O Globo
Isolado, Renan se afasta por 45 dias mas pode não voltar
Após perder as condições de continuar comandando o Senado, e depois de cinco meses da pior crise da história da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL) pediu licença de 45 dias da presidência. Abatido, fez um pronunciamento na TV Senado para anunciar o afastamento e dizer que se defenderá. Com isso, o vice-presidente, o petista Tião Viana (AC), assume com a principal missão de conseguir, para o governo, a aprovação da emenda que prorroga a CPMF até 2011. Desde a tumultuada sessão de terça-feira, quando teve de abandonar o comando após inúmeros apelos para que deixasse a presidência, Renan percebeu que só perdia apoios. Anteontem à noite, num jantar com aliados, foi convencido de que não tinha opção a não ser se afastar. Ainda tentou um acordo com a oposição para salvar seu mandato, mas a resposta foi negativa. As quatro representações por quebra de decoro contra ele estão mantidas e podem levar à sua cassação. Os senadores apostavam que, mesmo após os 45 dias de licença, Renan não terá condições de voltar ao cargo. "Não há retrocesso. Se ele retornar à presidência, volta a crise, porque ele perdeu a condição de presidir o Senado", disse Jefferson Peres, relator de uma das representações no Conselho de Ética. Horas antes do anúncio da licença, o líder do PMDB, Valdir Raupp, reconduziu Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), de onde tinham sido tirados por pressão de Renan
Governo agora inicia corrida contra o tempo
Com a licença de Renan Calheiros, o governo lançou ofensiva no Senado para tentar aprovar a CPMF antes do fim do ano. Numa corrida contra o tempo, o líder Romero Jucá e os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) se reuniram com o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Marco Maciel, a quem pediram pressa na tramitação da emenda. Jucá disse que vai apresentar um relatório alternativo, Kátia Abreu, continuar contra a prorrogação. Mantega voltou a ameaçar com aumento de impostos
Relator prevê dias mais difíceis para Renan
Não serão menos tensos os dias do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), despido do poder de presidente do Senado, sem o apoio do Planalto e tendo pela frente quatro representações no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar, com possibilidade de perda de mandato. Os processos terão continuidade. A tentativa dos senadores é de concluí-los antes do recesso, previsto para 20 de dezembro. Tido como implacável, autor do relatório que cassou o ex-senador Luiz Estevão, o senador Jefferson Peres (PDT-AM) prevê dias mais difíceis para Renan.
Folha de S. Paulo
Sob pressão, Renan se licencia
Isolado por antigos aliados e no limite da pressão política, Renan Calheiros (PMDB-AL) licenciou-se ontem da presidência do Senado por 45 dias. Em pronunciamento feito na TV, disse querer se defender dos processos que enfrenta no Conselho de Ética sem ser acusado de uso do cargo. O afastamento ao qual Renan, 52, relutava até ontem à tarde foi resultado de ampla costura envolvendo líderes dos principais partidos, amigos do senador e o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB). O Palácio do Planalto chancelou a saída, considerada fundamental para diminuir a tensão na Casa e iniciar as negociações para votar a prorrogação da emenda da CPMF. A partir de segunda-feira, o primeiro-vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), assume a cadeira de Renan. Ele disse ter como primeira missão "pacificar" a Casa.
Aliados de Lula convenceram Renan a se licenciar na quarta
A estratégia para afastar Renan Calheiros (PMDB-AL) do cargo, montada pelo governo Lula e articulada por senadores aliados, só começou a dar resultado na noite da última quarta-feira, quando "caiu a ficha" do presidente do Senado. Ali, segundo relato de amigos presentes ao encontro, Renan se conscientizou de que estava cassado e que só lhe restavam dois caminhos: "Tentar preservar seu mandato ou se imolar". Traduzindo: pedir licença ou enfrentar um processo no plenário, fadado a ser cassado. Até aquela reunião, na casa de Renan, o senador ainda acreditava ter condições de enfrentar a oposição alegando que os demais processos contra ele eram fracos e inconsistentes. De acordo com um aliado, o senador "estava se enganando".
Mantega quer acordo com oposição para aprovar CPMF
Um dia depois de ter ameaçado aumentar impostos, o ministro Guido Mantega (Fazenda) adotou um tom conciliador e propôs à oposição um acordo para prorrogar a CPMF e criar um plano de desoneração tributária "gradual e planejada". O movimento de Mantega era previsível. Aprovada na Câmara a cobrança da CPMF até 2011, o governo terá pela frente a tarefa, mais difícil, de aprovar a proposta de emenda constitucional no Senado, onde não tem maioria sólida. Tenta-se, por isso, um entendimento para minimizar as dissidências na base aliada e atrair a oposição. A idéia foi exposta por Mantega e Walfrido Mares Guia (Relações Institucionais) ao senador Marco Maciel (DEM-PE), presidente da Comissão de Constituição e Justiça, primeira etapa de votação do texto. Maciel já havia indicado como relatora do projeto a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que já antecipou um parecer contrário à prorrogação do tributo.
O Estado de S.Paulo
Renan não resiste e pede licença
Com um pronunciamento que durou apenas 2 minutos e 16 segundos, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) encerrou ontem às 19 horas uma jornada de 139 dias de resistência e anunciou o licenciamento da presidência do Senado por 45 dias. Em sua breve fala, transmitida pela TV Senado, ele admitiu que a relutância em deixar o cargo foi quebrada com a sessão plenária de terça-feira. “Saio para evitar a repetição dos constrangimentos ocorridos na sessão do dia 9 de outubro”, afirmou. Com a licença, o vice Tião Viana (PT) assume a presidência da Casa. “Eu vou atuar para recuperar a relação com os partidos na Casa”, disse Viana, em tom diplomático. Os articuladores políticos do governo esperam que o afastamento de Renan possa serenar os ânimos.
Lula entrou na operação e mandou Jucá negociar
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da operação política que resultou no afastamento do senador aliado Renan Calheiros (PMDB-AL). Foi Lula quem pediu ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ainda na quarta-feira, para buscar uma saída negociada com Renan a fim de distensionar o ambiente no Congresso e salvar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). O afastamento de Renan foi decidido poucas horas depois, à noite, em reunião com amigos e correligionários, na residência oficial do Senado.
Naquele dia, Lula recebeu a informação de que a situação de Renan era insustentável. “Chegou ao limite, presidente”, afirmou Jucá, levado ao gabinete de Lula pelo ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia. “Com esse clima beligerante, não temos como aprovar a CPMF.” A idéia inicial, que passou pelo crivo do Planalto, previa uma licença maior para Renan, até o fim do ano - com o objetivo de facilitar a votação da emenda que prorroga a CPMF. O presidente do Senado, porém, resistiu.
Magoado, até Almeida Lima abandona tropa de choque
A rede de interesses que levou um grupo de 12 senadores do PMDB a manter-se agarrado à sobrevivência política do presidente do Senado e correligionário, Renan Calheiros (AL), teve seus nós desatados com a incapacidade do alagoano em atender aos mais secretos desejos de seus aliados.
Entre todos os companheiros de ocasião política, o senador Almeida Lima (PMDB-SE) figura como símbolo maior dessa fidelidade aparentemente estóica. O parlamentar tinha a promessa de Renan de que seria o comandante político do PMDB em Sergipe. Como não foi atendido, Almeida Lima afastou-se de sua tropa de choque.
Correio Braziliense
Tchau, Renan
Depois de quase cinco meses de crise e de cinco processos no Conselho de Ética, Renan Calheiros (C) não resistiu. Ele anunciou ontem a decisão de se licenciar por 45 dias da Presidência do Senado. Tomou a iniciativa depois que o governo, temendo pôr em risco a CPMF — uma bolada de R$ 40 bilhões —, lhe deu um ultimato. Enviados pelo Planalto, Sarney, Jucá e Mares Guia levaram a Renan o seguinte recado: caso se afastasse do cargo, ainda teria 20% de chances de escapar da cassação. Se não, poderia dar adeus ao mandato. Nos próximos 45 dias, o petista Tião Viana deve presidir a Casa. Quanto a Renan, mesmo se não for cassado, são remotas as possibilidades de ele voltar ao comando do Senado.
Sarney articula para ser o sucessor
O ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) já articula sua volta à Presidência do Senado, no lugar de Renan Calheiros (PMDB-AL), que se licenciou do cargo por 45 dias, mas sabe que não terá condições políticas de reassumir o posto. O próprio Renan trabalha com os aliados na bancada do PMDB para que Sarney seja o seu sucessor, com apoio do Palácio do Planalto. A operação seria parte de um amplo acordo na base governista para tirar o Senado da crise em que se encontra e salvar o mandato de Renan, após a aprovação da prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Longe do plenário do Senado, Sarney se movimenta intensamente, embora saiba das resistências que tem no PSDB e em parte da bancada do próprio PMDB. Deslocou o senador Edison Lobão (MA) do DEM para o PMDB e, com isso, reforçou suas posições na bancada. Também ajudou a convencer o líder peemedebista, Valdir Raupp (RO), a reconsiderar o afastamento dos senadores Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), para desanuviar o ambiente na bancada.