O poder do voto feminino

Mais do que lamentar e protestar contra o aumento alarmante dos índices de violência contra as mulheres, a população feminina terá, em 2026, a oportunidade de moldar o próprio futuro. Como maioria da população e do eleitorado brasileiro, as mulheres podem transformar o voto em um poderoso instrumento de mudança da sociedade em que vivemos.

Para auxiliá-las na decisão que tomarão no próximo ano, é essencial destacar o impacto que lideranças femininas têm gerado ao ocupar espaços de poder ou simplesmente usando sua influência política e econômica em favor da sociedade, com ações práticas e inovadoras, beneficiando comunidades inteiras.

Um exemplo inspirador é o da deputada estadual Ludmila Falcão (Podemos-MG), que demonstrou seu potencial transformador antes mesmo de sua primeira eleição. Ela conta que descobriu sua vocação política em 2021, ao assumir o posto de primeira-dama de Patos de Minas. Longe de se limitar a funções protocolares, Ludmila decidiu aproveitar o prestígio do novo status para mobilizar a sociedade e viabilizar projetos sociais, sem ocupar qualquer cargo oficial ou recorrer a recursos públicos.

Através de sua experiência como mãe de dois meninos em idade escolar, Ludmila idealizou o projeto "Olhar para a Educação". Ela convenceu um grupo de oftalmologistas amigos a participar de um mutirão para avaliar a visão de alunos da rede pública em fase de alfabetização. O resultado foi surpreendente: cerca de 40% das crianças apresentavam problemas visuais, e 30% necessitavam de óculos.

Determinada a atender àquela necessidade, Ludmila firmou parcerias com óticas locais, que doaram armações para os estudantes de baixa renda. Uma ideia simples, impulsionada pela sensibilidade, criatividade e poder de mobilização de uma mulher, que ilustra bem o impacto que lideranças femininas podem promover no dia a dia de todos os brasileiros quando encontram espaço para atuar.

Outro caso emblemático é o da empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza. Durante a pandemia de covid-19, ela foi uma das primeiras vozes do empresariado nacional a propor soluções concretas para mitigar o sofrimento dos brasileiros. Além de dar suporte a ações em saúde pública, a empresária liderou o movimento #NãoDemita, que preservou milhares de empregos, e ainda decidiu abrir a plataforma de e-commerce da empresa para micro e pequenos comerciantes afetados pelo fechamento de lojas físicas.

A mesma Luiza Trajano que, agora, convoca mais uma vez os líderes empresariais, desta vez, para que atuem ativamente contra uma nova "epidemia" - que registra agressões contra 29 brasileiras a cada hora no país, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025.

Esse olhar diferenciado sobre a realidade e a empatia demonstrada por lideranças femininas precisam ser levados em conta pela sociedade como um todo, especialmente quando estivermos escolhendo nossos representantes em 2026.

O reflexo do aumento contínuo do número de parlamentares mulheres no Congresso Nacional - que saltou para 18% na Câmara dos Deputados em 2022 - é facilmente percebido na produção legislativa dos últimos anos, com a aprovação de leis históricas de proteção à mulher e políticas de igualdade.

São respostas efetivas a demandas concretas, sobretudo das brasileiras. Para que esses avanços prossigam, é urgente que essa massa de eleitoras brasileiras tome consciência do poder de seus votos. Um pequeno gesto, mas com potencial transformador, seria priorizar a eleição de mulheres. Pois, como preconizou a ex-presidente chilena Michelle Bachelet: "Quando uma mulher entra na política, a mulher muda. Quando muitas mulheres entram na política, a política muda".

Não será isso que todos nós estamos desejando ver? Uma mudança efetiva no jeito de se fazer política no Brasil.

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