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STAR WARS
17/9/2025 9:00
"Houve um planejamento de golpe, mas nunca teve o golpe efetivamente." A frase não saiu de um fórum intergaláctico, mas sim da boca de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Jair Bolsonaro, em um evento de luxo em Itu. O dirigente admitiu que havia conspiração, mas tentou reduzir a maior crise institucional desde a redemocratização a um detalhe sem importância, comparando a articulação a um homicídio não consumado. Para completar a cena tragicômica, classificou os atos de 8 de janeiro como obra de "um bando de pé de chinelo com pedaço de pau".
A fala de Valdemar segue a lógica já conhecida no Brasil: tem jeito de golpe, cara de golpe, parece golpe mas, segundo ele, não é golpe. O Supremo Tribunal Federal, felizmente, não caiu na retórica. Condenou Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão, transformando-o no primeiro ex-presidente do país sentenciado por tentativa de golpe de Estado.
A Ordem 66 tupiniquim
No episódio III da saga Star Wars, o chanceler Palpatine decreta a Ordem 66, exterminando grande parte dos mestres Jedi (guardiões da paz) e a democracia sob aplausos do Senado. Tudo feito com aparência de legalidade, com discursos inflamados em nome da "segurança da República".
No Brasil, o roteiro não foi muito diferente. Houve um plano batizado de "Punhal Verde e Amarelo", houve mobilização de seguidores, houve uso do aparelho estatal para desacreditar as eleições e houve a explosão dos atos de 8 de janeiro. Não se tratou de um improviso de "pés de chinelo", mas de uma articulação que teve líderes, estratégia e até manual.
O Senado aplaude Palpatine
Valdemar Costa Neto assume hoje o papel de senador intergaláctico que, diante da ascensão do lado sombrio, prefere aplaudir. Sua fala tenta reescrever a narrativa: sim, houve trama, mas não houve crime; sim, houve conspiração, mas não passou de bagunça. É como se Palpatine dissesse: "Havia uma Ordem 66, mas nunca foi executada de verdade, então está tudo bem."
Esse revisionismo é perigoso porque naturaliza o inaceitável. Transformar conspirações em anedotas ou em "atos desorganizados" é a forma mais eficiente de preparar o terreno para que novos ataques à democracia sejam tratados com indulgência.
A Vingança dos Sith em Brasília
Na ficção, a República Galáctica cai porque suas instituições falham em reconhecer o golpe que se desenrolava sob seus olhos. No Brasil, a diferença crucial foi a reação demorada, porém assertiva, tanto de parlamentares, da Procuradoria-Geral da República, e do Supremo Tribunal Federal.
A comparação com A Vingança dos Sith não é gratuita. Assim como a galáxia assistiu, atônita, ao nascimento do Império, o Brasil esteve à beira de ver sua democracia ruir.
A história já ensinou em 1964 que golpes não surgem do nada. Eles começam em discursos que relativizam conspirações e se consolidam na omissão das instituições. A diferença, agora, é que a democracia brasileira resistiu e reagiu.
O julgamento do STF foi mais do que uma condenação individual: foi uma afirmação de que não há lugar para a lógica Sith no Estado Democrático de Direito. Se depender da história, planejar um golpe não pode ser tratado como folclore político ou "ato de pé de chinelo". Que essa lição ecoe como um sabre de luz na escuridão: a democracia, mesmo ferida, não se curva ao lado sombrio.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].