O presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, revelou à Folha de S. Paulo detalhes dos saques que fez em suas contas para pagar a divida de R$ 29,4 mil do presidente Lula com o PT. Okamotto ocultou da CPI dos Bingos as datas e os valores dos saques feitos para quitar a dívida.
Ontem, ele disse à repórter Marta Salomon, da Folha, que sacou R$ 45 mil de suas contas num período de seis meses, no qual teria sido quitada a dívida do presidente. Okamotto reafirma que tinha meios de quitar esses débitos.
"À época da restituição dos valores ao PT, recebi remuneração superior a R$ 130 mil, proveniente de salários e aposentadorias, bem como efetuei saques na ordem de R$ 45 mil entre setembro de 2003 e março de 2004, que me permitiram realizar os pagamentos", afirmou Okamotto.
A dívida foi paga em quatro parcelas, entre dezembro de 2003 e fevereiro de 2004. O presidente do Sebrae reitera a intenção, contudo, de não abrir o seu sigilo bancário de jeito nenhum.
"Mantenho meu entendimento de que a abertura de meu sigilo bancário em nada contribuirá para satisfazer o objeto e o fato determinado da CPI".
A CPI dos Bingos investiga se a dívida de Lula foi paga com dinheiro de caixa dois mantido pelo PT.
De acordo com a Folha, Okamotto teria reunido dados que indicariam dois saques na conta da empresa Red Star Ltda. em datas próximas ao pagamento da primeira parcela da dívida, no valor de R$ 12 mil, em 30 de janeiro de 2003. A empresa está, desde junho de 2003, em nome da mulher e da filha do presidente do Sebrae.
Entre dezembro de 2003 e fevereiro de 2004, Okamotto listou saques que teriam sido usados para quitar as demais três parcelas, mas cujos valores e datas não coincidem com os pagamentos. Segundo a reportagem, há dúvida entre pessoas consultadas por Okamotto, nos últimos dias, sobre as chances de a contabilidade convencer a CPI.
A polêmica se arrasta desde que veio à tona, em julho do ano passado, a prestação de contas do PT relativa a 2003, registrando dívidas em nome do presidente Lula. Em 9 de agosto do ano passado, Okamotto se apresentou como responsável pelo pagamento, na condição de procurador legal do presidente na rescisão do contrato trabalhista que manteve com o PT até a eleição para o Planalto.
A CPI dos Bingos chegou a quebrar o sigilo bancário dele, mas teve a abertura das contas vedada por uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal.