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Congresso em Foco
28/8/2006 | Atualizado às 7:37
O Ministério Público Eleitoral de Goiás deve entrar hoje com denúncia contra o candidato a governador de Goiás Osvaldo Pereira (PSL). Em reportagem gravada com câmera escondida pelo Fantástico, da TV Globo, o candidato oferece seu espaço na propaganda eleitoral gratuita da televisão por R$ 1,3 milhão.
A tentativa de negociação foi feita em Brasília, em encontro com o ex-prefeito de Anápolis Ernani de Paula - cassado em 2003 por improbidade administrativa - e o produtor do Fantástico Eduardo Faustini, que se fez passar por um empresário do setor de transportes. "Ele queria entregar seu espaço na televisão para que eu pudesse atacar meus desafetos políticos, prática que eu não concordo", disse o ex-prefeito ao Fantástico.
Sem saber que a conversa está sendo gravada, Osvaldo diz: "Estou te garantindo os programas de televisão, meu, do senador e deputado federal". "São dois minutos e trinta segundos. É muito."
O candidato, que é presidente regional da sigla, diz ser "dono" do PSL de Goiás, quando o jornalista pergunta se ele faz o que quiser na propaganda. "Partidos emergentes a gente compra", explicou. Pela venda do programa, até o fim do primeiro turno, Osvaldo pediu R$ 1,3 milhão e condicionou: queria R$ 1 milhão em dólares e o resto em real. Diante do pedido de desconto de Faustini, o candidato diz que aceita a troca do espaço na TV por R$ 1,25 milhão. "Para as grandes denúncias, o veículo é a televisão", argumenta.
Ao final da negociação, o jornalista pergunta a Osvaldo que tipo de governador ele seria se fosse eleito. "Eu sou de coração bom (...) Seria o governador da educação. Porque eu acho que esse país só tem uma forma de melhorar: o dia em que tiver um governador com interesse na formação das pessoas."
Procurado pela reportagem da TV Globo, Osvaldo negou a tentativa de vender o seu espaço no horário eleitoral. Ele disse que precisava de recursos para manter a campanha e não tinha mais condições de pagar a produtora responsável pela propaganda eleitoral. "Eu falei a ele (Ernani) que precisamos de doadores e ele se ofereceu para ajudar", afirmou. "Ele queria bancar nossa campanha, mas gostaria que fossem mostradas as denúncias. Não vendi nada. Jamais."
No último dia 10, a candidatura de Osvaldo foi rejeitada no plenário do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O relator do processo, Reinaldo Siqueira Barreto, apontou vício na ata da convenção do PSL - que não indicava candidatura a governador. A equipe jurídica de Osvaldo já recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Veja, a seguir, trechos da gravação reproduzidos pelo jornal O Popular:
"O tempo na tv
Faustini: Qual é teu tempo lá (de televisão), como é que você tá?
Osvaldo: Eu tenho 58 segundos e 76 milésimos de segundos. Um minuto, praticamente, nós temos. (...) Um minuto e quatro (segundos) para deputado federal, você entendeu? E 28 segundos pra senador. Tô te garantindo os programas de televisão, meu, do senador e deputado federal.
Faustini: No horário você faz o que quiser?
Osvaldo: O que quiser fazer.
Faustini: Certeza absoluta? Isso é importante...
Osvaldo: Absoluta. Eu sou o presidente do partido, eu que chamei essas pessoas pra serem candidatas, entendeu? (...) Partidos emergentes a gente compra, na realidade. Você sabe muito bem disso. Foi isso o que eu fiz. Então, desculpa a expressão que eu vou usar, mas é essa mesmo: eu sou o dono do partido lá.
A negociação sobre o preço
Faustini: Um milhão e trezentos, você falou?
Osvaldo: Exatamente (bocejando).
Faustini: Pô, tá caro, ô Osvaldo.
Osvaldo: Hoje é televisão. Não é comício, não tem artista, não tem nada. Você não leva ninguém pra fazer comício, não junta as pessoas. As grandes denúncias, o veículo é a televisão.
(O repórter insiste em um desconto)
Osvaldo: Então tá bom, pra você não falar, não insistir mais, tira cinqüenta mil então aí.
Faustini: Como é que você quer receber isso?
Osvaldo: Um milhão em dólar e o resto em real."
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