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DEMOCRACIA

O que a cultura pop tem a dizer sobre o autoritarismo

Em tempos de autoritarismo, figuras femininas da cultura pop representam não apenas um contraponto simbólico ao poder, mas uma nova forma de articulação política.

Gisele Agnelli

Gisele Agnelli

Larissa Alfino

Larissa Alfino

25/5/2025 13:00

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Política não se faz apenas nos palácios. A cultura pop tem se consolidado como campo de disputa simbólica com efeitos concretos sobre o comportamento político da população, principalmente da juventude. Na era das redes sociais, artistas e influenciadores passaram a pautar conversas sobre democracia, direitos e representatividade. E se esse fenômeno já era observado nos últimos anos, em 2024 ele se intensificou. A disputa entre Donald Trump e Taylor Swift se tornou um dos grandes embates culturais do ano e uma lente poderosa para refletirmos sobre o momento político atual, inclusive no Brasil.

"Swift não usou um tweet. Usou um hino. Em vez do embate direto, entregou uma resposta estética e coletiva". Adriano Vizoni/Folhapress

Desde que Donald Trump reassumiu a presidência dos Estados Unidos em 2025, uma figura em particular parece tê-lo tirado do sério: Taylor Swift. A rixa remonta a 2018, quando a cantora quebrou seu silêncio político para se posicionar contra a senadora ultraconservadora Marsha Blackburn. Desde então, Swift tem se consolidado como uma voz progressista, capaz de engajar milhões de jovens em pautas democráticas. Trump, por sua vez, intensificou seus ataques, chegando ao ponto de postar, em maio de 2025, uma frase grotesca: "Alguém notou que, desde que eu disse 'EU ODEIO A TAYLOR SWIFT', ela não é mais atraente?".

O insulto à aparência física da cantora está longe de ser inofensivo. Trata-se de uma estratégia clássica de misoginia performativa: reduzir mulheres ao seu valor estético, tentando deslegitimar sua opinião política. É a mesma lógica usada por Trump para atacar outras mulheres que o confrontaram, como Stormy Daniels, Rosie ODonnell e Nancy Pelosi. Mas Taylor Swift escolheu outro caminho para responder.

Em vez de rebater diretamente, Swift respondeu com o que sabe fazer de melhor: arte e narrativa. Três dias após o ataque de Trump, sua música "Look What You Made Me Do" apareceu em um dos momentos mais simbólicos da série distópica "O Conto da Aia", durante uma cena de levante feminino contra um regime autoritário. Não se sabe se a inserção foi proposital, mas o efeito simbólico foi imediato. Swift não usou um tweet. Usou um hino. Em vez do embate direto, entregou uma resposta estética e coletiva, que mobilizou afetos e imaginários.

A força de Swift vai além de sua música. Ela representa um poder que Trump não consegue controlar: o da cultura aliada ao capital político da juventude. Em 2023, uma simples postagem sua gerou mais de 35 mil registros de novos eleitores em 24 horas. Seu endosso pode mudar resultados em estados-chave. Ela é, para a campanha republicana, uma máquina de mobilização progressista. E o que a torna ainda mais ameaçadora para um perfil autoritário como o de Trump: ela o ignora.

O problema de Trump com Taylor Swift não é pessoal. É estrutural. Ela simboliza uma forma de engajamento político que não passa pelos caminhos tradicionais do poder. Sua existência é uma afronta ao controle que ele tenta exercer. Ela é a prova de que é possível fazer política pela via da cultura, sem pedir autorização a partidos, padrões ou padrinhos.

No Brasil, no entanto, ainda subestimamos esse potencial. Falta compreensão institucional sobre o poder da cultura e do afeto na mobilização política. Lideranças jovens e femininas têm encontrado mais espaço nas redes do que nas estruturas partidárias. Temos um dos eleitorados jovens mais conectados do mundo, mas que ainda é pouco ouvido e representado. Em vez de investir em figuras que dialogam com esse novo tempo, parte da política insiste em repetir padrões que afastam e desmobilizam.

Trump não odeia apenas Taylor Swift. Odeia o que ela representa: uma América que não o teme, não o quer, e que canta mais alto do que ele grita. Ela é a ruína estética de seu projeto autoritário. E talvez continue sendo seu alvo favorito justamente por isso: porque não há nada mais ameaçador para um narcisista do que uma mulher que brilha sem pedir permissão.

O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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