O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara ouviu hoje três testemunhas do processo de cassação contra o deputado Professor Luizinho (PT-SP), arroladas pelo relator do processo, deputado Pedro Canedo (PP-GO). Uma delas causou mais problemas ao deputado paulista do que as demais. José Nilson dos Santos, ex-assessor de Professor Luizinho, teria, em seu depoimento, contradito a versão apresentada anteriormente ao conselho pelo deputado.
De acordo com o deputado Orlando Fantazzini (PSOL-SP), Nilson dos Santos disse que comentou com Luizinho somente uma vez sobre a possibilidade de conseguir recursos para três pré-candidatos do PT na região do ABC, e que o deputado descartou a possibilidade de ajuda, alegando que o problema deveria ser resolvido com a direção nacional do PT. Mas Fantazzini lembrou que Luizinho, em seu depoimento, disse que chegou a sondar o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares sobre a possibilidade de repassar R$ 20 mil ao ex-assessor para que fossem usados na campanha. Ao ter a confirmação de Delúbio, o deputado teria dito para o assessor o que dinheiro seria conseguido.
Em seu depoimento, Nilson dos Santos admitiu que cometeu um erro ao assinar o recibo do saque de R$ 20 mil da conta do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, no Banco Rural, sem ler. "Assinei sem ler porque tinha relação de muita confiança e amizade com Delúbio, e tinha certeza de que o dinheiro era do PT", afirmou.
A segunda testemunha, o designer gráfico José Carlos Nagot, afirmou que chegou a perguntar para José Nilson dos Santos qual a origem dos R$ 20 mil que recebeu em espécie do próprio assessor. Segundo Nagot, José Nilson (que acabou de depor ao conselho) respondeu brincando que conhecia os "capas-pretas". Nagot disse que procurou Nilson dos Santos em 2003 para oferecer a ele seus serviços de designer gráfico, por causa das eleições no ano seguinte, e acabou sendo contratado para fazer a campanha dos pré-candidatos do PT na região do ABC paulista.
O designer disse aos deputados que não deu recibo do serviço feito porque não foi cobrado, e que apenas declarou o recebimento do dinheiro em outubro deste ano, depois que seu nome foi veiculado pela imprensa, relacionado ao escândalo da compra de votos.
Por último, o Conselho ouviu o comerciário
Daniel Barbosa, que foi candidato a vereador pelo PT em Ribeirão Pires (SP), no ano passado. Ele afirmou desconhecer a origem dos R$ 20 mil repassados por Nilson dos Santos.
Daniel Barbosa negou até mesmo saber que o serviço do designer gráfico seria pago, já que recebeu a oferta do trabalho de design gráfico do assessor e "aceitou de bom grado". O comerciário também negou ter recebido apoio de Professor Luizinho nas eleições de 2004. "Grande parte dos gastos de campanha vieram da coordenação municipal do PT", declarou Barbosa, que teve apenas 470 votos e não foi eleito.