A CPI dos Correios divulgou hoje um levantamento em que contesta a versão do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares de que o montante de R$ 1 milhão pago em dinheiro para a Coteminas, empresa do vice-presidente José Alencar, saiu do caixa dois petista. De acordo com o relator-adjunto da comissão, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), a informação não procede, pois o valerioduto, na época do pagamento, apresentava um déficit de R$ 2,7 milhões.
O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, que alimentou o caixa dois do PT, alegou na CPI que suas empresas teriam repassado, em empréstimos contraídos nos bancos Rural e BMG, cerca de R$ 55,21 milhões aos cofres petistas. Com a quebra dos sigilos bancários dessas operações, a CPI constatou que o partido recebeu R$ 2,2 milhões a menos, cerca de R$ 52,94 milhões, porque parte do dinheiro serviu para pagar encargos de outras dívidas com os dois bancos.
A lista de sacadores apresentada por Valério indica que as retiradas nas contas de suas empresas excederam o valor dos empréstimos. O empresário admite que os pagamentos somam mais R$ 55,69 milhões, o que geraria um déficit de R$ 493 mil no valerioduto, de acordo com os valores repassados pelo empresário.
"Ou o valerioduto era muito maior do que Delúbio e Marcos Valério admitiram ou esse R$ 1 milhão teve outra fonte", afirmou Paes. O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse não acreditar que o dinheiro repassado à Coteminas tenha saído do caixa dois montado por Delúbio e Valério. "Temos fortes indícios de que esse dinheiro não saiu do valerioduto, mas ainda não dá para saber de onde veio. Também não teria sentido o PT ter guardado por um ano esse dinheiro, sem aplicá-lo, antes de repassá-lo para a Coteminas", afirmou.