O lobista Pedro Vieira de Souza disse hoje, na sub-relatoria de Contratos da CPI dos Correios, que recebera R$ 180 mil do empresário Michel Atiê, presidente do grupo GTP - controlador das empresas Promodal, Beta e outras 12 companhias -, para levantar e negociar todas as dívidas tributárias da organização.
Souza disse que, entre os anos de 2000 e 2001, levantou pendências das empresas com Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e na Receita Federal. O trabalho incluía também o parcelamento dessas dívidas em até 60 meses.
Souza garantiu, no entanto, não ter amigos na fiscalização do INSS. Afirmou ainda que, além dos R$ 180 mil, recebeu outros R$ 10 mil, entre 2002 e 2003, para acompanhar o trabalho dos fiscais da Receita e do INSS durante inspeções na GPT.
O sub-relator de Contratos, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), estranhou a contratação de um lobista pela GTP para a renegociação de dívidas. Segundo o parlamentar, o parcelamento de tributos é um direito do contribuinte.
"O trabalho poderia ter sido feito pelo contador da empresa ou até pelo office-boy", afirmou. Souza, porém, disse que a questão deve ser discutida com Michel Atiê, responsável pela contratação.
Já na primeira parcela paga, o lobista conseguia uma certidão negativa de débito de todas as empresas do grupo. O documento é pré-requisito fundamental para os que pretendem participar de licitações.
Em 2003, a Beta e a Promodal venceram concorrências para prestar serviços de transporte aéreo aos Correios. Os parlamentares da CPI, porém, suspeitam que o processo foi fraudado.