A CPI dos Correios pediu ajuda ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para rastrear os recursos remetidos para o exterior pelo empresário Marcos Valério Fernandes. A principal suspeita é de lavagem de dinheiro. A comissão procura entender um emaranhado de operações financeiras entre os negócios de Valério e um conjunto de empresas especializadas no envio de divisas para fora do país.
Uma das linhas de investigação da CPI é saber por que o empresário depositou, por meio de suas empresas, recursos no exterior. "Temos que responder primeiro para onde foi o dinheiro da SMP&B e por que foram utilizadas offshores (contas no exterior)", diz o sub-relator da comissão para assuntos de movimentação financeira, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).
Levantamento inicial da CPI aponta que a SMP&B, a Tolentino Associados e a 2S Participações, todas de Valério, repassaram cerca de R$ 11 milhões para as empresas RS Empreendimentos e Participações, Athenas Trading S.A., Trading Link e Guaranhuns Empreendimentos. A comissão suspeita que o dinheiro foi remetido para os Estados Unidos e três paraísos fiscais: Uruguai, Ilhas Cayman e Panamá.
Segundo o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), há indícios de lavagem de dinheiro envolvendo essas empresas. Os parlamentares da CPI querem verificar ainda se existe conexão com o montante que saiu da SMP&B para o publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha eleitoral do PT em 2002.
"Temos de saber se há conexão entre o dinheiro que saiu da agência, por intermédio das offshores , e os depósitos feitos nos bancos que abasteceram essa conta (do publicitário Duda Mendonça)", diz Fruet. A CPI vai utilizar os dados das contas CC-5 da empresa Beacon Hill, que foram revelados pela CPI do Banestado.
Entrave
Além da demora no acesso à informação de autoridades estrangeiras, um dos entraves para a investigação da remessa de recursos é a falta de consenso na análise dos requerimentos.
Somente na última quinta-feira é que foram aprovados os pedidos de quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da Athenas Trading, da corretora Bônus-Banval e da RS Empreendimentos.
Antes, já tinha sido quebrado o sigilo bancário da Guaranhuns. A comissão, porém, ainda não recebeu os dados da empresa. Nesta quarta-feira, o presidente da empresa, João Carlos Batista, deverá ser ouvido pela CPI dos Correios. Um dia antes, Batista vai depor na CPI do Mensalão.
Na avaliação dos integrantes da CPI, a abertura dessas contas é fundamental para que a comissão chegue ao destinatário final dos recursos. Para tornar os trabalhos mais ágeis, o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS) afirmou que apresentará proposta de criação de uma subcomissão para investigar apenas lavagem de dinheiro e emissão de divisas para o exterior. No momento, já existem três subcomissões em funcionamento e, em breve, será criada mais uma, a de fundos de pensão.
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