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Congresso em Foco
10/12/2006 | Atualizado 11/12/2006 às 6:08
São diversas as razões apresentadas pelos deputados que mais trocaram de partido nesta legislatura para se descolarem do rótulo de infiéis: ofertas sedutoras de prestígio político, descontentamento com o rumo dos partidos, fuga das limitações impostas pela legislação eleitoral e até mesmo motivação religiosa.
Procurados pelo Congresso em Foco, apenas quatro dos nove campeões de mudança de partido se manifestaram. Não retornaram os contatos feitos pela reportagem os deputados Pastor Amarildo (PSC-TO), Lúcia Braga (PMDB-PB), Enio Tatico (PTB-GO), Alceste Almeida (PTB-RR) e Almir Moura (sem partido-RJ).
"Sou o campeão?"
Em seu quinto partido em apenas quatro anos, Carlos Willian (PTC-MG) reagiu com bom humor ao ser informado do assunto da entrevista. "Eu sou o campeão?", indagou, pouco antes de ser informado de que outros quatro deputados estão à sua frente nesse ranking peculiar.
Carlos Willian, no entanto, deixa claro que não está preocupado com a fidelidade partidária. Admitiu que, enquanto não houver uma legislação que institua o financiamento público de campanha, continuará mudando de partido por uma questão de "sobrevivência".
"Sem o financiamento público, um candidato como eu, que não tem dinheiro, não tem condições de se reeleger. Enquanto não tem isso [financiamento público de campanha], a gente fica nessa luta pela sobrevivência, na tentativa de conseguir espaço e de conseguir se eleger", afirmou o parlamentar, que ainda não sabe o que será de seu destino nem se continuará na legenda caso o partido opte por não se juntar a outros.
O deputado foi eleito em 2002 pelo PST. Em janeiro de 2003, antes mesmo de tomar posse, trocou o pequeno partido, incorporado na época ao PL, pelo PSB. "O presidente [do partido] fez a fusão com o PL e foi uma fusão sem conversar com os parlamentares, sem discussão dentre do partido, e o PL para mim não era a melhor opção, fui para o PSB porque tinha proposta de união dos candidatos evangélicos", justificou.
Projeto "Garotinho"
No PSB, Carlos Willian ficou até setembro daquele ano, quando foi para o PSC. Em fevereiro do ano passado, filiou-se ao PMDB, no qual chegou a ser um dos vice-líderes.
"No PSB havia um grupo articulando para apoiar Garotinho, mas Miguel Arraes não nos dava espaço no partido, não éramos ouvidos e fomos para o PSC. No entanto, o PSC não estava ganhando representação partidária e dentro desse mesmo 'projeto Garotinho' nos filiamos ao PMDB. Lá dentro, conclui que para me eleger pelo partido ia precisar de uma quantidade muito grande de votos, então preferi ir para uma legenda menor para fazer coligações", disse Carlos Willian, que deixou a maior bancada da Câmara para se reeleger pelo nanico PTC.
"Fui para o PTC para fazer coligações e conseguir voltar para a Câmara. Fizemos coligações com o Prona e o PSDC. Se estivesse em qualquer outro partido, não teria conseguido me reeleger", argumentou o deputado, reeleito com 36 mil votos. A partir de fevereiro, Willian terá um colega famoso: o apresentador de TV e estilista Clodovil (PTC-SP).
Entre a ideologia e a religião
Com a autoridade de quem traz seis mudanças partidárias no currículo nos últimos quatro anos, Zequinha Marinho (PSC-PA) é um filho pródigo. Está em sua segunda passagem pelo partido e esteve também duas vezes no PMDB.
Eleito pelo PDT, alega que deixou o partido por causa de divergências internas na gestão da legenda no Pará. "Nós éramos quatro deputados estaduais e 12 prefeitos. Todos queriam apoiar um candidato ao governo, mas o presidente do partido queria apoiar o outro. Ficou valendo o voto do presidente. Não tinha condições de ficar em um partido assim", explicou o deputado.
Zequinha diz que escolheu o PTB, em seguida, porque "era ideologicamente o mais próximo do PDT, afinal os dois partidos têm suas raízes no partido criado por Getúlio Vargas". Mas os interesses religiosos, segundo o deputado reeleito, o puseram no caminho do PSC pela primeira vez, em fevereiro do ano passado.
"Sou evangélico e me chamaram para compor o PSC, para tentar unir os interesses da igreja", diz o deputado. "A bancada evangélica é formada por parlamentares de vários partidos, mas havia uma diferença entre o que o líder do partido queria e o que era interessante religiosamente falando. Por isso o Conselho Político da Igreja tentou montar o PSC para unir a igreja em torno de questões polêmicas, como a legalização do aborto".
A motivação religiosa também foi o que levou o deputado a tentar a filiação ao PMDB, no final de 2004 e início de 2005. Zequinha e outros membros do PSC queriam apoiar a candidatura do evangélico Anthony Garotinho à Presidência da República. "Havia uma briga interna no PMDB para saber se haveria candidato. Garotinho queria ser presidente e como o PSC era um partido pequeno, tentamos nos filiar ao PMDB para apoiá-lo, pois se a candidatura dele avançasse seria bom para a igreja", destacou Zequinha.
Futuro indefinido
"O processo ia e vinha e não avançava, por isso não conseguimos nos filiar. Aí depois que Garotinho fez aquela palhaçada [greve de fome], desistimos do projeto e continuamos no PSC", explicou o deputado. De acordo com os registros da Câmara, Zequinha entrou para o PMDB no dia 2 de fevereiro de 2005. Saiu no dia 28 daquele mesmo mês. Voltou a fazer parte da bancada em 1º de março, e dela se desligou uma semana depois.
"O problema agora é que o partido está acabando. O PSC vai se juntar com o PL e o com o Prona para formar o Partido da República", acrescentou Zequinha. O deputado admite que pode partir para o sétimo partido, assim que a fusão das legendas for oficializada. Mas, segundo ele, enquanto o PSC existir, continuará no partido.
Partido de presente
A assessoria de João Mendes de Jesus (sem partido-RJ) informou que o deputado deixou o PDT, em agosto de 2003, depois de receber do PSL a oferta da presidência do partido no Rio de Janeiro e de diretórios da sigla no estado. Em fevereiro de 2005, o deputado voltou a trocar de partido. Nos registros da Câmara, sua filiação ao PL durou apenas três dias. "O PSL fazia bloco partidário com o PL e como ele já estava saindo do partido, entrou no PL por uma questão de votação", disse o assessor, sem especificar qual seria a votação.
Sete meses depois de voltar ao PSL, o deputado decidiu buscar uma legenda mais expressiva para escapar dos efeitos da chamada cláusula de barreira, que acabou sendo derrubada semana passada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e restringia a atuação dos partidos menores.
"Ele quis sair e teve convite do PSB", explicou a assessoria. No PSB, João Mendes ficou sete meses. Acusado pela CPI dos Sanguessugas de receber propina da máfia das ambulâncias, o deputado acabou desistindo de tentar a reeleição. Respondendo a processo de cassação no Conselho de Ética, ele se desligou do PSB em agosto e vai concluir o mandato sem qualquer vinculação partidária, após cinco movimentações em quatro anos.
As aventuras de Lino
Também denunciado pela CPI dos Sanguessugas, Lino Rossi (PP-MT) é outro que começa a esvaziar o gabinete. Apontado pelos empresários Luiz Antonio e Darci Vedoin, chefes da máfia das ambulâncias, como principal operador do esquema no Congresso, o deputado acumula no atual mandato quatro mudanças de partido.
Reeleito pelo PSDB em 2002, deixou os tucanos em julho de 2004 para se juntar à base aliada de Lula. No PSB ficou cinco meses até migrar para o PP. Em 14 de fevereiro do ano passado teve a mais breve experiência partidária de sua vida: menos de 24 horas no PMDB. Pelo menos é o que registra o histórico de movimentações da Câmara.
Segundo a assessoria do deputado, Lino foi para o PMDB após receber uma promessa da direção nacional do partido de que assumiria o comando da legenda em Cuiabá. Mas o deputado desistiu da mudança e voltar ao PP depois de perceber que sofreria resistência dos peemedebistas mato-grossenses, de acordo com o seu gabinete. Enrolado com a Justiça, Lino acabou não se candidatando à reeleição.
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