Em seu depoimento concedido hoje à tarde à CPI do Mensalão, o prefeito de Uberaba (MG) e ex-ministro dos Transportes, Anderson Adauto (PL), admitiu que teve recursos não-contabilizados - o chamado "caixa dois" - em sua campanha para a prefeitura que hoje administra. Adauto acrescentou que também fez caixa dois em todas as 11 campanhas que disputou, incluindo-se aí duas outras campanhas que participou como coordenador. Mas contestou o valor que lhe teria sido repassado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como operador do mensalão.
Adauto afirmou que recebeu dinheiro do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para saldar dívidas de campanha. Disse ainda que não contabilizar todos os recursos utilizados em campanhas eleitorais é prática comum no Brasil. "É cinismo dizer que não é assim", afirmou, para irritação dos integrantes da comissão.
Os parlamentares indignaram-se ainda mais quando Anderson Adauto se gabou de não ter, na condição de ministro, apelado a fornecedores para obter os recursos necessários ao pagamento de seus gastos eleitorais.
O prefeito de Uberaba negou que ter recebido R$ 2 milhões por meio de intermediários, como acusou o ex-deputado Valdemar Costa Neto (PL-SP) durante acareação na CPI. Adauto negou, ainda, que recebeu R$ 1 milhão de Marcos Valério, valor confirmado tanto por Valério como por José Luiz Alves, chefe de gabinete do ex-ministro. A quantia correta, segundo o ex-ministro, foi de R$ 410 mil reais, repassados por intermédio de José Luiz Alves e do irmão de Adauto, Edson Pereira de Almeida.