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Dulce Pereira
Roberta Eugênio
Para mais mulheres na política, uma nova cultura de direitos
Roberta Eugênio
Dulce Pereira
19/11/2020 | Atualizado às 19:56
![Folósofa Sueli Carneiro participa de evento com mulheres negras de diversos estados [fotografo] Mariana Maiara [/fotografo] Folósofa Sueli Carneiro participa de evento com mulheres negras de diversos estados [fotografo] Mariana Maiara [/fotografo]](https://static.congressoemfoco.com.br/2020/11/mariana-maiara-1.jpg) 
 
 À esquerda, Benedita da Silva (PT), primeira mulher negra a fazer parte do Senado e Jurema Batista, ex-vereadora e ex-deputada estadual pelo PT. Crédito: Mariana Maiara[/caption]
No entanto, é preciso questionar: quem é que manda na história? Digo, quem consegue determinar a história daquelas que resistiram fazendo política nas casas de angu e nos terreiros, junto às trabalhadoras domésticas, criando sindicatos, gestando soluções paralelas quando enquanto o Estado relegava o pão duro e a porta fechada? Ninguém!
E parte deste recado foi expresso nas urnas em 2020.
Porque para as mulheres negras, o assassinato da vereadora Marielle Franco, em 14 de março de 2018, foi um ataque que precisava e está sendo respondido, de todas as formas - com cobranças intermitentes sobre quem mandou matar e o porquê e com mais mulheres negras na política. Não nos retiraram apenas uma representante do parlamento carioca, Marielle também estava entre os cinco vereadores mais votados da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, com 46.502 votos - como ela mesma fazia questão de registrar!
E cada um desses votos importava porque eles comunicavam sobre a crença em uma campanha que se apresentou com o lema Ubuntu (eu sou porque nós somos), que resgatava a ancestralidade negra, pensando a cidade a partir de uma perspectiva interseccional de gênero, raça e classe.
Por isso era urgente que nesse 2020 inaugurássemos em nossa história um ensaio sobre as vitórias, abordando uma outra relação entre mulheres negras e o poder. Hoje é possível afirmar que a sub-representação começa a esmaecer quando, além da presença, temos nas novas vereadoras negras os resultados mais expressivos de muitas câmaras por todo Brasil - e é também por Marielle e cada um dos seus votos!
Nas eleições municipais de 2016 apenas 32 mulheres negras foram eleitas em todo país. E em nove capitais (São Luis, Recife, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Aracaju, São Paulo) sequer uma vereadora negra compôs o quadro parlamentar.
Neste ano de eleições incertas e durante a maior crise sanitária da nossa geração, começamos a virar esse jogo, com cinco dessas nove capitais (Recife, São Paulo, Cuiabá, Porto Alegre e Curitiba) outrora sem mulheres negras, tendo agora elas próprias como as mais votadas.
> Nivelando por cima: por que inserir negros e negras no mercado de trabalho
O ensaio sobre as vitórias passa por colecionar nomes ainda inéditos na política nacional, e outros já históricos por suas votações - e esses são nomes de mulheres negras! Falamos de Karen Santos, eleita em Porto Alegre com 15.702 votos; no Recife, temos a Dani Portela, que foi a vereadora mais votada com 14.114 votos; Erika Hilton, eleita com 50.477 votos, fez-se a primeira mulher transexual eleita para a Câmara de Vereadores de São Paulo e a sexta mais votada do quadro geral.
E, ainda nas capitais, Carol Dartora, em Curitiba, foi a terceira mais votada e a primeira vereadora negra do município; Edna Sampaio, a oitava vereadora mais votada de Cuiabá; Tainá de Paula, no Rio de Janeiro, a nova vereadora mais votada de toda a Casa Legislativa.
As vitórias ainda estão sendo contabilizadas porque elas vão além das urnas! Trata-se do projeto de cidade, de política, disputado por essas mulheres que reinsere as pautas históricas do movimento de mulheres negras no coração da política local. Falaremos do bem viver, em defesa das vidas, sem que seja possível que as nossas fiquem pelo caminho.
E para isso, foram cumpridos parte dos requisitos já listados no ensaio sobre ausência de Sueli Carneiro. Em seu texto ela nos disse o que era preciso para reverter este quadro de sub-representação, listando ações como a garantia de financiamento público com recorte de raça, cumprimento das cotas de candidaturas determinadas por lei e que fosse assegurada a previsão de recursos para capacitação e formação política das mulheres (fundo partidário). Carneiro nos disse tudo isso em 2009.
E aqui estamos, onze anos depois, para contar para a filósofa e ativista que tanto nos ensinou, Sueli Carneiro, que uma parte das suas recomendações foram cumpridas nessas eleições. E que seguimos precisando dela para tratarmos sobre as mulheres negras e o poder: desta vez, a pauta é a ampliação da presença!
Novos ensaios nos esperam!
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
> Leia mais artigos da coluna Olhares Negros
 À esquerda, Benedita da Silva (PT), primeira mulher negra a fazer parte do Senado e Jurema Batista, ex-vereadora e ex-deputada estadual pelo PT. Crédito: Mariana Maiara[/caption]
No entanto, é preciso questionar: quem é que manda na história? Digo, quem consegue determinar a história daquelas que resistiram fazendo política nas casas de angu e nos terreiros, junto às trabalhadoras domésticas, criando sindicatos, gestando soluções paralelas quando enquanto o Estado relegava o pão duro e a porta fechada? Ninguém!
E parte deste recado foi expresso nas urnas em 2020.
Porque para as mulheres negras, o assassinato da vereadora Marielle Franco, em 14 de março de 2018, foi um ataque que precisava e está sendo respondido, de todas as formas - com cobranças intermitentes sobre quem mandou matar e o porquê e com mais mulheres negras na política. Não nos retiraram apenas uma representante do parlamento carioca, Marielle também estava entre os cinco vereadores mais votados da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, com 46.502 votos - como ela mesma fazia questão de registrar!
E cada um desses votos importava porque eles comunicavam sobre a crença em uma campanha que se apresentou com o lema Ubuntu (eu sou porque nós somos), que resgatava a ancestralidade negra, pensando a cidade a partir de uma perspectiva interseccional de gênero, raça e classe.
Por isso era urgente que nesse 2020 inaugurássemos em nossa história um ensaio sobre as vitórias, abordando uma outra relação entre mulheres negras e o poder. Hoje é possível afirmar que a sub-representação começa a esmaecer quando, além da presença, temos nas novas vereadoras negras os resultados mais expressivos de muitas câmaras por todo Brasil - e é também por Marielle e cada um dos seus votos!
Nas eleições municipais de 2016 apenas 32 mulheres negras foram eleitas em todo país. E em nove capitais (São Luis, Recife, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Aracaju, São Paulo) sequer uma vereadora negra compôs o quadro parlamentar.
Neste ano de eleições incertas e durante a maior crise sanitária da nossa geração, começamos a virar esse jogo, com cinco dessas nove capitais (Recife, São Paulo, Cuiabá, Porto Alegre e Curitiba) outrora sem mulheres negras, tendo agora elas próprias como as mais votadas.
> Nivelando por cima: por que inserir negros e negras no mercado de trabalho
O ensaio sobre as vitórias passa por colecionar nomes ainda inéditos na política nacional, e outros já históricos por suas votações - e esses são nomes de mulheres negras! Falamos de Karen Santos, eleita em Porto Alegre com 15.702 votos; no Recife, temos a Dani Portela, que foi a vereadora mais votada com 14.114 votos; Erika Hilton, eleita com 50.477 votos, fez-se a primeira mulher transexual eleita para a Câmara de Vereadores de São Paulo e a sexta mais votada do quadro geral.
E, ainda nas capitais, Carol Dartora, em Curitiba, foi a terceira mais votada e a primeira vereadora negra do município; Edna Sampaio, a oitava vereadora mais votada de Cuiabá; Tainá de Paula, no Rio de Janeiro, a nova vereadora mais votada de toda a Casa Legislativa.
As vitórias ainda estão sendo contabilizadas porque elas vão além das urnas! Trata-se do projeto de cidade, de política, disputado por essas mulheres que reinsere as pautas históricas do movimento de mulheres negras no coração da política local. Falaremos do bem viver, em defesa das vidas, sem que seja possível que as nossas fiquem pelo caminho.
E para isso, foram cumpridos parte dos requisitos já listados no ensaio sobre ausência de Sueli Carneiro. Em seu texto ela nos disse o que era preciso para reverter este quadro de sub-representação, listando ações como a garantia de financiamento público com recorte de raça, cumprimento das cotas de candidaturas determinadas por lei e que fosse assegurada a previsão de recursos para capacitação e formação política das mulheres (fundo partidário). Carneiro nos disse tudo isso em 2009.
E aqui estamos, onze anos depois, para contar para a filósofa e ativista que tanto nos ensinou, Sueli Carneiro, que uma parte das suas recomendações foram cumpridas nessas eleições. E que seguimos precisando dela para tratarmos sobre as mulheres negras e o poder: desta vez, a pauta é a ampliação da presença!
Novos ensaios nos esperam!
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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