Em matéria de uma página, na seção Auto-retrato, a revista Veja desta semana publica entrevista em que o estilista Rogério Figueiredo confirma, para Sandra Brasil, a doação de roupas à ex-primeira-dama paulista Lu Alckmin. "Calculo que foram mesmo umas 400 peças", disse ele, negando que tenham sido 49, como chegou a afirmar Lu.
Segue a íntegra da matéria publicada pela revista:
"Mais de 1 000 pessoas, reunidas por entidades ligadas ao Fundo de Solidariedade do governo de São Paulo, pararam o trânsito na frente de um ateliê de moda no bairro dos Jardins, em manifestação a favor de sua ex-patronesse, Maria Lúcia Alckmin - mulher do ex-governador e hoje candidato do PSDB à Presidência Geraldo Alckmin -, e contra o estilista Rogério Figueiredo, que diz ter abastecido o guarda-roupa dela de graça por dois anos. O protesto, com carro de som e arremedos de strip-tease, indignou Figueiredo, que, em entrevista à repórter Sandra Brasil, voltou à carga.
A manifestação o pegou de surpresa?
Fui avisado por telefone quando já estavam a caminho. As pessoas deviam estar fazendo protesto contra a fome e contra outras dificuldades que os pobres têm no Brasil, e não para defender uma ex-primeira-dama que ganhou roupa de um estilista. Me chamaram de fofoqueiro, de barraqueiro, e fizeram um enterro de supostas roupas minhas em um caixão na frente da loja. Dei as roupas e, em vez de gratidão, recebi a manifestação. Foi um soco na minha cara. No dia seguinte, alguém passou em frente à loja, baixou o vidro do carro e me ameaçou. Vou passar a andar escoltado por quatro seguranças.
Afinal, com quantas peças de roupa você presenteou Maria Lúcia quando ela era primeira-dama de São Paulo? Primeiro, falou em 400. Depois, disse que não lembrava...
Calculo que foram mesmo umas 400 peças. Acontece que, quando prestei depoimento ao Ministério Público, soube que tinha de pagar impostos e emitir nota fiscal sobre essas roupas. Então, não podia dizer besteira, tinha de saber o número exato. Está sendo feito um levantamento de tudo o que foi doado a ela. Já posso afirmar, com certeza, que são mais de 200 peças. Só de tricô, são cento e poucas. Não 49, como ela fala. Essa quantidade eu dei na primeira leva.
Como era o seu relacionamento com ela?
Ficamos muito amigos. Muita coisa eu fiz por prazer. Tinha semana que eu ia ao Palácio dos Bandeirantes fazer prova de nove a dez roupas. Gente, era para eu me promover. Estava iniciando uma carreira e era uma propaganda boa. Uma troca: eu dava roupas, ela me dava prestígio.
Todas as roupas eram usadas?
Como primeira-dama, ela tinha muitos compromissos. Além disso, como transpira muito, não pode vestir a mesma coisa de manhã e à tarde. Roupa de seda pura, por exemplo, manchava depois de um ou dois usos.
O ex-governador Geraldo Alckmin sabia que a mulher ganhava roupas de presente?
Acredito que sim. Era tanta roupa, né? Mas ela nunca comentou comigo.
Você voltou a falar com Maria Lúcia?
Não tivemos mais contato. As relações estão cortadas e cada um que se defenda da melhor maneira possível. Ela podia ter me procurado para tentar resolver isso de uma forma sensata. Não quero sair prejudicado dessa história. Não fiz nenhuma denúncia contra ela, só comentários. Quem sou eu para querer derrubar alguém? Não é do meu feitio, nem da minha educação.
Perde alguma cliente por causa disso?
Não. O ateliê continua divinamente bem. Tenho noivas com vestidos pagos até o fim de 2007.
Continua dando roupas?
Eu sempre dôo roupas a artistas. Mas não vou citar nomes porque não quero envolver mais pessoas. Estou traumatizado. Só sei que, de agora em diante, para mulher de político, não só não vou dar como vou cobrar três vezes mais.
Em quem você vai votar para presidente?
Sempre anulo o voto. Não tenho partido. Só votei uma vez, no Paulo Maluf, para prefeito. E, se a Maria Lúcia virar primeira-dama do Brasil, dou uma dica: siga o exemplo de Evita Perón. O povo gosta de ver gente bonita."