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Marcus Pestana
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Economia e política
23/8/2025 8:00
Enquanto o mundo descortina nova onda de inovações presidida pela inteligência artificial, o Brasil patina afogado em problemas herdados do passado. O principal é a falta do que Celso Furtado chamaria de "fantasia organizada", ou seja, um conjunto de ideias-força que nos devolvam o sentido de Nação e a esperança no futuro.
As energias são perdidas numa polarização política radical e bastante estéril, que gera efeito paralisante e dispersa nossa atenção. O Brasil poderia ter superado a armadilha da renda média e entrado no clube dos países desenvolvidos, a partir do período pós 2ª Grande Guerra, como fizeram Portugal, Espanha, Austrália, Israel, Coréia do Sul e outros tigres asiáticos.
Logramos êxito no primeiro tempo do jogo, de 1945 a 1980, através do processo industrialização por substituição de importações sob a liderança do Estado, com alto grau de fechamento da economia. O Brasil era apontado como o país do futuro, a terra dos milagres econômicos.
Veio a globalização, a internet, a digitalização da economia. O país ficou como a Carolina do Chico "o tempo passou na janela e só Carolina não viu". O Brasil mergulhou em sucessivas crises: inflação fora de controle, estrangulamentos cambiais, impasses políticos. Fizemos o Plano Real, domamos a hiperinflação, começamos a reformar o Estado, mas não demos continuidade à necessária mudança de modelo de desenvolvimento. Não fizemos a integração competitiva à economia globalizada, o recuo do Estado, a preparação da economia do conhecimento e o salto de produtividade para a competição global.
Agora temos um novo ciclo sendo inaugurado pela revolução da inteligência artificial e a reversão da globalização a partir da agressiva política nacionalista de Trump, tendo o avanço da China como preocupação central.
O IBGE já nos avisou: a partir de 2041 - daqui a 16 anos - a população brasileira começará a diminuir. Menos gente produzindo numa terra onde os capitais nunca foram abundantes. Para sonhar com um país desenvolvido apenas com um consistente, acelerado e abrangente ganho de produtividade. O desafio repousa sobre um tripé: infraestrutura, educação e capacidade de inovação. Depende de investimentos públicos e privados. O Brasil nunca investiu tão pouco como nos últimos anos (16% a 17% do PIB). Assim não há saída. A raiz é a crise fiscal.
A fantasia organizada brasileira precisa, no plano fiscal, de: a) estancar o crescimento da dívida pública, gerando superávits primários relevantes, permitindo que os juros caiam e o ambiente de negócios seja mais atrativo; b) flexibilizar o orçamento, sem o que, já em 2027, teremos todas as receitas alocadas em despesas obrigatórias, deixando espaço zero para investimentos e custeio de políticas públicas; e, c) recuperar substancialmente o nível de investimento em infraestrutura e ciência e tecnologia.
Éramos mais ricos que a Coréia do Sul, em 1980, hoje a nossa renda per capita é mais do que três vezes menor. Construímos a rede de proteção social e transferimos renda, no entanto, o Brasil vem caindo no ranking internacional das rendas per capitas. Nossa geração de riqueza, medida pelo PIB, parece uma montanha russa, desde 1980, desenhando, na média, o famoso voo de galinha.
Pensar o futuro com ousadia pressupõe que as ideias estejam em ordem. Não há indícios que estejam.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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