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Congresso em Foco
1/11/2013 | Atualizado 4/11/2013 às 20:59
O vice-presidente da Fenapef, Luís Antônio Boudens, endossa. "Há um embate interno muito forte. A Polícia evoluiu, mas os delegados resistem", diz ele. De acordo com Werneck, não existe clima de cooperação entre os setores, num "apartheid institucional", em que falta confiança mútua para tocar o trabalho direito.
A briga bate no bolso também. Os agentes, escrivães e papiloscopistas chegaram a rejeitar o aumento de 15% divididos em três parcelas que o governo Dilma Rousseff deu a todas as carreiras da União no ano passado, mas hoje se queixam de perdas inflacionárias de quase 100%. O motivo é que os delegados novatos ganharam 26%. Os "epas" queriam o mesmo tratamento. Hoje, um "epa" ganha de R$ 7,5 mil a R$ 11,8 mil, dependendo da posição na carreira. Um delegado varia de R$ 16 mil a R$ 22 mil.
Salários na PF começam em R$ 4 mil e chegarão a R$ 22 mil
O presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Marcos Leôncio, considerou a avaliação uma "leviandade". Ele defende a reposição salarial dos agentes e escrivães para um valor mais próximo do dos delegados, mas critica a posição dos líderes sindicias. "Por que eles não aceitaram o aumento de 15%? A culpa é dos delegados?"
[caption id="attachment_135133" align="alignright" width="400" caption="Protesto no aeroporto de Brasília, ontem: agentes rejeitaram aumento de 15%"]
Nos últimos 40 anos, 36 policiais federais morreram em serviço. Destes, dez se suicidaram no período de um ano, mostrou reportagem da revista Istoé. Para Werneck, é claro que os agentes tinham conflitos pessoais consideráveis. Mas ele credita as mortes também aos problemas salariais e institucionais da corporação. "O ambiente de trabalho tem influência direta", diz o diretor da Fenapef.
Desvio de função
Os agentes, peritos e servidores administrativos entendem que há vários desvios de função na Polícia Federal que contribuem para desperdício de profissionais e de dinheiro público. Hoje, alguns investigadores - muitos com formação em direito - emitem passaportes, outros fazem escolta de seleções estrangeiras de futebol, atuam em serviços burocráticos na corporação como a administração dos cadastros das empresas de segurança privada.
"A presença do investigador deve ser na rua, com autonomia para o agente coletar provas", afirma Boudens. "Vivemos um momento de desvio de função emblemático", completa o presidente da Associação dos Peritos Criminais Federais (APCF), Carlos Antônio de Oliveira. Para ele, o correto seria colocar esses policiais na rua ou no setor de informações para as áreas de inteligência.
Não é só por mera redistribuição de trabalho. Sem a reorganização, a polícia fica mais lenta e mais cara para o contribuinte. O raciocínio é que fica mais difícil reunir agentes em torno de um mesmo caso. "Isso impacta nos custos para a Polícia Federal, porque o inquérito demora mais tempo", critica Carlos Antônio. Ele compartilha a ideia de que cargos administrativos devem ser ocupados por funcionários administrativos. Hoje, até a Diretoria de Logística é ocupada por um delegado.
A presidente do sindicato dos funcionários administrativos (Sinpecpf), Leilane Ribeiro, afirma que, com os salários mais baixos, metade dos servidores deixou a carreira. Não houve mais concursos desde o primeiro, feito em 2004. Com isso, agentes vão cumprir serviços burocráticos. "Você tiraria o Neymar do time para colocá-lo no setor de compras da CBF?", diz uma campanha do sindicato distribuída em redes sociais. "Pois na PF isso é bastante comum."
Por trás da disputa por funções, está a melhora salarial. Os cargos comissionados garantem uma projeção profissional e financeira interessante na carreira. Para delegados, nada é problema na divisão de postos de chefia. "Quem manda na PF são os delegados", resume o presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal.
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