Duas semanas após as revelações de Duda Mendonça, a CPI decidiu investigar a fundo por que o publicitário recorreu a tantas instituições financeiras e a empresas offshore para receber apenas de US$ 3,5 milhões - R$ 10,5 milhões no câmbio da época - na conta da Düsseldorf Company Ltd., nas Bahamas. Na última quinta-feira, a comissão determinou a quebra dos sigilos bancários, fiscal e telefônico do publicitário, de sua sócia, Zilmar Fernandes, e das empresas do grupo. Foi aprovado também um pedido para que a Polícia Federal peça ajuda à Polícia Internacional (Interpol) para rastrear a origem do dinheiro da Düsseldorf.
A oposição suspeita que o volume de recursos que transitou pela conta da offshore é bem superior ao declarado pelo publicitário à comissão e que as chamadas "contas-ônibus" fazem parte de um esquema maior de lavagem de dinheiro no exterior. "Não teria sentido tanta movimentação para apenas US$ 3,5 milhões", desconfia o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator da CPI para assuntos de movimentação financeira.
"É muito intermediário (para abastecer a Düsseldorf). É pagamento de muita comissão, para trabalhar um valor desse. É claro que há um indício evidente de que circulou muito mais dinheiro por essas contas do que os R$ 10,5 milhões que foram para o Duda Mendonça", avalia o tucano.
Há duas semanas, o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça, fez contatos com o governo dos Estados Unidos para apurar a origem do dinheiro que irrigou a Düsseldorf. Para abastecer a conta, foram feitas 40 transferências bancárias, entre 12 de março e 4 de agosto de 2003.
Até o momento, a comissão e o DRCI identificaram dez bancos e seis empresas envolvidos nesse repasse. Outras três empresas e três instituições financeiras ainda são desconhecidas das autoridades brasileiras. "Temos que correr contra o tempo, senão o tempo nos esmagará", alertou o senador Romeu Tuma (PFL-SP), logo após as revelações de Duda.
|