A imagem do líder vale milhões, literalmente

A reputação de um líder deixou de ser assunto restrito aos bastidores e gabinetes. Hoje, ela é uma moeda de alto valor, capaz de impactar mercados, políticas públicas e relações internacionais. A recente iniciativa da PayPal é um exemplo simbólico: a empresa ofereceu um salário anual de R$1 milhão a um profissional dedicado exclusivamente a cuidar da imagem do CEO. Não se trata de vaidade corporativa, mas de uma estratégia de sobrevivência e crescimento em um mercado cada vez mais atento a quem comanda.

Os dados reforçam essa lógica. Pesquisas mostram que 75% dos consumidores já consideraram comprar de uma empresa após consumir conteúdo relevante do líder, enquanto 82% confiam mais em organizações cujos CEOs são ativos nas redes sociais. Uma liderança ativa e transparente não é apenas o rosto da empresa, é a voz, a narrativa e, sobretudo, o caráter que representa os valores da instituição. Em um mundo saturado de marcas e promessas, a presença humana passou a ser um diferencial competitivo.

Na política, o impacto da reputação do líder é ainda mais evidente. Tomemos como exemplo recente a relação entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o Brasil. Após críticas públicas ao processo judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, Trump impôs tarifas de 50% sobre exportações brasileiras, alegando ameaças à liberdade de expressão e aos direitos humanos. A reação do presidente Lula foi imediata: criticou a interferência americana e reforçou a soberania do país. O episódio gerou tensões diplomáticas, impactos diretos no comércio bilateral e acelerou a busca do Brasil por novos parceiros econômicos.

Na Nova Zelândia, a liderança de Jacinda Ardern durante a pandemia de covid-19 mostra como a percepção de competência e empatia pode transformar decisões governamentais em ativos estratégicos. A comunicação clara de Ardern aumentou a confiança pública, facilitou a implementação de medidas sanitárias e consolidou a posição do país internacionalmente, atraindo investimentos e elogios diplomáticos. A líder de um pequeno país no sul do Oceano Pacífico, conseguiu dar protagonismo à sua população na geopolítica global.

Esses exemplos mostram que a imagem de um líder influencia diretamente decisões econômicas, políticas e comerciais. Um chefe de Estado ou um CEO de uma empresa que se comunica mal, subestima a opinião pública ou ignora o poder de sua reputação arrisca perdas concretas: queda no investimento estrangeiro, volatilidade de mercados, isolamento diplomático ou desgaste interno. Em tempos de globalização e redes sociais, cada gesto, cada declaração ou postagem pode ter repercussões financeiras e estratégicas imediatas.

O investimento da PayPal no gerenciamento da imagem do CEO é apenas a ponta visível de um fenômeno global: a reputação do líder deixou de ser um adorno simbólico e tornou-se ativo estratégico. No campo corporativo, político ou diplomático, líderes que compreendem o valor de sua imagem ganham vantagem competitiva, enquanto aqueles que a subestimam arriscam perdas financeiras, políticas e reputacionais.

Assim como um CEO ativo consegue antecipar crises e moldar narrativas em mercados corporativos, líderes políticos vêem sua imagem repercutir em relações internacionais e decisões estratégicas de grande alcance. No passado, um líder podia se proteger atrás da instituição; hoje, ele é a instituição aos olhos da opinião pública. Comunicar-se mal ou negligenciar a própria imagem pode arrastar empresas ou países ao descrédito.

Neste contexto, competência técnica deixou de ser suficiente. A transparência e a boa comunicação se tornaram pré-requisito: líderes eficazes explicam antes de serem cobrados, expõem antes de serem acusados e constroem pontes antes de terem que apagar incêndios. A PayPal apenas mostra a ponta visível de um fenômeno global: a reputação do líder não é mais simbólica, mas um ativo estratégico de altíssimo valor. E quem compreende isso primeiro sai na frente.

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