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O mistério das joias
Congresso em Foco
6/3/2023 | Atualizado 10/3/2023 às 19:28
 
 
 Há um espaço vazio no estojo das joias. Haveria ali um bracelete que desapareceu? Foto: Reprodução[/caption]
O curioso é o deslumbrante conjunto de brilhantes ofuscantes, em geral adquirido por milionários e celebridades muitas endinheiradas, não estar acompanhado do bracelete ou pulseira no mesmo design único do colar, dos brincos e do anel. Não soa muito crível que o príncipe da Arábia Saudita adquirisse e desse de presente à Michelle um conjunto de adornos femininos de design bem definido acompanhado de um relógio de modelo padrão, semelhante até aos modelos masculinos, ainda que cravejado de diamantes. Fica mais uma dúvida nesse tanto de versões mal-ajambradas dos envolvidos: quem montou e comprou o conjunto?
A foto em que Bento Albuquerque recebe a estatueta do cavalinho parece indicar que o presente era para ele. Não seria o primeiro entre colegas de mesma hierarquia e outros servidores de segundo escalão a ganhar esses mimos mais caros dos árabes.
O almirante da Marinha jura até hoje que não sabia que eram joias, muito menos de diamantes, o que estava na caixa que seu assessor André Soueiro tentou passar ilegalmente pelo raio-x do aeroporto junto com o cavalinho. Que aqueles brilhantes seriam um presente para a primeira-dama Michelle Bolsonaro e foram entregues, na última hora, por representante do governo saudita no hotel onde estava hospedada a comitiva brasileira, na capital Riad.
Junto também teria sido entregue uma outra caixa destinada ao presidente Bolsonaro. Esta passou pelo raio-x da alfândega sem declaração da sua existência e sem que a Receita interceptasse, no meio das malas de outro membro da comitiva que o então ministro disse não saber quem foi.
Pelas declarações dadas ao Estadão, Bento Albuquerque não teve nenhuma curiosidade de saber se não estava sendo usado para transportar algum material ilícito para o Brasil. Ou que tomasse a previsível e esperada precaução para não passar qualquer mercadoria que violasse o limite aduaneiro de isenção de imposto (até US$ 1.000).
Em entrevista ao Estadão na última sexta-feira (3), afirmou que, assim que chegou a Brasília, abriu o segundo estojo de joias, destinado a Bolsonaro. O enrosco que já estava cheirando muito mal ficou pior. "Esses pacotes foram distribuídos nas malas. Uma ficou com o Marco Soeiro, a outra eu não sei com qual membro da comitiva".
Ou seja, dois assessores de Bento Albuquerque, funcionários investidos de função pública, estavam transportando joias valiosas passando pela fila da alfândega de quem não tinha nada a declarar acima de US$ 1.000 e ninguém sabia de nada do conteúdo das caixas.
Conforme divulgado pelos repórteres da Folha de S. Paulo Julio Wiziack e Marcelo Rocha, a segunda caixa contém um relógio, duas abotoaduras, uma caneta e uma espécie de rosário, tudo também da cara marca Chopard. Ela fez um curioso trajeto do prédio do Ministério das Minas e Energia para o Palácio do Planalto quase que no apagar das luzes do governo Bolsonaro. É uma distância curta, em torno de mil metros. Mas o tempo que levou para percorrer esse pequeno trajeto não tem explicação razoável: um ano!
Há um recibo, divulgado pela Folha, assinado pelo então assessor especial do ministro das Minas Energia, Antonio Carlos Ramos de Barros Mello, encaminhando as joias ao Gabinete-Adjunto de Documentação Histórica do Palácio do Planalto. Ele também fazia parte da comitiva brasileira que foi à Arábia Saudita em outubro de 2021. O encaminhamento um ano depois das peças ao destinatário não tem o condão de apagar um possível crime de peculato configurado, apenas atenua a pena. O governo Lula está devendo informação sobre onde estão essas joias atualmente.
Mas tem outro detalhe capcioso nessa outra estorinha mal contada. O envio das peças oficialmente ao Planalto ocorreu em 29 de novembro de 2022, depois de seis das oito tentativas do gabinete do presidente Bolsonaro para tentar reaver as joias de diamantes retidas em Guarulhos, sem sucesso, antes que seu mandato acabasse.
 Há um espaço vazio no estojo das joias. Haveria ali um bracelete que desapareceu? Foto: Reprodução[/caption]
O curioso é o deslumbrante conjunto de brilhantes ofuscantes, em geral adquirido por milionários e celebridades muitas endinheiradas, não estar acompanhado do bracelete ou pulseira no mesmo design único do colar, dos brincos e do anel. Não soa muito crível que o príncipe da Arábia Saudita adquirisse e desse de presente à Michelle um conjunto de adornos femininos de design bem definido acompanhado de um relógio de modelo padrão, semelhante até aos modelos masculinos, ainda que cravejado de diamantes. Fica mais uma dúvida nesse tanto de versões mal-ajambradas dos envolvidos: quem montou e comprou o conjunto?
A foto em que Bento Albuquerque recebe a estatueta do cavalinho parece indicar que o presente era para ele. Não seria o primeiro entre colegas de mesma hierarquia e outros servidores de segundo escalão a ganhar esses mimos mais caros dos árabes.
O almirante da Marinha jura até hoje que não sabia que eram joias, muito menos de diamantes, o que estava na caixa que seu assessor André Soueiro tentou passar ilegalmente pelo raio-x do aeroporto junto com o cavalinho. Que aqueles brilhantes seriam um presente para a primeira-dama Michelle Bolsonaro e foram entregues, na última hora, por representante do governo saudita no hotel onde estava hospedada a comitiva brasileira, na capital Riad.
Junto também teria sido entregue uma outra caixa destinada ao presidente Bolsonaro. Esta passou pelo raio-x da alfândega sem declaração da sua existência e sem que a Receita interceptasse, no meio das malas de outro membro da comitiva que o então ministro disse não saber quem foi.
Pelas declarações dadas ao Estadão, Bento Albuquerque não teve nenhuma curiosidade de saber se não estava sendo usado para transportar algum material ilícito para o Brasil. Ou que tomasse a previsível e esperada precaução para não passar qualquer mercadoria que violasse o limite aduaneiro de isenção de imposto (até US$ 1.000).
Em entrevista ao Estadão na última sexta-feira (3), afirmou que, assim que chegou a Brasília, abriu o segundo estojo de joias, destinado a Bolsonaro. O enrosco que já estava cheirando muito mal ficou pior. "Esses pacotes foram distribuídos nas malas. Uma ficou com o Marco Soeiro, a outra eu não sei com qual membro da comitiva".
Ou seja, dois assessores de Bento Albuquerque, funcionários investidos de função pública, estavam transportando joias valiosas passando pela fila da alfândega de quem não tinha nada a declarar acima de US$ 1.000 e ninguém sabia de nada do conteúdo das caixas.
Conforme divulgado pelos repórteres da Folha de S. Paulo Julio Wiziack e Marcelo Rocha, a segunda caixa contém um relógio, duas abotoaduras, uma caneta e uma espécie de rosário, tudo também da cara marca Chopard. Ela fez um curioso trajeto do prédio do Ministério das Minas e Energia para o Palácio do Planalto quase que no apagar das luzes do governo Bolsonaro. É uma distância curta, em torno de mil metros. Mas o tempo que levou para percorrer esse pequeno trajeto não tem explicação razoável: um ano!
Há um recibo, divulgado pela Folha, assinado pelo então assessor especial do ministro das Minas Energia, Antonio Carlos Ramos de Barros Mello, encaminhando as joias ao Gabinete-Adjunto de Documentação Histórica do Palácio do Planalto. Ele também fazia parte da comitiva brasileira que foi à Arábia Saudita em outubro de 2021. O encaminhamento um ano depois das peças ao destinatário não tem o condão de apagar um possível crime de peculato configurado, apenas atenua a pena. O governo Lula está devendo informação sobre onde estão essas joias atualmente.
Mas tem outro detalhe capcioso nessa outra estorinha mal contada. O envio das peças oficialmente ao Planalto ocorreu em 29 de novembro de 2022, depois de seis das oito tentativas do gabinete do presidente Bolsonaro para tentar reaver as joias de diamantes retidas em Guarulhos, sem sucesso, antes que seu mandato acabasse.
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