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Tecnologia

Inovação que paga a conta: como a IA pode aumentar a renda do agricultor brasileiro

Drones, sensores, tratores e caminhões autônomos, ciência do solo e microchipagem do rebanho mostram que a tecnologia eleva produtividade, reduz custos e protege o meio ambiente quando bem empregada.

Régis de Oliveira Júnior

Régis de Oliveira Júnior

1/12/2025 13:00

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O agronegócio brasileiro é o alicerce estratégico da economia nacional. Para preservar e expandir esse protagonismo, é urgente aliar tradição à inovação. A Inteligência Artificial (IA) surge como a força capaz de melhorar a produtividade, o valor agregado, a sustentabilidade e, crucialmente, reter a juventude na zona rural, o que chamamos de Agro 5.0. É nesse panorama que se desenha um Brasil onde o trabalho no campo digitalizado gera riqueza e soberania econômica.

Existem mais de cinco milhões de propriedades rurais no país, mas a migração impulsiona o envelhecimento da população ativa. A IA, ao transformar o trabalho rural em uma atividade de alta tecnologia, se torna a ferramenta mais poderosa para manter o talento da Geração Z, revertendo o êxodo e profissionalizando o setor. Em fazendas de grande escala, com cultivos de soja, café, milho ou criação de rebanhos, a tecnologia deixou de ser uma promessa. Ela já se converte em mais dinheiro no bolso do produtor, por meio da otimização de custos e da melhoria da qualidade final do produto.

No planejamento das safras, algoritmos de Machine Learning analisam décadas de dados meteorológicos, de solo e de mercado, definindo o período ideal de plantio e a variedade de semente mais adaptável. A gestão da lavoura assistida pela Inteligência Artificial é a garantia de que o Brasil manterá seu status de potência agrícola, contanto que o custo de implementação e o investimento necessário não se tornem um impedimento intransponível.

Durante o ciclo da cultura, essa gestão inteligente significa economia de insumos, o que se traduz diretamente em mais lucro. No Cerrado goiano, por exemplo, produtores de milho que utilizam sensores IoT que, é uma rede que conecta dispositivos inteligentes e permite a coleta e o compartilhamento de dados entre eles e com a nuvem através da internet, para dosar o fertilizante por parcela da terra reportam uma economia média de 10% a 30% no uso de insumos, um ganho imediato na margem de lucro.

No entanto, a crítica é necessária: o investimento em hardware e software pode ser alto, sendo que o mercado de IA no agro, que deve movimentar R$ 23,5 bilhões até 2028 no Brasil, concentra-se principalmente em grandes empresas, agravando a desigualdade entre pequenos proprietários que não têm capital inicial para a tecnologia.

Essa otimização é vital para a produção de farelos de soja e outros alimentos para rebanhos. No sul de Minas, lavouras cafeeiras utilizam drones com câmeras multiespectrais para detectar folhas estressadas, permitindo a colheita seletiva e aprimorando a qualidade dos grãos.

Já no Mato Grosso, plataformas preditivas combinam imagens de satélite com IA para antecipar infestações de pragas na soja, o que diminui a necessidade de pulverização indiscriminada. O avanço, todavia, exige cautela: o uso de IA na detecção de doenças envolve a coleta massiva de dados do produtor, levantando preocupações sérias sobre privacidade e quem detém, de fato, a propriedade dessas informações.

O espetáculo da automação é visível nas colheitadeiras sem operadores. Sensores e algoritmos avaliam o grão em tempo real, ajustando automaticamente a máquina para reduzir as perdas e assegurar o ponto ideal de umidade. Essa automação avançada tem a capacidade de reduzir as perdas na colheita para menos de 1%, potencializando a quantidade de matéria-prima produzida.

Inteligência Artificial aumenta margens e preserva recursos, mas exige conectividade, capacitação e políticas públicas eficientes.

Inteligência Artificial aumenta margens e preserva recursos, mas exige conectividade, capacitação e políticas públicas eficientes.Freepik

A pecuária leiteira também sente o impacto: a startup OnFarm desenvolveu a IA Rúmi, que identifica o agente causador da mastite em até 24 horas, o que reduz o uso de antibióticos entre 30% e 50%. Esse diagnóstico, com acurácia de até 98%, resulta em economia e melhor saúde para os rebanhos. A ressalva é que o excesso de automação pode substituir o conhecimento prático e a observação atenta do vaqueiro ou do tratorista experiente, levando à perda de saberes tradicionais e à desumanização do trabalho no campo.

O avanço da Inteligência Artificial no campo brasileiro representa a oportunidade única de conciliar a alta produtividade necessária para alimentar o mundo com a urgência da conservação ambiental, mas essa jornada exige um debate ético rigoroso sobre a inclusão digital.

A tecnologia é a principal aliada para provar o engajamento do agronegócio com a sustentabilidade. O manejo inteligente de sensores e algoritmos de estresse hídrico controla a irrigação com exatidão, economizando milhões de litros de água por safra. A aplicação otimizada de fertilizantes e defensivos diminui a contaminação de rios e a emissão de gases do efeito estufa (descarbonização).

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) projeta, em seu Plano Diretor 2024-2030, que a IA, o Big Data e o Blockchain serão fundamentais para a rastreabilidade e a gestão territorial, habilitando o produtor a participar do mercado de créditos de carbono.

Em termos econômicos e fiscais, a IA gera um efeito multiplicador: o aumento de produtividade (estimado pela CNA em até 29%) e a diminuição de perdas elevam o Valor Bruto da Produção (VBP). Esse crescimento fortalece a arrecadação de tributos, e a rastreabilidade completa e inalterável de commodities, monitorada pela IA, reduz a evasão fiscal.

A democratização do Agro 5.0 depende de uma postura estratégica do poder público. A conectividade rural é o alicerce fundamental dessa cadeia digital. Sem acesso à rede (4G, 5G ou satélite), os sistemas de IA não funcionam.

O Indicador de Conectividade Rural (ICR) aponta que apenas 33,9% da área disponível para uso agrícola no Brasil tem cobertura 4G e 5G, com maior concentração no Sul e Sudeste.

Governos estaduais e prefeituras precisam tratar a expansão da internet no campo como infraestrutura essencial. A outra chave é a capacitação da juventude. Jovens da Geração Z podem se tornar analistas de dados agrícolas ou técnicos em IoT. Parcerias entre instituições de ensino técnico e universidades devem criar polos de inovação rural, garantindo o futuro do setor. O Agro é vida. Agora, ele é IA.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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