Ao comentar a saída de Marina Silva na pasta do Meio Ambiente, o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), disse há pouco que o governo não pode ter “posições extremadas” dentro de sua equipe ministerial. Segundo Garibaldi, o secretário de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, que aceitou hoje (14) assumir a vaga deixada por Marina, deverá buscar a “rediscussão” da política ambiental federal.
“Creio que nós possamos ter com o novo ministro uma rediscussão interna do governo que possa ajudar”, declarou Garibaldi, acrescentando que a ex-ministra – cuja gestão e o próprio histórico de defesa do meio ambiente conflitava com os interesses desenvolvimentistas do governo – tinha posições “extremadas”.
“Ninguém pode negar que a ministra tinha posições extremadas [em relação à defesa dos recursos naturais da Amazônia]. Ninguém pode admitir que dentro do governo haja atitudes extremistas”, defendeu o peemedebista.
O porta-voz da Presidência da República, Marcelo Baumbach, acaba de anunciar que o novo ministro do Meio Ambiente será mesmo Carlos Minc. O ex-governador do Acre Jorge Viana (PT) era um dos cotados para assumir o cargo. Ele teve um encontro na manhã de hoje (13) com o presidente Lula e chegou a ir á casa da ex-ministra Marina Silva. “Conversei com ele como presidente e como amigo”, disse Jorge Viana ao sair do gabinete do seu irmão, o senador Tião Viana (PT-AC).
“Homem da Amazônia”
Para a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), o novo ministro não terá problemas em sua gestão. “O Minc é reconhecido como uma pessoa defensora do meio ambiente, e ele tem o respaldo da comunidade ambientalista. Portanto, não acredito que ele vá ter qualquer tipo de resistência”, disse Ideli, minimizando a “dicotomia” entre a questão ambiental e os projetos de desenvolvimento.
Ideli admitiu que estava “torcendo” para Jorge Viana, e apresentou três razões “de grande repercussão internacional” para tanto. “O impasse na Raposa Terra do Sol, a questão da absolvição do suposto mandante do crime contra a irmã Dorothy [Stang, missionária norte-americana assassinada em Anapu, Pará, em 2005], e agora a saída da ministra Marina”, listou a petista, alegando que o ex-governador é um “homem da Amazônia”.
“O Jorge Viana, por ser da Amazônia, [por ter sido] um governador de um estado amazônico, talvez minimizasse o impacto dessas três situações, que abalam e muito a imagem do Brasil internacionalmente”, completou Ideli, mas acrescentando que Carlos Minc “tem sido um grande secretário de Meio Ambiente do Rio de Janeiro”.
Já para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), Minc é um nome “afeiçoado” à questão ambiental, mas precisa mostrar que tem cacife para conduzir uma pasta com implicações nacionais e internacionais. “Vamos ver como é que ele se sai. Tomara que se saia bem. Sei que é um pessoa séria”, disse o tucano.
“A interrogação é a seguinte: o Brasil manterá a preocupação prioritária com o desmatamento, ou vai ficar em déficit com a cobrança internacional, inclusive?”, indagou o tucano, lembrando que a ministra representa “é um grande símbolo” da questão ambiental. Para Virgílio, o governo precisa dar explicações “graves” sobre a saída da ministra. “Ela passa uma simbologia muito forte, seja para dentro ou seja para fora.”
A assessoria de imprensa da Presidência da República informou há pouco que o presidente Lula vai se reunir na próxima segunda-feira (19) com Carlos Minc, no Palácio do Planalto, para conversar sobre a continuidade da política ambiental federal. (Fábio Góis)