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Brasil: como nos posicionar diante da nova geoeconomia

Reaproximação entre China e Índia abre janela para o Brasil.

Luiz Carlos Mendonça de Barros

Luiz Carlos Mendonça de Barros

1/9/2025 15:00

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O encontro entre Xi Jinping e Narendra Modi, à margem da reunião da Organização para Cooperação de Xangai (SCO) em Tianjin - a primeira visita de Modi à China em sete anos - sinaliza uma reaproximação entre as duas maiores potências asiáticas em um momento em que as tarifas impostas pelos Estados Unidos sob Donald Trump reconfiguram o comércio global. Se a Ásia busca desenhar novos arranjos institucionais e de cooperação, o Brasil tem uma oportunidade extraordinária de se posicionar com ambição na distribuição de poder e influência da geoeconomia que está emergindo.

Um velho analista, um novo mundo

Escrevo como quem foi formado na ordem antiga, acompanhando por quatro décadas o vaivém de ciclos, crises e consensos na economia e na política. Fui um observador atento e minucioso e, em alguns poucos momentos, ator silencioso ao lado de líderes importantes da minha época.

Oito meses de governo Trump, em seu segundo mandato, bastaram para mostrar uma agenda de mudanças radicais que acontecem algumas vezes no cenário mundial. Diante desse quadro historicamente pouco frequente, os líderes públicos e privados das economias mais importantes passaram a tatear em busca de uma nova organização para enfrentar o isolacionismo ativista dos EUA. O encontro citado acima em Tianjin é um sinal claro de que a surpresa inicial está sendo superada, e é chegada a hora de negociar uma nova alternativa. A Ásia que transformou seu crescimento econômico e tecnológico sob as asas dos Estados Unidos busca claramente entrar no futuro a partir de ação multilateral coordenada.

Para o Brasil, a pergunta é direta: como nos organizar para enfrentar esses desafios e capturar as oportunidades desta nova ordem geoeconômica?

Reaproximação entre China e Índia abre janela para o Brasil.

Reaproximação entre China e Índia abre janela para o Brasil.Reprodução/X/PMOIndia

O que está mudando no tabuleiro

  • Degelo entre China e Índia. Os líderes afirmaram que a relação vive um período de aproximação e confiança mútua, após anos de tensões e uma disputa de fronteira prolongada. Nas palavras de Xi, os dois países devem ser parceiros, não rivais; Modi falou em clima de paz e estabilidade.
  • Tarifas e isolacionismo ativista dos EUA. A guinada protecionista norte-americana - com novas tarifas e um discurso de reindustrialização para dentro - desencadeou movimentos defensivos e de diversificação em outras grandes economias. A incerteza regulatória e comercial tende a persistir.
  • Ásia em modo pragmático. Após o choque inicial das medidas americanas, atores asiáticos aceleram negociações para reduzir vulnerabilidades, fortalecer cadeias regionais e ganhar autonomia tecnológica. A Europa, hesitante, acompanha; a Ásia, age.
  • BRICS e "Sul Global". Cresce a densidade institucional fora do eixo tradicional: novas pontes financeiras, comércio em moedas locais e projetos de infraestrutura que conectam mercados e encurtam rotas para o Pacífico.

Ideia-força: a disputa do século XXI está menos na geopolítica clássica das bases militares e mais na geoeconomia: cadeias produtivas, tecnologia, financiamento e padrões regulatórios.

Nova governança no Brasil: um gabinete de geoeconomia

Criar, no âmbito federal, um grupo executivo permanente (MDIC, Itamaraty, MAPA, Casa Civil, Fazenda, BNDES) com alguns objetivos estratégicos principais:

  • Mapa de riscos e oportunidades (tarifas, sanções, gargalos logísticos, janelas regulatórias);
  • Uma reforma do Estado brasileiro para se adaptar aos novos tempos;
  • Uma nova geração de políticos menos caipiras e mais voltados para fora;
  • Uma nova liderança empresarial preparada para a era da Inteligência Artificial na gestão das empresas;
  • Métricas de conteúdo local e encadeamento por cadeia produtiva estratégica;
  • Força-tarefa regulatória para habilitações sanitárias, certificações e facilitação aduaneira com parceiros asiáticos;
  • Engajar os setores privados e a Universidade nesta tarefa de acompanhar este processo extraordinário de mudanças e internalizá-los na nossa geoeconomia.

Conclusão: escolher o futuro

A geoeconomia que se consolida não espera por ninguém. A combinação de reaproximação asiática, redesenho tarifário americano e novas instituições financeiras abre uma janela rara. O Brasil tem escala, recursos, mercado e diplomacia para liderar no Atlântico Sul e se conectar ao Pacífico. Falta transformar os ensinamentos e derrotas do passado com um esforço conjunto para se adaptar a este mundo novo que a reunião entre China e Índia - atualmente os dois países com o maior crescimento econômico do mundo - nos indica.

Se acertarmos o passo agora, não escolheremos um lado"; estaremos pensando no futuro.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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