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Congresso em Foco
3/2/2007 | Atualizado às 21:04
Após a acirrada disputa pela presidência da Câmara, na qual dois aliados seus se enfrentaram no segundo turno e criaram feridas ainda abertas na base governista, o presidente Lula convidou o candidato derrotado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para discutir a relação na segunda-feira. É o que informa a agência Reuters neste sábado (03).
Se aceitar o convite, diz a reportagem, o comunista terá ao lado o novo presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e o vencedor da disputa no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que superou por larga margem o oposicionista José Agripino Maia (PFL-RN).
"Lula, que mais cedo na sexta-feira afirmou não ter pressa para conduzir a primeira reforma ministerial do seu segundo mandato, disse que estarão em pauta nas conversas o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no qual há medidas dependentes de aprovação no Congresso", explica o texto.
"Agora nós precisamos fazer com que a Câmara ajude o governo a cumprir a programação que está no PAC", disse Lula a jornalistas após a celebração do shabat - símbolo máximo do judaísmo - em evento da Congregação Israelita Paulista.
"O Aldo é um extraordinário companheiro e na próxima segunda-feira vou conversar com ele, com o Chinaglia e com o Renan", completou o presidente.
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Aldo atua a favor de Ciro-2010
O ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PC do B-SP) está propenso a submergir politicamente, descartando a possibilidade de ser ministro e atuando para tentar viabilizar a candidatura presidencial de Ciro Gomes (PSB) em 2010. "Aldo será um dos principais dirigentes do bloco formado por PSB, PDT, PC do B, PAN e PMN, que soma 68 deputados, cinco governadores e oito senadores", diz a reportagem do jornal Folha de S.Paulo dos repórteres Kennedy Alencar, Adriano Ceolin e Letícia Sander.
"Criamos um eixo político para nos diferenciar do PT. Vamos preservar a independência do PT", afirmou Aldo. Na avaliação dos dirigentes do bloco,diz o texto do jornal paulista, a disputa com Chinaglia deixou claro que o PT quer ter candidato a presidente em 2010.
Leia o restante da matéria:
"Aldo e Ciro avaliam que a manutenção do bloco é fundamental para que tenham peso no governo e consigam apoio de setores do PSDB e PFL. O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), já admitiu quer votaria em Ciro em 2010. E o PFL apoiou Aldo, não o PSDB, seu aliado na oposição.
Os partidos do bloco enfrentaram a aliança entre PT e PMDB para eleger Chinaglia e são importantes para assegurar ao presidente Lula uma maioria na Câmara mais sólida do que no primeiro mandato.Lula pretende compensar o grupo na reforma ministerial, mas a possibilidade de Aldo integrar o ministério é pequena.
"Saindo da disputa como saí, enfrentando o PT, com o apoio que setores do governo deram ao PT, não julgo adequado integrar ministério", disse ontem. No início de janeiro, Lula sugeriu a Aldo e Chinaglia que fizessem um acordo para lançar um candidato único.
O que desistisse seria compensado com um ministério. Como ambos recusaram, Lula se sente liberado em relação aos dois. Ontem, durante evento em São Paulo, Lula afirmou que "Aldo é um companheiro extraordinário", mas não disse se ele teria lugar no ministério.
Ele acredita, porém, que o apoio de Aldo e dos presidentes da Câmara e do Senado são importantes para que o governo cumpra suas metas para o segundo mandato. Diante disso, adiantou que conversará, na segunda-feira, com Aldo, Chinaglia e Renan. "Precisamos fazer com que a Câmara ajude o governo a cumprir a programação estabelecida no PAC", afirmou."
Serra mandou votos para Chinaglia
O governador de São Paulo, José Serra, trabalhou ativamente para eleger o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a presidência da Câmara. Tão logo terminou a apuração do primeiro turno, o governador paulista, que estivera em Belo Horizonte com o governador Aécio Neves, ligou para Chinaglia e assegurou parte dos votos do PSDB. A informação faz parte de reportagem do jornal O Estado de S.Paulo deste sábado (03).
Segundo o texto do repórter Expedito Filho, a operação foi decisiva para a vitória do petista: na primeira votação, o adversário de Chinaglia, Aldo Rebelo (PC do B-SP), obteve 175 votos; se conseguisse herdar os 98 votos dados ao tucano Gustavo Fruet (PR), o atual presidente da Câmara teria se reelegido.
Leia a íntegra do restante da reportagem:
"No plenário, foi tudo muito rápido. O líder do partido na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP), liberou a bancada para votar em qualquer um dos dois candidatos. Em uma operação que durou cerca de 15 minutos, o ex-líder Jutahy Júnior (PSDB-BA) procurou os tucanos alinhados aos dois governadores e, de forma cifrada, deu a ordem para que votassem em Chinaglia: 'A águia pousou'. A mensagem significava que era o momento de despejar votos no candidato petista. Logo em seguida, os deputados decidiram a eleição em favor de Arlindo Chinaglia.
No coração da campanha petista, a eficiência tucana foi duplamente comemorada. O primeiro motivo era o mais óbvio. A divisão do PSDB acabou servindo para fortalecer e unificar o PT no seu projeto de ganhar musculatura para influir ainda mais no governo Lula. A segunda razão para os festejos petista foi a avaliação de que Serra, em sua manobra, teria derrotado internamente o presidente da legenda, o senador Tasso Jereissati (CE), que criou arestas no partido por ter sugerido que apoiaria para a presidência, em 2010, o conterrâneo cearense Ciro Gomes (PSB). A ação de Serra também chocou-se com a posição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ao contrário do governador, o ex-presidente preferia Aldo Rebelo como voto tucano em um eventual segundo turno.
A dissonância entre os dois grupos havia ficado clara no mês passado, quando Jutahy chegou a anunciar publicamente apoio a Chinaglia, dizendo ter feito consulta telefônica aos integrantes da bancada, num movimento atribuído a Serra e a Aécio. Fernando Henrique em seguida divulgou nota informando que prometera apoiar Aldo e convocando o partido a rever sua posição, que julgava contraditória com o papel de oposição. O lançamento da candidatura Fruet pareceu reaglutinar o PSDB, mas desaguou nos lances de anteontem.
No início da madrugada de ontem, Aldo atribuía a derrota à uma suposta traição dos tucanos, que não teriam entregado os votos prometidos. Dos 98 votos em Fruet, Aldo obteve 65 - o restante teria recebido a ordem para votar em Chinaglia. A bancada tucana tem 64 deputados.
A ação de Serra e Aécio pode ter criado tensões no tucanato, mas tirou da linha de tiro do exército petista os dois governadores. Também criou clima mais amistoso nas Assembléias Legislativas de São Paulo e Minas Gerais para os dois governadores. Entre os tucanos, que reúnem a Executiva na próxima terça-feira, a avaliação é de que o preço do armistício foi muito alto. 'É lamentável, mas nós demos a presidência da Câmara para o PT', disse ontem o deputado José Aníbal (PSDB-SP)."
Tasso quer punir quem ajudou o PT
O presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), convocou para terça-feira (6) uma reunião da Executiva nacional, a fim de discutir o apoio decisivo de deputados tucanos para a eleição do petista Arlindo Chinaglia (SP) à presidência da Câmara, segundo reportagem do Jornal do Brasil.
"A interlocutores, Tasso - integrante da ala que repudiou o acordo com o PT - disse que a aliança com os petistas não poderá passar em branco", informa o texto do repórter Sérgio Pardellas. Segundo a matéria, o presidente tucano articula a divulgação de um documento em defesa de uma postura firme do PSDB como principal partido de oposição ao governo Lula e até punição para os que despejaram votos em Chinaglia. "Internamente, conta com o apoio do ex-presidente Fernando Henrique, que trabalhou nos bastidores por Aldo", diz o texto.
O movimento das duas importantes lideranças tucanas dividiu o partido, de acordo com a reportagem que também ouviu dois tucanos contrário a adesão à Chinaglia:
"Um pequeno grupo (do PSDB) decidiu a eleição para Chinaglia e terá de assumir a responsabilidade política. Internamente, haverá consequências", afirmou ontem o deputado Paulo Renato Souza (PSDB-SP).
"O partido precisa ter causas, posições bem definidas, saber interpretar os anseios da sociedade. O que ocorreu no segundo turno da eleição da Câmara foi um equívoco e o eleitorado hoje nos questiona com razão" disse o deputado José Aníbal (PSDB-SP).
"Setores do PSDB ligados a Fernando Henrique temem a perda de identidade do partido e consideram o alinhamento ao PT, mesmo que pontual, trágico para as pretensões eleitorais tucanas nas eleições municipais de 2008 e na sucessão presidencial em 2010. São favoráveis ao que chamam de chacoalhada na letargia que contaminou os tucanos", explica a reportagem.
O Legislativo está submisso, diz fundador do PT
A eleição de Arlindo Chinaglia (PT-SP) para presidir a Câmara e de Renan Calheiros (PMDB-AL) para presidir o Senado "não aponta para nada, apenas para um Legislativo submisso e manipulável", disse o sociólogo Francisco de Oliveira, um dos fundadores do PT ao jornal O Estado S.Paulo.
Na contramão de outros analistas, para os quais o governo sai fortalecido do episódio, Oliviera entende que " o presidente Lula, o PT e o governo estão totalmente perdidos". "O veterano sociólogo - que nos anos 80 ajudou a fundar o PT e depois se afastou dele - desafia a opinião dominante ao sustentar que Lula está mais fraco, não mais forte", diz a reportagem.
Leia a íntegra da entrevista:
Para onde aponta a escolha de Arlindo Chinaglia na Câmara e de Renan Calheiros no Senado?
Não aponta para nada. Aponta para um Legislativo submisso e manipulável. Não quer dizer absolutamente nada. Esse Renan é lastimável. O que este senhor mudou de posição em sua vida não é brincadeira. Chinaglia, por sua vez, é um deputado apagado, jamais foi uma liderança no PT. Quem o conhece sabe disso. O que ele fez de relevante em seus mandatos?
O PT mostrou força ao lançar Chinaglia contra a vontade inicial do presidente Lula e vencer?
O que isso mostra é que Lula, o PT e o governo estão totalmente perdidos. Tanto Lula quanto o PT perderam a noção do que é adversário. Um teórico de direita, o Carl Schmitt, dizia que política é amigo ou inimigo. Se não há essa oposição, não se vai a lugar nenhum. Na verdade, o episódio todo mostra que a política partidária é irrelevante no Brasil. As coligações não querem dizer absolutamente nada. A política que passa pelos partidos perdeu totalmente a importância, a ponto de o principal partido da oposição, o PSDB, ter definido o apoio ao candidato do PT, depois voltar atrás e por fim mandar de novo votar nele. Essas eleições são o sinal dessa irrelevância.
A seu ver, temos um quadro de crise dos partidos?
Não. Uma crise é boa porque aponta para alguma coisa. Quando não é o caso, não há absolutamente nada de novo.
Mas, numericamente, o governo dispõe de maioria e poderá explorá-la para seus projetos. Portanto, está forte.
Minha avaliação é de que o governo está mais fraco. Ele teve que reunir o maior número possível de partidos. Se você sai com uma eleição no segundo turno, como anteontem, e precisa fazer esses acordos, é sinal de que está muito fraco. No Congresso o que conta é arrumar verba para o chafariz na pracinha, em troca de apoio. Uma montanha de 58,2 milhões de votos deveria querer dizer alguma coisa.
Isso quer dizer que o presidente está desperdiçando o seu poder?
Lula parece o peixe de Hemingway (Ernest Hemingway, escritor americano, autor de O Velho e o Mar). Tal como o pescador Santiago, ele pegou um peixe enorme, maior que o barco dele. Os tubarões comeram o peixe e, quando ele chegou à praia, só havia sobrado o esqueleto. O presidente não sabe para onde vai, não sabe que ministério escolher, não tem idéia do que fazer, não tem projeto. Para que ganhou? Se é para aumentar o Bolsa-Família, isso será feito, com certeza, pois foi assim que ele se elevou. Mas e o resto?
O que ele deveria fazer mais?
Já deveria vir ruminando que ministério iria fazer. Mas não. Ganhou a eleição e seis meses depois não sabe que ministério nomear. Todos os ministros, passado um mês da posse, têm ar de interinos, salvo o da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Não é concebível uma coisa dessa.
O PT tem forças agora, com o controle da presidência da Câmara, para brigar por mais espaço no governo?
O PT não vai disputar com o governo. A meu modo de ver, essas movimentações todas são para 2010. Como Lula não tem sucessor - aliás, não é do estilo dele fazer sucessor. Quem o sucedeu no Sindicato dos Metalúrgicos? Alguns líderes surgiram por força própria, como o Vicentinho. As movimentações do PT, a meu ver, são para ocupar espaço. É o PT de São Paulo se arranjando para mandar de novo no partido, não no governo. É a rearticulação do antigo Campo Majoritário.
O que interessa ao ex-ministro José Dirceu, que luta pela anistia.
Sim. Por trás disso, tem algumas almas... Uma alma política como o Zé Dirceu não suportará ficar muito mais tempo fora da política. Você fica um ano fora. Dez, não. Provavelmente ele voltará, não terá muita dificuldade.
Como o sr. vê a relação de Lula com os partidos?
É uma relação de disponibilidade. Isso é da tradição brasileira. Qualquer presidente faz o que quer com os partidos. Getúlio Vargas fazia o que queria com eles e até nomeava ministros da inimiga UDN, como João Cleofas, usineiro pernambucano, para a Agricultura. A Presidência da República tem uma força no Brasil que não encontra paralelo em país nenhum dos mundo, salvo nas nações totalitárias.
O sr. inclui PFL e PSDB nessa lista de disponibilidade?
O PFL, surpreendentemente, é um partido que tem mais marca do que os outros. Sua história pregressa é horrível. O partido foi formado com os restos de satélites de todos os governos militares. O PSDB, que parecia ser um partido republicano, não agüentou a segunda eleição presidencial. Esfacelou-se. Lula não nomeia ministros do PSDB porque, por enquanto, não há necessidade. A liderança maior do partido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, não teve força para emplacar seu candidato à Presidência, que era o hoje governador de São Paulo, José Serra. Nesta eleição para a Câmara, ele foi um zero à esquerda. Ainda deu um jeito para sair o Gustavo Fruet, mas não deu em nada.
Por que o País chegou a esse quadro de deterioração política?
A divisão que marcou mesmo o Brasil foi a divisão ditadura e antiditadura. Depois que isso desapareceu, surgiu o PT, no único período em que se deu consistência à vida partidária no Brasil. Quando o PT derivou para o que é hoje, acabou tudo. Não havia nada para colocar no lugar. O PSDB é exatamente o quê? Ninguém sabe. Vai terminar como um partido de caciques regionais. Vai se pefeelizar com Aécio Neves em Minas e Serra em São Paulo, porque o peso destas bancadas é grande.
A legislatura que terminou foi marcada por muitos escândalos. O que o sr. espera da nova?
Não vai continuar como a anterior, a taxa média de escândalos vai baixar. Como os políticos foram muitos vigiados e a imprensa foi muito em cima, os deputados serão mais cuidadosos.
Por que a sociedade não forma quadros mais atentos e vigilantes, para fiscalizar?
Nós não temos a imagem de relevância de certas instituições, como o Legislativo, que é irrelevante para o homem comum. Somos um país urbano, com grandes concentrações, e poderíamos ter uma opinião pública formada. Um provérbio medieval dizia que o ar das cidades torna os homens livres. Hoje, eu diria, cria escravos. As cidades brasileiras são vastos acampamentos de miseráveis. Não formam nada. A vida se passa, em um varejo miserável, na briga por sobrevivência. Qualquer gesto fora da luta cotidiana é um altruísmo fora do comum. Somos uma sociedade miserável, que não tem sustentação societal.
E o que essa situação provoca na vida cotidiana?
Um autoritarismo privado, em que sobrevive o pequeno autoritarismo, de se falar que deve prender, matar pessoas, mas não fazer nada em coletivo. Para criar o autoritarismo, é preciso mobilizar e não somos mobilizáveis. O que até é bom porque, do outro lado, os brasileiros não são mobilizáveis para aventuras autoritárias. O conflito político é resolvido no Brasil da seguinte forma: ele se privatiza e vai para o rés do chão.
Qual o horizonte da esquerda?
É muito ruim, curto e triste. O mito Lula anula qualquer possibilidade de esquerda. Criou-se um processo no Brasil segundo o qual tudo caminha para a resolução. A pobreza se tornou algo administrável, com o Bolsa-Família e o ProUni. Criou-se o consenso do conformismo. Isso é a pior coisa que pode acontecer numa sociedade tão desigual quanto a nossa. Essa será a pior herança do Lula, maior do que qualquer outra coisa. É o que chamei de hegemonia às avessas. Os ricos consentiram que a política seja assunto de pobres, desde que não toque nos seus interesses mais fundamentais. Os pobres, representados por Lula, governam para os ricos. Cria-se uma situação em que todo mundo está satisfeito.
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