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Política paulista
28/10/2025 10:00
Desde que assumiu o governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) vem tentando equilibrar duas pressões distintas: a de manter o apoio do bolsonarismo, que foi definidor para a sua eleição, e a de governar com uma base ampla e pragmática. O resultado é um secretariado que diz muito sobre o que poderia ser um eventual governo Tarcísio em nível nacional.
Nós, da Fatto Inteligência Política (Arthur Santos Lira, Bernardo Livramento e eu), mapeamos todos os secretários estaduais e classificamos suas origens políticas em cinco grupos:
1. Cota Tarcísio
2. Cota PSD
3. Bolsonaristas
4. Cota Republicanos
5. Cota PP
A cota Tarcísio domina numericamente o secretariado: 11 nomes (quase metade do total) vieram de sua confiança direta, com perfil técnico e trajetória administrativa. Muitos deles são ex-colegas do Ministério da Infraestrutura ou da equipe federal entre 2019 e 2022, como o secretário de Gestão e Governo Digital, Caio Paes de Andrade, que foi presidente da Petrobras no governo Bolsonaro. É esse grupo que ocupa as áreas de execução - Fazenda (Samuel Kinoshita), Infraestrutura (Natália Resende), Justiça (Fábio Prieto), Parcerias (Rafael Benini).
Já a cota PSD ocupa seis pastas, entre elas Educação (Renato Feder), Saúde (Eleuses Paiva) e Habitação (Marcelo Branco), bastante robustas em recursos. Nomes vinculados ao PSD também lideram as pastas de Projetos Estratégicos (Guilherme Afif Domingos), Cultura (Marilia Marton), além de Relações Institucionais, esta comandada pelo presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, que lidera a articulação política do governo de SP.
O levantamento mostra que apenas quatro secretários podem ser considerados bolsonaristas - nomes cuja projeção política vem da onda de 2018 ou da militância na direita ideológica. São os casos dos secretários Guilherme Derrite e Guilherme Filizzola, das pastas de Segurança Pública e Agricultura, respectivamente. No entanto, mesmo no grupo dos bolsonaristas, nenhum foi indicado pela família Bolsonaro. As nomeações funcionaram como acenos à base bolsonarista, mas não como concessões de poder à família.
As cotas Republicanos (duas secretarias) e PP (uma secretaria) completam a coalizão, com peso menor.
O desenho mostra que Tarcísio governa a partir de um núcleo tecnocrático e não a partir do bolsonarismo. O grupo de Bolsonaro está representado em secretarias de apelo simbólico, como Segurança Pública, Administração Penitenciária, Agricultura e Políticas para a Mulher, mas em número reduzido e sem influência sobre o centro administrativo do governo. Essa estrutura ajuda a entender o incômodo de setores do bolsonarismo com o governador paulista.
Se projetarmos esse modelo para um eventual governo federal, o desenho seria o de um presidente de perfil técnico, com ministérios entregues a nomes de confiança pessoal e uma aliança com partidos de centro para dar sustentação política. Um governo sem as marcas ideológicas de Bolsonaro, e mais próximo da tecnocracia com verniz liberal-conservador.
Em resumo, o mapeamento do secretariado indica que o governo Tarcísio é politicamente desbolsonarizado. O núcleo real do poder está nas mãos do governador e do PSD de Kassab. Essa configuração serve como proxy da tensão com Eduardo Bolsonaro, o nome mais engajado da família, e de como essa relação se projetaria em um eventual governo federal.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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