta mais". No boletim, que é enviado a milhares de assinantes em todo o Brasil, ele vai adiante:
"O esgotamento do ciclo dos marqueteiros e seus pacotes eleitorais - uma equipe/cabeça fazendo cinco, seis, sete eleiões simultaneamente - recoloca a questão da comunicação política, em governo, na oposição e em eleição. Este é o desafio".
Enfrentá-lo, segundo César Maia, exigirá que as pesquisas de intenção de votos ou de popularidade de políticos revelem quais são os "valores buscados pelos eleitores". Ele prossegue: "As equipes - nestas eleições - que não ousarem e buscarem surpreender o eleitor com outra linguagem e com outros 'veículos', ou têm um candidato vencedor a principio - água no deserto - ou vão quebrar a cara. A menos que todos se igualem, e aí se vai para a loteria".
César Maia ressalta, por fim, o papel da internet e das novas mídias: "No referendo das armas, a internet explodiu e foi arma fundamental. A partir daí, houve uma inflação de redes, blogs, newsletters... Tudo bem, mas como fazer para que 'o outro lado' leia? Fale com seu filho/filha de dez anos. E-mail é careta. MSN, Orkut etc. é que vale. Liberdade para comunicar e individualidade para receber. É nisso tudo que as equipes de comunicação deveriam estar pensando, hoje, o que já incorpora um significativo atraso".