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Congresso em Foco
31/12/2009 6:58
O Estado de S. Paulo
Troca de ministros sem ''traumas'' é plano do governo para ajudar Dilma
Com o diagnóstico de que a melhor campanha para embalar a candidatura da ministra Dilma Rousseff ao Planalto é o bom desempenho do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará mudanças sem traumas na Esplanada. A ideia é evitar possível desaceleração de programas governamentais provocadas por ministros "caídos de paraquedas". Assim, o último ano de mandato será marcado pela ascensão do segundo escalão.
O chefe de gabinete do Planalto, Gilberto Carvalho, confirma que os secretários executivos da Justiça, Luiz Paulo Barreto, da Casa Civil, Erenice Guerra, dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, assumem o comando das pastas na reta final do governo, com a saída dos titulares que vão disputar as eleições.
Em entrevista ao Estado, Carvalho relata que Lula disse à equipe que há regras para a substituição. "O presidente não quer de forma alguma que os substituídos usem o ministério para campanha", avisou o assessor. "Ele deixou claro: "o novo responsável pelo ministério terá de prestar contas a mim e não para os antigos ministros". É esta a linha do presidente."
Sobre o futuro político do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que anteontem conversou com Lula, Carvalho diz torcer por uma candidatura ao governo de Goiás. "Henrique Meirelles é um excelente candidato a governador, esta é a minha opinião", afirma. Carvalho disse que a escolha do candidato da base passa pelo atual prefeito de Goiânia e aliado do Planalto, Iris Rezende, que apoia uma frente única para enfrentar o PSDB, de Marconi Perillo. No cálculo de Carvalho, Meirelles não é um candidato a vice na chapa presidencial encabeçada pela ministra Dilma.
Carvalho relata que a tendência do ministro da Justiça, Tarso Genro, é sair ainda em janeiro ou fevereiro para disputar o governo do Rio Grande do Sul. A princípio, cogitou-se o nome de parlamentares para a pasta. "A tendência mesmo é que o secretário executivo Luiz Paulo Barreto, que faz um bom trabalho, assuma o ministério", disse Carvalho, descartando nomes de petistas para o posto. "E, na Casa Civil, a nossa Erenice Guerra deve assumir em março, quando a ministra Dilma sai para concorrer à Presidência."
A decisão de Lula de empossar secretários executivos nos cargos de ministros pode ter exceções. O substituto, no entanto, tem de ser da casa, com amplo conhecimento da rotina da pasta.
Assessores do Ministério das Comunicações, por exemplo, observam que o secretário de Telecomunicações, Roberto Pinto Martins, responsável pela implantação da TV digital, tem mais influência na pasta que o secretário executivo Fernando Lopes. Martins é o preferido de Hélio Costa. Todos os atuais ministros já foram avisados que assim que deixarem o governo não serão mais os "chefes" das pastas, independentemente de quem substituí-los.
PMDB quer Temer no comando e vaga de vice
Sem cumprir a pretensão de aprovar os quatro projetos do marco regulatório do pré-sal até a entrada do recesso parlamentar, o governo vai centrar forças nesse tema a partir de 2 de fevereiro, na retomada dos trabalhos do Congresso. Paralelamente às votações, o foco da agenda estará no calendário de definições eleitorais.
No PMDB, o próximo passo é reeleger o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), à presidência do partido, em março, como lance fundamental para garantir a aliança com o PT em torno da candidata Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil. "O que será definitivo em junho, será sinalizado em março com a eleição para a presidência do PMDB", diz o líder da sigla na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).
Outra mexida no tabuleiro será a decisão sobre a candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) ao Planalto. Já o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), principal adversário do governo para a corrida presidencial, mantém a posição de só decidir sobre a candidatura em março. "A preocupação central de Serra é governar São Paulo", diz o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP).
Para garantir exposição, Lula vai rodar o País
A pré-agenda de viagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo País, a partir da segunda semana de janeiro, não deixou de fora nem mesmo Guaribas, a cidade do semiárido do Piauí símbolo do extinto projeto Fome Zero. Em 2003, Lula quis ir ao município lançar sua política social, mas a segurança o aconselhou a desistir da ideia por problemas de logística. No próximo dia 14, o presidente quer almoçar lá, conhecer beneficiários do programa Bolsa-Família e aproveitar para fazer uma visita ao parque arqueológico da Serra da Capivara.
Ainda em janeiro, Lula estará em São Raimundo Nonato, ainda no dia 14, para visita a obras da ferrovia Transnordestina; no lançamento de pedra fundamental de uma refinaria da Petrobrás no Maranhão; na inauguração de uma termelétrica movida a álcool em Minas Gerais; na abertura de uma fábrica de etanol na cidade paulista de Itapira; na entrega de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no morro da Rocinha, no Rio; e numa fábrica da Perdigão e num quilombo em Pernambuco.
Lula decidiu também que não vai abrir mão das viagens internacionais. De fevereiro a julho, ele pretende visitar 21 países, incluindo roteiros novos, como Irã, Israel, Palestina e pelo menos cinco nações africanas. O giro incluirá ainda países que ele já visitou, como Espanha, Estados Unidos, China, Rússia, Venezuela e Argentina.
A pessoas próximas, Lula diz que as viagens terão caráter de "despedida", especialmente na Espanha, onde ele é bastante popular. Na prática, não há despedida alguma. Lula quer reforçar ainda mais a presença da imagem dele no exterior já com vistas ao período pós-governo.
Hoje, pela manhã, o presidente deve embarcar para a Bahia, onde vai passar alguns dias de folga com a família na Praia de Inema, privativa da Marinha.
Base e oposição criticam revisão da Lei da Anistia
Parlamentares da base aliada e de oposição se posicionaram contra a revogação da Lei de Anistia, prevista na terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) que cria a Comissão da Verdade para investigar torturas e desaparecidos no regime militar. A proposta da Secretaria Nacional de Direitos Humanos provocou uma crise na área militar na véspera do Natal, como relatou ontem o Estado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva contornou a crise com a promessa de que o texto do programa será alterado.
"A anistia é para os dois lados e não tem que ser revista", defendeu ontem o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. "Tenho um pé atrás com essa revisão da Lei de Anistia. É impensável rever ou extinguir a lei", corroborou o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), presidente da Frente Parlamentar de Defesa Nacional. Ele defende que é preciso esclarecer o papel da Casa Civil no episódio. Jungmann argumenta que cabe à Casa Civil, comandada pela ex-guerrilheira Dilma Rousseff, arbitrar sobre as divergências em torno do programa. "É uma situação extremamente delicada", observou.
Uma das vítimas do regime militar, o ex-guerrilheiro e deputado José Genoino (PT-SP) evita entrar na polêmica. Cauteloso, ele argumentou que cabe à Justiça, e não ao Congresso, debater e discutir a lei. "O direito à memória e à verdade não significa o julgamento de ninguém", disse o parlamentar.
Os benefícios e a amplitude da Lei de Anistia estão hoje sob análise do Supremo Tribunal Federal, em decorrência de um processo legal aberto na Justiça Federal de São Paulo contra os ex-coronéis e torturadores Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir Santos Maciel.
Parlamentar na época da elaboração e discussão da Lei de Anistia, em 1979, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) observou que a lei representou o final de um momento doloroso, de perseguição com vítimas fatais. "Mexer agora na lei me parece tecnicamente impossível. Uma anistia se aplica e ela não é revogável", disse ele.
Para Genoino, as polêmicas causadas pela terceira versão do programa serão dirimidas com o envio ao Congresso do projeto de lei que cria a Comissão da Verdade para apurar torturas e desaparecimentos durante o regime militar.
Tarso descarta ''controvérsia insanável''
Ao final de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ontem, no Palácio da Alvorada, o ministro da Justiça, Tarso Genro, reconheceu que há divergências entre os colegas da Defesa, Nelson Jobim, e dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, mas apontou que os problemas não são insanáveis. "Não há nenhum tipo de pedido de demissão e nenhuma controvérsia insanável entre a Defesa e os Direitos Humanos. Isso (o presidente) vai resolver com a sua capacidade de mediação na volta das férias", disse Tarso. "Agora o presidente vai dar a palavra final", completou. Lula entra hoje em férias e volta a Brasília no dia 10 de janeiro.
O pedido de demissão não existe hoje, mas existiu no último dia 22, como revelou ontem o Estado. Na data, Jobim e Lula se encontraram na Base Aérea de Brasília. O ministro foi à audiência com o pedido de demissão pronto porque a versão final do terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), redigida na secretaria de Vannuchi, afrontava um acordo entre os ministros e chegou ao ponto de propor a revogação da Lei de Anistia.
"VÍRGULAS"
Duas fontes, uma da Defesa e outra do Planalto, reafirmaram ontem ao Estado que Jobim decidiu pedir demissão por entender que a versão final do programa tinha a aprovação de Lula. Diante do texto lançado no dia 21, em solenidade no Palácio do Itamaraty, o ministro da Defesa deduziu que o acordo prévio estava politicamente enterrado e que o presidente concordara com o fim da anistia e com a redação em que o governo se propõe a investigar violações dos direitos humanos e atentados só dos militares, durante a ditadura (1964-1985), deixando de lado os atentados da esquerda armada no mesmo período.
FAB resgata 33 pessoas em Albina
Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), que pousou ontem em Paramaribo, resgatou 33 brasileiros que estavam em Albina, cidade situada a 150 quilômetros da capital do Suriname, no último dia 24, quando um grupo de maroons, os quilombolas que vivem na região, atacaram garimpeiros e brasileiros que trabalhavam na cidade.
Muitos dos que partiram ontem avisaram que voltarão ao Suriname assim que a situação se normalizar no País. Os garimpeiros e outros brasileiros que viviam indiretamente do dinheiro do garimpo em Albina afirmam que é melhor retomar a vida no Suriname do que buscar trabalho no Brasil. Eles dizem, por exemplo, que conseguem, num mês, tirar US$ 1.200 no garimpo - sem precisar pagar impostos . No Brasil, com o baixo nível de escolaridade e a falta de oportunidades, conseguem de R$ 400 a R$ 500.
Reginaldo Rodrigues confirmou que está viajando para tirar novos documentos no Brasil. Na fuga de Albina, ele deixou todos os seus papeis para trás. "Vou tirar esses documentos e vou voltar. O salário no Brasil é muito baixo", justificou. "Aqui nós temos uma casa alugada e mobiliada. Nós vivemos bem", disse Rodrigues, casado com uma mulher que também trabalha no garimpo.
Mesmo quem retorna ao Brasil com a ideia de não voltar ao Suriname admite a possibilidade de mudar os planos no futuro, o que dependerá das dificuldades encontradas em solo brasileiro. "Sempre a gente diz que não vai voltar, mas quando a situação aperta, estamos aqui de novo", afirmou Valdecir Santos de Sousa. "Todo ano é a mesma coisa. Alguns vão para o Brasil dizendo que não voltam e no outro ano está todo mundo aqui de novo", criticou Carlos Gonçalves, há oito anos trabalhando com o garimpo no Suriname.
Funcionários da Embaixada do Brasil reconhecem que o retorno dos brasileiros ao Suriname é inevitável. Inicialmente, a embaixada estimava que 20 pessoas embarcariam no voo da FAB, mas diplomatas fizeram peregrinação pelos hotéis, onde estão hospedadas as vítimas do ataque em Albina, para convencê-las a voltar para o Brasil.
Sobe para 41 número de suspeitos presos pelo ataque
As investigações feitas pela polícia do Suriname levaram à prisão do assessor pessoal do prefeito de Albina, cidade em que ocorreu na noite do dia 24 o ataque aos brasileiros. De acordo com informações do governo surinamês repassadas à Embaixada do Brasil, ele é suspeito de ter estimulado as agressões aos garimpeiros brasileiros.
"Isso mostra o grau de comprometimento das autoridades do Suriname em prender os responsáveis pelo ataque aos brasileiros", afirmou o embaixador do Brasil no país, José Luiz Machado e Costa. Com essa prisão, já são 41 suspeitos presos pela polícia do Suriname.
De acordo com informações repassadas à embaixada, o foco da polícia será identificar os quilombolas que lideraram as agressões e os saques aos mercados e lojas da região. Prender todos os envolvidos no ataque será praticamente impossível, inclusive porque há informações - não confirmadas oficialmente - de que crianças participaram do movimento contra os brasileiros.
Arruda gasta R$ 700 mil em show após mensalão
Mergulhado numa crise política sem precedentes no Distrito Federal, o governador José Roberto Arruda (sem partido) abriu os cofres para contratar artistas de peso, como a dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, para o show da virada de ano, visando diminuir o desgaste sofrido com a revelação do "mensalão do DEM". Além do gasto de R$ 620 mil com músicos, o governo terá despesa de R$ 80 mil com fogos.
Zezé di Camargo e Luciano vão receber R$ 300 mil pela apresentação na Esplanada dos Ministérios antes da meia-noite. Mais R$ 260 mil serão pagos à banda Aviões do Forró, além de R$ 20 mil para a sambista brasiliense Dhi Ribeiro e R$ 40 mil à dupla sertaneja Pedro Paulo e Matheus. A bateria da escola de samba Beija-Flor, do Rio de Janeiro, vai animar o público na madrugada. A escola recebeu R$ 3 milhões do governo Arruda para homenagear os 50 anos de Brasília no carnaval carioca de 2010.
Alvo da Operação Caixa de Pandora, Arruda é apontado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público como "cabeça" do esquema de corrupção no DF. O governador desistiu de passar o réveillon no Rio, como fez no ano passado, e fica em Brasília. Seu vice, Paulo Octávio (DEM), preferiu sair de Brasília e foi passar o Ano Novo em São Paulo. O vice também é suspeito de envolvimento no esquema do "mensalão do DEM".
Folha de S. Paulo
Lula tenta amenizar crise e frustra comando militar
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu ganhar tempo e investir num discurso conciliador e contra "revanchismos" para administrar a tensão entre os militares e a ala do governo mais afinada com as famílias de mortos e desaparecidos durante a ditadura militar.
Lula saiu em férias ontem, e uma definição sobre o terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos, foco da crise, só será anunciada a partir de abril. Os militares, que aguardavam um recuo concreto do governo em relação aos termos do plano, ficaram frustrados. Acham que Lula "empurra com a barriga".
Abril é o prazo que uma comissão do governo tem para elaborar projeto de lei da Comissão Nacional da Verdade -prevista no Plano de Direitos Humanos- para examinar violações de direitos humanos "praticadas no contexto da repressão política", um dos itens de irritação na área militar.
Outros são a identificação de locais públicos que serviram à repressão e a revogação da Lei da Anistia -além da proposta de cassar os nomes de presidentes militares de pontes, rodovias e prédios públicos. A comissão terá representantes dos ministérios da Justiça, da Defesa, da Casa Civil e da Secretaria de Direitos Humanos.
Ontem, as autoridades envolvidas no conflito baixaram o tom das críticas. O secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, entrou em férias e avisou que não comentaria o caso, e o ministro Tarso Genro (Justiça) insistiu em que a palavra final caberá ao presidente.
"Não há nenhum pedido de demissão e nenhuma controvérsia insanável entre Defesa e Secretaria de Direitos Humanos. Isso [o presidente] vai resolver com a sua capacidade de mediação após as férias", disse Tarso, após reunião com Lula.
Também o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica se recusaram a falar. A promessa de Lula, levada a eles por Jobim, é de que a tensão será contornada e que o governo não tem nenhum interesse em provocar os militares e criar-lhes constrangimentos.
Jobim e os comandantes julgam que o plano ignorou todas as sugestões das Forças Armadas e ficou "desequilibrado", pois cobra responsabilidades dos militares, mas não dos seus adversários, "que assaltaram, mataram e sequestraram". Citam até ministros de Lula.
Interlocutores de Lula lembraram ontem que o tom conciliador foi dado pelo presidente desde o anúncio do plano, na segunda-feira antes do Natal. Na ocasião, Lula afirmou que o documento seria "digerido" -ou seja, que havia brechas para novos debates. No discurso, o presidente exaltou a experiência de integrantes do governo que lutaram contra a ditadura, como os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Franklin Martins (Comunicação Social), Tarso e Vannuchi.
Segundo Lula, Dilma teria comentado, ao passar pelo Comando do 2º Exército (SP), onde esteve presa, que não sentia mais raiva: "Se alguém prendeu a Dilma, se alguém torturou a Dilma achando que tinha acabado a luta da Dilma, ela é uma possível candidata a presidente da República", declarou.
Presidente deve arbitrar discordância, diz Vannuchi
Emperrada pela divergência entre o Ministério da Defesa e o de Direitos Humanos, a proposta de criação de uma Comissão da Verdade, divulgada na última semana, passou por um longo debate e só saiu com o arbítrio do presidente Lula.
Em entrevista à Folha, concedida no dia 22 -o mesmo em que o ministro Nelson Jobim (Defesa) e os comandantes das Forças Armadas procuraram Lula para protestar-, o ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) citou os pontos de discordância e disse que sua pasta precisou abrir mão de pontos de vista: "A redação não é a que eu faria se pudesse decidir sozinho". Leia os principais trechos da entrevista.
FOLHA - Na negociação, no governo, da criação da Comissão da Verdade, sua pasta abriu mão de posições, como ter de concordar com o envio do texto ao Congresso?
PAULO VANNUCHI - Não é verdade que eu não queria que a Comissão da Verdade passasse por projeto de lei. Para mim é indispensável que seja um projeto de lei. Eu concordo que um programa desses [a terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos] sempre envolve composição. Eu cheguei a dizer "olha, a redação não é a que eu faria se pudesse decidir sozinho". [O texto] evidentemente terá pontos de discordância de outros ministros. Na ação de governo é isso, o presidente equilibra e arbitra.
FOLHA - Há polêmica dentro do governo sobre o que fazer com os resultados da Comissão da Verdade, se deve-se levar pessoas à Justiça?
VANNUCHI - O Judiciário examinar os casos que saírem da comissão é um objetivo, entre vários. Os outros são o resgate da memória, da verdade. Divulgação para as novas gerações conhecerem o que aconteceu, para que o país solidamente esteja prevenido contra qualquer risco de reedição.
FOLHA - As buscas no Araguaia evidenciaram diferenças entre sua área e o Ministério da Defesa.
VANNUCHI - Houve uma primeira distância, mas acabou havendo uma decisão também presidencial de entendimento. O problema de origem que existia, e permanece, é que eles não obtêm informações diretamente de oficiais que comandaram aquela operação antiguerrilha, que estão vivos, que podem ser localizados, que deveriam se convencer a falar pelo bem do Brasil.
Prefeitos de capitais incham secretariado
Futebol, recursos do PAC, microempreendedorismo e relações com a imprensa foram alguns dos argumentos usados por prefeitos de 11 das 26 capitais (42,3%) do país para ampliar o número de secretários no primeiro ano de mandato.
Assim como a de São Paulo, que criou as secretarias do Desenvolvimento Urbano e a do Microempreendedor Individual e passou a contar com 28 secretários -eram 21 até 2006, quando o prefeito Gilberto Kassab (DEM) assumiu o cargo-, as prefeituras de Macapá, Porto Velho, Maceió, Natal, São Luís, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, Florianópolis e Porto Alegre também reforçaram o primeiro escalão em 2009.
Outras seis prefeituras -Salvador, Manaus, Palmas, Goiânia, Cuiabá e Rio- mudaram a estrutura, mas não ampliaram o total de pastas. Assim, em 2009, foram criados 49 cargos com status de secretário para cuidar de questões como Copa do Mundo, Olimpíada, terceira idade e "assuntos federativos".
Em algumas capitais o aumento resultou do simples desmembramento de pastas -como Recife, onde o prefeito João da Costa (PT) manteve a Secretaria da Comunicação, mas criou uma pasta de "relações com a imprensa". Ao todo foram sete novas secretarias, entre elas a da Mulher, a da Juventude e a do Meio Ambiente. Florianópolis e Belo Horizonte também levaram o tema ambiental para o primeiro escalão.
Porto Velho passou a contar com uma secretaria para "projetos especiais" e outra para "programas especiais". A primeira, diz o secretário Pedro Béber (PMDB), acompanha as compensações das usinas de Santo Antônio e Jirau, e a de "projetos" cuida de recursos extraordinários provenientes de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Já Palmas, com menos de 200 mil habitantes, tem agora um secretário específico para a "articulação metropolitana".
Cidades que vão abrigar a Copa de 2014, Rio de Janeiro, Cuiabá e Porto Alegre deram origem a secretarias para o Mundial -no Rio, a pasta (Serio) já cuida também da Olimpíada-2016. A prefeitura carioca diz ter feito um remanejamento que resultou em economia de 30% em comissão, funções gratificadas e custeio.
Deputado da meia reassume e conduzirá processo de Arruda
O deputado distrital Leonardo Prudente (ex-DEM, sem partido), flagrado colocando dinheiro em suas meias, voltou à Presidência da Câmara do DF.
O vídeo com a cena foi filmado por Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do governo José Roberto Arruda (sem partido), durante a Operação Caixa de Pandora, que investiga pagamento de propina a parlamentares da base aliada.
Com isso, Prudente estará à frente da análise de pedidos de impeachment do governador e das investigações contra outros deputados distritais suspeitos de participação no esquema.
Prudente estava licenciado da Presidência da Câmara desde o dia 1º de dezembro, logo após as primeiras denúncias estourarem.
Ele afirmou à época que o dinheiro mostrado no vídeo seria usado na sua campanha. "Fui vítima de chantagem, me foi oferecida ajuda para campanha de 2006. Recebi o dinheiro e coloquei nas minhas vestimentas em razão da minha segurança porque não uso pasta", disse.
Brasileira narra estupro e vontade de ficar
Alvo de tráfico de seres humanos, ex-prostituta de garimpo e supostamente estuprada durante o ataque de descendentes de quilombolas a brasileiros no Suriname durante a véspera do Natal, a ex-dona de casa Elisa (nome fictício), 29, nem pensa em voltar ao Brasil. O ouro fala mais alto, conforme ela contou à Folha.
Uma das 19 pessoas que afirmam ter sofrido violência sexual durante o conflito, sua história ilustra o trajeto pelo qual passam muitas das mulheres que chegam ao país.
Evangélica, nasceu em Imperatriz (MA) e migrou para Curionópolis (PA), onde se casou com um vaqueiro, "homem bacana, um pai exemplar, mas sem domínio com a bebida", que a espancava.
Há dois anos, já com três filhos -hoje com 15, 14 e 11 anos- e sem saber como sustentá-los, decidiu que escaparia daquela vida aceitando a proposta de uma amiga, que conhecia uma aliciadora de garotas. "Vamos levar você para o cabaré, dá pra ganhar muito", lhe disseram.
Aceitou se endividar em cerca de R$ 4.000 para pagar uma viagem até um garimpo do Suriname, onde passou "uns meses", o suficiente para saldar o que devia. Fazia programas com homens, "uns até legais", que garimpavam na região.
Livre, foi cozinheira do local até economizar para abrir uma cantina em área de exploração de ouro na Guiana Francesa.
O ataque
No final deste ano, ela já tinha quase todo o dinheiro para comprar uma casa e voltar para o Maranhão. Mas tudo -R$ 30 mil em ouro, máquina fotográfica digital, celular- foi roubado no ataque dos descendentes dos quilombolas.
Elisa disse ter demorado cinco dias para ir até Albina e comemorar o Natal com os outros brasileiros. Viajou pela floresta de canoa, carro e dezenas de horas a pé. Quando enfim chegou, com uma amiga e dois amigos, mal deu tempo de festejar.
"Vieram correndo, dizendo que tinham matado um preto", disse, sobre o incidente que começou o conflito.
Na confusão, ela relatou ter sido colocada em um quarto de uma pensão, espremida com "um monte" de outras pessoas, "uns em cima dos outros".
Até os homens arrombarem a porta e começarem a "rasgar a blusa, a tentar beijar à força", sob os olhares de todos, segundo contou. "Eles [maroons] falavam: "Tira [a calça], tira!".
Brandindo uma garrafa de uísque quebrada na mão e a ameaçando, um deles a penetrou, depois que ela percebeu "que não tinha mais jeito".
"Graças a Deus, não fui espancada, mas o que fica é a dor na alma."
O Globo
Bolsa brasileira tem a maior alta do mundo após a crise
Com um ganho de 142% em dólar e de 82,6% em real este ano, a Bolsa brasileira registrou a maior valorização entre os 13 principais mercados de ações do mundo. Ajudada pela reação da economia do país e pela alta das matérias-primas no exterior, que beneficia empresas brasileiras, a Bovespa recuperou US$ 738 bilhões do seu valor de mercado. Após cair para US$ 588 bilhões no fim de 2008 devido à crise, o valor atingiu agora US$ 1,326 trilhão.
A valorização do real no ano em relação ao dólar, de 33,91%, a maior do planeta, também ajudou a Bolsa brasileira. Em 2009, a melhor aplicação foi o fundo de ações FGTS-Vale (80%). A poupança rendeu 6,92%.
Militares dizem que a crise ainda não acabou
Comandantes exigem mudança no Programa de Direitos Humanos, mas Lula só decidirá após férias
A crise que levou o ministro Nelson Jobim (Defesa) e os comandantes militares a pedir demissão, semana passada, está longe do fim. Militares disseram que o problema só estará resolvido quando o presidente Lula revogar decreto que permite anular a Lei da Anistia e cria a Comissão Nacional da Verdade para apurar crimes cometidos na ditadura. Entidades de direitos humanos pediram que o texto seja mantido.
Lula usa MP para criar crédito extra de R$ 18 bi
Por medida provisória, o presidente Lula criou créditos extraordinários de R$ 18 bilhões. A oposição anunciou que irá ao Supremo Tribunal Federal contra a MP, alegando que ela é inconstitucional. O governo alega que os projetos estavam no Congresso há oito meses e não foram votados.
Correio Braziliense
Após alívio, gripe suína volta a assustar o país
O comerciante Edson Rocha tem um motivo a mais para brindar a chegada de 2010. Aos 52 anos, ele foi uma das 27.850 pessoas infectadas pela gripe suína no Brasil - números registrados pelo Ministério da Saúde -, mas conseguiu se curar após atendimento médico e uso de remédios. "Foi a gripe mais forte que tive", revela o comerciante, que passou a difundir os cuidados para prevenir o mal. Outros 2 mil brasileiros não tiveram a mesma sorte e morreram vítimas do vírus H1N1. E as autoridades entraram em alerta: há expectativa de avanço da doença nos próximos meses.
Desemprego - Seguro será liberado em no máximo 15 dias
Informatização do sistema do Ministério do Trabalho vai reduzir, a partir de março, o prazo para pagamento do benefício, que atualmente pode chegar a 60 dias. Este ano, mais de sete milhões de pessoas recorreram ao seguro-desemprego.
CPI vira pizza
Oposição pede mudanças nas regras das Comissões Parlamentares de Inquérito, dominada nos últimos anos por governistas e que ficaram longe de seus objetivos.
Crise na caserna
Reavaliação da Lei de Anistia, que quase provocou a saída do ministro da Defesa e dos chefes militares, deve trazer mais problemas para Lula.
Jornal do Brasil
Rio se prepara para começar 2010 com o pé direito
Se as superstições dão resultado ou não, não importa - a não ser para quem as tem. Fato é que muita gente não consegue iniciar o ano sem alguns rituais já considerados tradicionais. Alguns pulam sete ondas no mar, outros preferem comer arroz com lentilha. Há ainda quem goste de ingerir sementes de romã ou de uva. Na festa da virada, roupas amarelas para quem quer melhorar de vida, branco para quem quer paz e boas energias. O JB ouviu os supersticiosos de plantão e mostra os principais segredos para quem quer dar uma ajudinha ao destino a fim de ter um 2010 mais feliz.
Novo acordo do clima...em 2100
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse, em entrevista ao JB, que 32 países, incluindo os Estados Unidos, acertaram em Copenhague um acordo a ser assinado em 2015, prevendo o aumento máximo de 1,5 grau na temperatura da Terra até o distante 2100.
Temas
REAÇÃO AO TARIFAÇO
Leia a íntegra do artigo de Lula no New York Times em resposta a Trump
VIOLÊNCIA DE GÊNERO
Filha de Edson Fachin é alvo de hostilidade na UFPR, onde é diretora