O presidente Lula afirmou na sexta-feira (5) que o preço do gás boliviano que chega ao país não sofrerá aumentos para o consumidor final, mesmo que a Bolívia decida elevar o valor do combustível. Segundo Lula, a Petrobras tem capital suficiente para absorver um eventual reajuste.
"O gás não vai aumentar, e se aumentar, vai aumentar para a Petrobras e não para o consumidor", afirmou Lula em Aimorés (MG), onde participou de cerimônia de inauguração de usina hidrelétrica.
A Petrobras traz o combustível da Bolívia para o Brasil e o vende para distribuidoras. São essas empresas que repassam o gás para os consumidores. Todos os dias são importados cerca de 23 milhões de metros cúbicos do combustível para o país.
Cada mil metros cúbicos são vendidos na Bolívia por R$ 7 e chegam ao consumidor final no Brasil por R$ 12. A maior despesa para a importação do produto é com o transporte via gasoduto. Com a declaração, Lula sinalizou que, mesmo se a Bolívia elevar os preços do gás, essa despesa não será repassada aos consumidores e empresas.
Críticas eleitorais
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem que as críticas feitas ao presidente Lula, por causa do tom diplomático com que tratou a nacionalização do gás da Bolívia, são "eleitorais".
"Essas pessoas que reclamam dureza muitas vezes foram muito flexíveis e até excessivamente flexíveis com demandas de grandes potências. Isso tudo entra no meio da campanha eleitoral", afirmou.
A declaração de Amorim responde a cobranças da oposição de uma posição mais dura do governo face à nacionalização do gás boliviano.
Alternativas à Bolívia
Amorim havia dito que o gás pode se tornar inviável para Brasil caso haja um aumento expressivo de preços. Já em entrevista à agência Bloomberg, ele afirmou que o Brasil poderia passar a importar gás da Nigéria ou de outros países.
Para isso, entretanto, o Brasil precisará construir uma planta capaz de transformar o gás liquefeito trazido por navios no combustível que é consumido internamente. Analistas estimam que esse investimento consumiria entre US$ 300 milhões e US$ 500 milhões.