O quadro eleitoral para 2010 começa a se configurar. Fortalecido pelas eleições municipais, saindo à frente em 17 prefeituras com mais de 200 mil eleitores em todo o Brasil – entre elas as capitais Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e Florianópolis –, o PMDB se concentra agora na sucessão presidencial.
Negando interesse em barganhar ministérios, cargos e liberações de verbas do governo Lula, deputados e senadores peemedebistas falam entusiasmados em um projeto nacional para fortalecer a unidade do partido e emplacar candidato próprio nas próximas eleições para presidente.
“Nessas eleições, o PMDB provou que se consolidou. A partir disso vamos construir um projeto de unidade nacional para as eleições de 2010, em que teremos um candidato forte do partido”, admite o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).
“Num passado recente, o PMDB teve muitas contradições internas, mas, de uns tempos para cá, o partido resolveu se unir e mostrou que vale a pena”, comemora.
O discurso é entoado por boa parte da bancada peemedebista nas duas Casas do Congresso. A intenção, segundo alguns parlamentares, é sair do papel de “coadjuvante” e entrar no “protagonismo” da política brasileira.
“Nesse momento, é importante que o partido pense em ações nacionais. O PMDB tem que buscar o poder. Um partido como o nosso não pode se contentar com a condição de coadjuvante. Temos que buscar uma candidatura própria em 2010 e passar a ser o ator principal”, engrossa o discurso o vice-líder do PMDB no Senado, Valter Pereira (RO).
Aliança
O vice-líder defende a elaboração de um plano nacional de integração do PMDB com participação dos vários estados. “É preciso uma política nacional que leve em conta o peso de cada estado. Em São Paulo, por exemplo, a vitória de [Gilberto] Kassab [DEM] foi bastante influenciada pelo apoio do PMDB e isso tem que ser considerado”, avalia.
Entusiasmado com os resultados das urnas nas disputadas municipais, o senador Renan Calheiros (AL), ex-presidente do Senado e uma das figuras fortes do partido, afirma que é preciso dar continuidade aos planos do PMDB. “Esse bom resultado [das eleições] dá consistência ao partido no jogo político e demonstra a estratégica participação do PMDB dentro do próprio Congresso”, sugere.
A mobilização peemedebista, no entanto, pode desapontar os planos do presidente Lula, que vem sinalizando a aposta em uma aliança PT-PMDB para 2010, com chapa encabeçada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Na tarde de ontem (26), tendo em vista a influência política do PMDB na conquista de cadeiras municipais, o presidente Lula preferiu minimizar o poder do partido sob os eleitores. Após votar em São Bernardo do Campo (SP), Lula desconsiderou qualquer relação entre as eleições municipais e o pleito de 2010.
“As eleições municipais não têm uma incidência automática nas eleições de 2010, nem as de 2010 terão nas de 2012. É preciso que a gente separe cada eleição. Quando o cidadão vai votar para presidente, é para presidente. Para prefeito, é para prefeito”, disse Lula à imprensa.
Nas eleições deste ano, o PMDB conquistou 1.201 prefeituras, entre grandes, médias e pequenas cidades, sendo seguido do PSDB, com 786 cidades e o PT com 559 municípios. Em termos de votos, o PMDB teve 22,9 milhões, enquanto o PT obteve 21,6 milhões e o PSDB, 16 milhões. (Renata Camargo)
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