O presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), disse hoje pela manhã que a decisão do Plenário de absolver o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) quebra a tradição da Câmara de confirmar os pedidos de cassação feitos pelo colegiado. Acusado de receber recursos do valerioduto, Queiroz teve a perda de mandato rejeitada ontem à noite.
O presidente do conselho teme que dois processos "muito semelhantes" ao de Queiroz podem ter o mesmo desfecho: o dos deputados Roberto Brant (PFL-MG) e João Paulo Cunha (PT-SP). Na sua defesa, o presidente do PTB mineiro disse que intermediou o recebimento de cerca de R$ 450 mil para o partido nas eleições municipais de 2004. Com 95 votos além dos necessários, Queiroz se tornou o primeiro parlamentar absolvido.
Brant disse que recebera R$ 102 mil da SMP&B, empresa de Marcos Valério Fernandes de Souza. Mas, segundo ele, a agência de Valério serviu de intermediária de uma doação feita pela Usiminas à sua campanha a prefeito de Belo Horizonte, em 2004.
João Paulo Cunha, por sua vez, afirmou que sacara, por intermédio de sua esposa, Márcia Regina Cunha, R$ 50 mil em espécie na agência do Banco Rural, em Brasília. O dinheiro, disse, foi utilizado no pagamento de quatro pesquisas de opinião na região de Osasco (SP).
Depoimentos
As declarações de Izar foram dadas no início da reunião na qual serão ouvidas três testemunhas arroladas no processo contra o deputado João Magno (PT-MG): Paulo Vieira Albrigo, Charles Antônio Ribeiro e Hermínio Moura de Araújo. A convocação dessas testemunhas foi feita pelo relator do processo, deputado Jairo Carneiro (PFL-BA).