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Lúcio Big
31/3/2018 | Atualizado 10/10/2021 às 16:20
[fotografo]Foto: Legião Urbana Produções Artísticas[/fotografo][/caption]
As espinhas vieram juntas com a vontade de vociferar ao mundo toda a revolta guardada contra o sistema social, econômico e político do país. O punk-rock tinha, de fato, chegado ao Brasil. Era muito mais que fitas cassetes com gravações dos Ramones ou Voidoids, ou mesmo o jeito "esquisito" de se vestir.
Plebe Rube, Aborto Elétrico, Cólera, AI-5 e tantas outras brandas surgiram das esquinas imaginárias de Brasília e chamavam a atenção de todos - para o bem e para o mal - com suas guitarras com doses cavalares de distorção, o inconfundível "bate-estaca" das baterias Pinguim, o contrabaixo tocado com semifusas confusas, mas não difusas, e as cantorias que revelavam letras carregadas de inconformismo e revolta.
De todas as bandas do movimento punk-rock candango sobressaiu um integrante, o jovem Renato, já recuperado de uma cirurgia no quadril, com enorme fluência no idioma inglês, que arriscou versos simples, mas ao mesmo tempo intrigantes que em pouco tempo dominariam o cenário musical brasileiro.
Hoje, 58 anos depois, não mais somos tão jovens assim. Eduardo, de cabelos grisalhos, curte sua recente aposentadoria do Banco Central ao lado dos netos, que brincam no jardim de sua casa no Lago Norte. Mônica não pinta mais o cabelo e o conhaque, agora, só aos finais de semana.
58 anos depois o mundo já não é mais o mesmo. Tudo mudou - e como mudou!
O rock e o punk foram empurrados para pequenos espaços pela indústria financeira da música. Aliás, música que não se mensura mais pela qualidade, mas sim por cifras - eu não estou falando das cifras que encontrávamos nas revistinhas que sempre traziam canções que nos ajudavam a aumentar o repertório e conquistar as meninas e quem mais se queria ter.
Mas como disse, tudo mudou. Infelizmente não surgiram novas Carminhas para darem à luz a novos Renatos, nem outras mães que pudessem gerar novos Dados, novos Marcelos, novos Philippes Seabras, novos Feijões, novos Dinhos, novos Andrés-X, novos Janders, novos Felipes e Flávios.
No aniversário de Renato Russo, o poeta maior do rock nacional (me desculpem os Cazuzistas. Também gosto das canções dele, mas...), por mais merecidos que sejam todas as palmas e sorrisos a ele direcionadas, tenho a triste certeza de que a melhor fase da música brasileira foi cremada juntamente com ele, isso há doze anos.
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