Em reunião da sub-relatoria de Contratos da CPI dos Correios realizada hoje, a presidente do Conselho da Seção Paulista da Associação das Empresas Prestadoras de Serviços (Abrapost), Emily Sônia Fukuda Yamashita, contestou a veracidade da denúncia de Maurício Marinho sobre o envio de milhares de cartas não-franqueadas (sem pagamento) por candidatos durante as eleições. Além disso, Emily negou conhecer a existência de "laranjas" nas franquias da estatal. Ambas informações foram apresentadas por deputados presentes à CPI.
O deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS) lembrou a Emily Yamashita a denúncia de Maurício Marinho sobre o envio de cartas não-franqueadas por candidatos durante as eleições. Emily disse, porém, que seria "impossível" garantir que todos os envolvidos nas diferentes regiões, bairros ou cidades nas quais as cartas foram entregues concordassem com a irregularidade. "O envio de correspondência é um processo que envolve um grande número de pessoas, um fluxo muito complexo, e cada uma dessas pessoas tem obrigação de lavrar qualquer irregularidade, como uma carta não franqueada. O fluxo termina no carteiro, que também tem essa obrigação", assegurou a depoente.
O sub-relator de Contratos da CPI, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), disse para a depoente que chamou a atenção dos parlamentares a informação de que um dos sócios da maior franquia no País, a do Shopping Tamboré, em São Paulo (SP), jamais teria entrado no prédio da empresa. Emily Yamashita desconversou, dizendo a Cardozo que a franquia não é associada à Abrapost e, portanto, ela não tem mais informações sobre o caso. Ela acrescentou que, das 355 franquias em São Paulo, 310 são associadas à Abrapost.
José Eduardo Cardozo destacou ainda que a CPI suspeita da existência de contratos de gaveta, isto é, sem registro nos cartórios. Segundo o parlamentar, esse tipo de negociação é feito geralmente quando há mudança de titularidade. O deputado lembrou que a presidência dos Correios suspendeu a mudança de titularidade por 120 dias. A presidente do Conselho da Abrapost confirmou ter ouvido sobre o caso e lembrou que houve investigação dos fatos pela própria Corregedoria da Câmara, mas disse não saber quem são os envolvidos. Segundo ela, a suposta corrupção seria iniciativa individual de algumas pessoas desconhecidas.
O sub-relator de Contratos da CPI informou ainda, no começo da reunião, que o outro depoente previsto para a tarde de hoje, o sócio da agência franqueada dos Correios no Shopping Tamboré, Ernesto Duarte, encaminhou um documento à CPI informando que está hospitalizado.