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Congresso em Foco
30/5/2017 9:00
 
 
 [fotografo]Divulgação Enoteca Fasano/Tadeu Brunelli[/fotografo][/caption]As forças que desviam os empresários para os atalhos ilegais operam suavemente, como o melífluo tentador. Suas tentações, contudo, conduzem-nos a caminhos ainda mais secretos e os conflitos de interesses vão se tornando um flagelo permanente. Os jantares de hoje são sinopses das decisões de amanhã. As reuniões ficam mais tranquilas e os então frios escaninhos da burocracia se aquecem. Afinal, como alguém pode recursar um favor especial a um amigo, não dar-lhe uma informação preciosa, não apresentá-lo a alguma coisa boa? Capitalismo de compadres.
Mas essas amizades não resistem ao primeiro puxão de orelhas. Porque, ao mesmo tempo em que são nutridas por preocupações comuns e pelo bom gosto quanto a vinhos, são corroídas pelo egoísmo. Surpreendentemente, o Romanée-Conti avinagrou. José, a festa acabou. A amizade resseca-se tão rapidamente quanto a figueira amaldiçoada pelo Cristo.
Afinal, o jogo do poder, como em qualquer campo em que os homens competem seriamente por objetivos implacavelmente sérios, é bruto. Quando a ameaça é séria, vale o instinto primitivo, sem espaço para o arrependimento ou para a dispensação de misericórdia. A Omertà sempre soube disso e por isso manteve sempre viva a ameaça maior: a morte. Mas, apesar de alguns episódios isolados, as quadrilhas brasileiras são mais farsescas em seus códigos de honra. Quando começam as delações, todos subitamente descobrem a verdade que o ex-Presidente norte-americano Woodrow Wilson já tinha explicitado: "o sistema não tem coração".
*André Rehbein Sathler é economista, professor do Mestrado em Poder Legislativo da Câmara dos Deputados.
[fotografo]Divulgação Enoteca Fasano/Tadeu Brunelli[/fotografo][/caption]As forças que desviam os empresários para os atalhos ilegais operam suavemente, como o melífluo tentador. Suas tentações, contudo, conduzem-nos a caminhos ainda mais secretos e os conflitos de interesses vão se tornando um flagelo permanente. Os jantares de hoje são sinopses das decisões de amanhã. As reuniões ficam mais tranquilas e os então frios escaninhos da burocracia se aquecem. Afinal, como alguém pode recursar um favor especial a um amigo, não dar-lhe uma informação preciosa, não apresentá-lo a alguma coisa boa? Capitalismo de compadres.
Mas essas amizades não resistem ao primeiro puxão de orelhas. Porque, ao mesmo tempo em que são nutridas por preocupações comuns e pelo bom gosto quanto a vinhos, são corroídas pelo egoísmo. Surpreendentemente, o Romanée-Conti avinagrou. José, a festa acabou. A amizade resseca-se tão rapidamente quanto a figueira amaldiçoada pelo Cristo.
Afinal, o jogo do poder, como em qualquer campo em que os homens competem seriamente por objetivos implacavelmente sérios, é bruto. Quando a ameaça é séria, vale o instinto primitivo, sem espaço para o arrependimento ou para a dispensação de misericórdia. A Omertà sempre soube disso e por isso manteve sempre viva a ameaça maior: a morte. Mas, apesar de alguns episódios isolados, as quadrilhas brasileiras são mais farsescas em seus códigos de honra. Quando começam as delações, todos subitamente descobrem a verdade que o ex-Presidente norte-americano Woodrow Wilson já tinha explicitado: "o sistema não tem coração".
*André Rehbein Sathler é economista, professor do Mestrado em Poder Legislativo da Câmara dos Deputados.Temas
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