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Congresso em Foco
27/10/2008 | Atualizado às 20:14
Contrariando prognósticos, os resultados das eleições municipais mostraram a incapacidade de governadores-estrela e do presidente Lula de transferirem votos e elegerem “candidatos-postes” ou outros políticos desprovidos de luz própria. Dos 26 governadores do Brasil envolvidos diretamente no pleito, apenas 11 viram seus candidatos serem eleitos no primeiro ou no segundo turno. É o caso, por exemplo, de São Paulo e Porto Alegre.
O número reduzido de governadores que emplacaram prefeitos nas capitais este ano é uma prova de que o eleitor foi subestimado. Quem avalia é Paulo Kramer, cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB).
“É imatura a crença de que o presidente ou certos governadores poderiam eleger até um poste. Se considerarmos as amplas expectativas geradas, o resultado dessas eleições mostra que Lula não consegue transmitir votos, mas sim um resfriado através de seu pé”, resume.
Para o professor David Fleisher, é fato que os governadores têm mais possibilidade de transferir votos que os presidentes, mas nem sempre isso acontece. No Rio Grande do Norte, a força de Lula e de Wilma Faria (PSB) não conseguiu fazer Fátima Bezerra (PT) vencer Micarla Sousa (PV), apoiada pelo DEM.
Ainda assim, algumas dessas 11 vitórias não significaram exatamente o fortalecimento do governador em questão.
Em Minas Gerais, houve a vitória no segundo turno de Márcio Lacerda (PSB), que durante a primeira etapa do pleito ficou escondido sob a sombra dos padrinhos políticos, o governador Aécio Neves (PSDB) e o prefeito Fernando Pimentel (PT). Mas isso não ajuda o tucano em seu projeto para 2010.
Ao contrário: “Mesmo tendo feito seu candidato no segundo turno, Aécio sai menor que [José] Serra”, opina Kramer. Dentro do PSDB, os dois governadores travam uma disputa para serem escolhidos como candidatos do partido para as eleições presidenciais de 2010.
Para Kramer, o governador de Minas investiu tanto no triunfo de Lacerda no primeiro turno que acabou obscurecendo a luz de seu candidato. O eleitorado não gostou. “Eles exigiram a cortesia mínima de saberem quem era o adversário de Leonardo Quintão.” A população não queria votar em alguém apenas porque era apoiado por Aécio.
“Foi uma transferência negativa. O feitiço virou contra o feiticeiro”, comenta Fleischer.
Diante da derrota, a estratégia mudou. Foi quando Lacerda subiu ao palco e Aécio foi para os bastidores que o eleitor conheceu e legitimou o candidato no segundo turno. “Quando assumiu o lugar dele, mostrou ser bem articulado e melhor que o Quintão”, avalia o cientista político Octaciano Nogueira.
O fenômeno, conhecido como a “despostificação”, garantiu a vitória da chapa. Mas, para Kramer, mas significou o enfraquecimento do governador de Minas.
Plano B
Em outros casos, os governadores tiveram que optar por um plano B na reta final da disputa, já que seus candidatos foram eliminados logo no primeiro turno. É o que ocorreu, por exemplo, com a governadora Yeda Crusius (PSDB), que, após a derrota de seu correligionário Marchesan Jr, saiu vitoriosa no apoio a José Fogaça (PPS), no segundo turno.
Mas Kramer entende que dificilmente Yeda se beneficiará tanto da vitória do prefeito reeleito de Porto Alegre. Isso porque Fogaça pouco poderá fazer para salvar a governadora da crise política que seu governo atravessa devido a escândalos de corrupção, que já derrubou quatro secretários, e da complicada situação fiscal, com a previsão de fechar este ano com R$ 1,2 bilhão negativos.
“A Yeda está com a popularidade lá embaixo. O Fogaça não quer conversa com ela. Ela pode contaminar tudo”, arrisca Octaciano Nogueira.
Fracasso conveniente
Com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), a história é outra. Veio a calhar o fracasso de seu candidato oficial, Geraldo Alckmin (PSDB), logo no primeiro turno. Serra teve a oportunidade de declarar apoio ao seu candidato extra-oficial desde o começo, o prefeito reeleito Gilberto Kassab (DEM).
Mesmo com a derrota de Alckmin no primeiro turno, Serra saiu fortalecido da disputa. Elegeu seu homem de confiança para a Prefeitura de São Paulo, o que fertiliza seu terreno para as eleições de 2010.
“Por enquanto o único poste iluminado chama-se José Serra. O Aécio é carta fora do baralho no PSDB”, diz Kramer. Com Serra “iluminado”, só restaria ao governador de Minas apostar na flexibilização da fidelidade partidária e mudar de partido.
Apoios decisivos
O peso do apoio de um governador foi notado no Rio de Janeiro. Eduardo Paes (PMDB) teve uma vitória apertada sobre Fernando Gabeira (PV) – com uma diferença de votos equivalente a menos da metade de um Maracanã. Segundo Kramer, isso demonstrou que, em certos casos, o governador Sérgio Cabral (PMDB) e o presidente Lula podem ser decisivos.
Com o governo bem avaliado pelos cariocas, Cabral empenhou-se em eleger seu candidato e contou, para isso, com o apoio declarado do presidente da República a partir do segundo turno. O respaldo dos tucanos e a simpatia do eleitorado progressista do Rio não foram suficientes para que Gabeira superasse a união da máquina estadual com a federal.
“O Sérgio Cabral mobilizou os vereadores eleitos na campanha do Paes e pôs a máquina para funcionar a favor dele”, opina Fleischer. Para ele, o governador do Rio “tirou” votos de Paes ao antecipar o feriado do dia do servidor público desta segunda-feira (27) para sexta-feira (24).
No primeiro turno, a abstenção no Rio foi de 14% e, no segundo, de 20%. A saída de eleitores se concentrou no público de Gabeira, na opinião de Fleisher. “Isso tirou a vitória do Gabeira. Se o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] fosse mais esperto, não teria deixado isso acontecer”.
Velado
No Maranhão, o apoio velado do governador Jackson Lago (PDT) ao prefeito eleito de São Luís, João Castelo (PSDB), mostrou-se mais eficaz que a plataforma do presidente Lula a favor de Flávio Dino (PCdoB). Castelo saía na frente por ser mais conhecido, já que governou o estado de 1979 a 1982, além de ter cumprido dois mandatos como deputado federal e um como senador.
O deputado federal Flávio Dino, que exerce seu primeiro mandato na Câmara, conseguiu chegar ao segundo turno, e agora acusa o concorrente de ter se utilizado da máquina pública do governo do Estado em seu favor. Nos meios locais, comenta-se que o governador ajudou na contratação do marqueteiro Duda Mendonça para alavancar a candidatura de Castelo. Jackson Lago, ainda que não explicitamente, s
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