Mais quatro deputados entregaram hoje a carta de renúncia ao Conselho de Ética, em protesto às absolvições de colegas pelo plenário da Câmara. A debandada foi anunciada pelos parlamentares na quinta-feira passada, um dia após o plenário ter absolvido o deputado João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara, com 256 votos.
Em carta entregue pessoalmente ao atual presidente da Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), os deputados
Chico Alencar (PSOL-RJ), Júlio Delgado (PSB-MG), César Schirmer (PMDB-RS) e Benedito de Lira (PP-AL) - este último não subscreveu a carta - alegam que "nas condições atuais (o Conselho) se tornou decorativo". O grupo também entregou a Aldo o ofício de desligamento do deputado Cezar Schirmer (PMDB-RS), suplente do conselho e relator do processo contra João Paulo.
Eles cobraram de Aldo que se coloque em pauta a proposta de emenda à constituição que acaba com o voto secreto no Congresso e também um projeto, que está em fase de elaboração, para ampliar os poderes de investigação do Conselho de Ética.
"A reforma do regimento do Conselho e o voto aberto no plenário acabam com a pizza, o acórdão e qualquer forma espúria para o julgamento dos deputados", afirmou Fantazzini.
Segundo o grupo, Aldo se comprometeu a colocar para votação, em maio, a proposta que acaba com o voto secreto. Eles disseram que o presidente da Câmara informou-os de que já entregou essa proposta aos líderes partidários e que agora vai incluí-la na pauta.
Os deputados também afirmaram que vão entregar ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, todos os relatórios elaborados pelo Conselho de Ética e rejeitados pelo plenário da Câmara para subsidiar eventuais investigações do Ministério Público.
Dois outros deputados,
Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Orlando Fantazzini (PSOL-SP), já haviam se desligado oficialmente na semana passada.