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Congresso em Foco
Autoria e responsabilidade de Severino Coelho Viana
28/10/2016 7:30
[fotografo]EBC[/fotografo][/caption]A música surgiu como um apelo nacional de mudança e veio ao encontro das aspirações do povo brasileiro, que vivia um regime de opressão e instabilidade econômica, social e política. A letra trazia toda a força, inconformidade e o chamado de luta e de mudança, características próprias da juventude. Ela fala em união, igualdade, integração, e aborda os problemas sociais da época; a pobreza, a reforma agrária, a vida dos soldados nos quartéis, a inutilidade das guerras, conclamando a todos para uma ação conjunta de mudanças, sem demora.
A composição se tornou um hino de resistência do movimento civil e estudantil, que fazia oposição à ditadura militar, e foi censurada. O refrão "Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora, / Não espera acontecer" foi interpretado como uma chamada à luta armada contra os ditadores, segundo os censores da época.
E a Tropicália?
Coloque num mesmo ano a Guerra do Vietnã, protestos pacifistas, invasão da Tchecoslováquia, contracultura, assassinato de Robert Kennedy e Martin Luther King, movimentos pela liberação sexual, racial, artística, cultural e política, manifestações estudantis, viagens espaciais, ditadura militar, ecologia. Festivais da Record, Jimi Hendrix, Bob Dylan, Jim Morrison, Janis Joplin, Beathes, Joe Cocker, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré, Grateful Dead, hippies. Comando de Caça aos Comunistas, paz e amor, drogas, Bonnie and Clyde, Tropicalismo, Roberto Carlos, Roda Vida. Tudo isso ao som de guitarras eletrificadas, tiros, gritos de guerra, canções de protestos, bombas de gás e de napalm.
Depois do golpe militar de 1964, o Brasil vê-se diante de 10 anos de censura, repressões, torturas. Mas nenhum desses anos foi tão duro quanto o de 1968, depois da morte do estudante Edson Luís, que foi assassinato pela polícia. Os estudantes se revoltaram e foram para as ruas pedir por mais liberdade, democracia, melhores condições de estudo e, principalmente, pelo o fim da ditadura.
Entre as manifestações surgiu um movimento chamado Tropicalismo, que além de seus principais representantes, Caetano Veloso e Gilberto Gil, contavam também com artistas como Gal Costa, Tom Zé, Mutantes, Nara Leão, etc. Os tropicalistas mudaram o conceito de bossa nova e surgiram com uma nova linguagem de MPB. Incorporou instrumentos às composições, e as letras das músicas eram recheadas de protestos, críticas e desabafos. Misturaram gêneros, cores, estilos e foram essenciais para caracterizar a história do país daquela década.
Infelizmente, o Tropicalismo não durou muito. Depois da morte do estudante Edson Luís, surgiram grandes manifestações no transcorrer do ano - como foi o caso da Passeata dos Cem Mil, com a participação efetiva de artistas, padres, mães, estudantes, intelectuais etc.
Podemos assim dizer que foi um tempo de sangue, suor e lágrimas. Quem viveu sabe quanto terrível foi aquele passado.
Atualmente, a minúscula chamada esquerda ainda existente, se não mudar o estilo de agir e pensar, acabando com esse radicalismo desvairado, com o passar do tempo não conquistará um só adepto para fazer um chá que sirva de remédio caseiro.
Esse novo processo de transformação passa, efetivamente, por uma reciclagem de consciência política.
* Escritor e promotor de Justiça em João Pessoa.
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