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BLINDAGEM
Congresso em Foco
17/9/2025 15:17
Entre 1988 e 2001, a Constituição exigia que deputados e senadores só pudessem ser processados criminalmente com autorização do Congresso. Nesse período, mais de 200 pedidos enviados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) foram arquivados, barrados ou ignorados. Apenas um parlamentar, o deputado Jabes Rabelo (PTB-RO), em 1991, teve a imunidade suspensa e acabou processado.
Mais de duas décadas depois, uma proposta aprovada pela Câmara nessa terça-feira (16), a PEC 3/2021, restaura a regra de autorização prévia para abertura de ações penais contra parlamentares, com o apoio da maioria absoluta (257 deputados ou 41 senadores) em votação secreta, na respectiva Casa parlamentar. O texto determina que os pedidos do STF sejam votados em até 90 dias. Para críticos, trata-se de um retrocesso que pode resgatar a era da blindagem corporativa. Por isso, a proposta ganhou de seus detratores o apelido de PEC da Blindagem. A proposição ainda será submetida ao Senado, onde enfrenta resistência.
Jabes Rabelo, a exceção
Em 14 de agosto de 1991, o STF pediu licença para processar Jabes Rabelo por receptação de veículo roubado. Ele era acusado de ter adquirido uma caminhonete Ford F-1000 com documentos falsos e depois revendido o carro. No plenário, o rondoniense alegou perseguição política, mas não convenceu: por 366 votos a 35, a Câmara autorizou o Supremo a processá-lo criminalmente.
O rol de acusações contra Jabes Rabelo era extenso: além da compra do veículo roubado, pesavam contra ele denúncias de emissão irregular de uma carteira funcional da Câmara para o irmão, preso em flagrante com cocaína, e suspeitas de vínculos com o narcotráfico e de uso de empresas de familiares em esquemas fraudulentos. Com muitas complicações e nenhum apoio político relevante, ele acabou cassado meses depois pelos colegas. Desde então, o empresário nunca mais ocupou cargo público.
De homicídio a falsificação de documentos
Rabelo foi exceção; outros parlamentares escaparam de responder à Justiça. Na maioria dos casos, os parlamentares sequer analisaram os pedidos para que deputados ou senadores fossem investigados. Entre os casos mais emblemáticos:
Linha do tempo da blindagem parlamentar
1988 - Constituição exige autorização prévia do Congresso para processar parlamentares.
1991 - Câmara autoriza ação contra Jabes Rabelo (PTB-RO), único caso em 13 anos.
2001 - Congresso aprova emenda que elimina a licença prévia, permitindo abertura direta de ações no STF.
2025 - Câmara aprova a PEC da Blindagem, que resgata a regra de aval do Congresso para processos penais.
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