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Lydia Medeiros
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Cenário político
28/11/2025 11:00
Há uma tentativa do mundo político de mostrar que a vida continua depois da prisão de Jair Bolsonaro. Falta muito, no entanto, para que a sensação seja de normalidade institucional. Os presidentes da Câmara e do Senado, por exemplo, ignoraram um convite do presidente da República para assistir à sanção da lei da isenção do Imposto de Renda para ganhos até R$ 5 mil, uma de suas principais promessas de campanha. Ambos se declararam rompidos com líderes governistas e preferiram não cumprir a liturgia que os cargos exigem.
Há poucos dias, a rusga de Davi Alcolumbre era com Hugo Motta, e a aliança entre o senador e o governo era só alegria. Recompor as relações entre os Poderes é um dever, mas, atualmente, é Lula que precisa do Congresso, onde tem minoria de votos, para chegar ao fim do governo. Com a obrigatoriedade das emendas ao Orçamento, o Legislativo deixou de ser dependente do Executivo, e cada parlamentar se tornou gestor de uma fatia das verbas públicas. Há muito acabou a época em que o Orçamento era instrumento de pressão do Planalto.
A estratégia eleitoral do presidente, porém, passa pela difamação do Congresso. Boa parte dos parlamentares pode merecer as críticas e o título de "inimigos do povo". No entanto, um projeto aprovado por unanimidade no Senado, como o que cria uma aposentadoria especial para agentes de saúde, pode não ser exatamente "maldade" ou "pauta-bomba". Para evitar a conta de R$ 40 bilhões da proposta (em uma década), o ministro Fernando Haddad cogita levar o caso ao Supremo, caso seja ratificada pela Câmara, sob o argumento (correto) de que não é constitucional criar despesas novas sem fonte de receita. Negociar uma saída parece estar fora da lista de opções do governo. O caminho judicial tem sido o mais promissor.
Lula está totalmente voltado à campanha eleitoral, como mostrou na solenidade de sanção da lei do IR. Transformou o ato em palanque, ao admitir que a revolução digital mudou a lógica da produção e acenar com reformas trabalhistas, como o fim da escala 6x1. Apesar do olhar para o futuro, seu governo ainda não conseguiu "conversar" com um importante setor do eleitorado que é fruto dessa revolução, os trabalhadores de aplicativo. Sua primeira ideia para regulamentar a atividade embutia a sindicalização e foi amplamente rejeitada. Em março do ano passado, um projeto foi apresentado. Agora, com o ministro Guilherme Boulos à frente, um novo Grupo de Trabalho vai refazer a proposta. O tempo é curto.
Enquanto Lula ensaia novas bandeiras eleitorais, a direita busca seu candidato. Aguarda-se uma suposta benção de Bolsonaro ao escolhido, mas a palavra do ex-presidente prisioneiro não vai bastar para que a oposição a Lula encontre seu rumo. O governador Tarcísio de Freitas, o primeiro da lista dos governadores-presidenciáveis que esperam o aval bolsonarista, deu um passo adiante, talvez para mostrar que não existe vácuo em política.
O governador paulista prometeu "tirar o Brasil do PT" com um "arranjo vitorioso", mesmo que ele não seja o protagonista. Antecipou como "pilares" de um programa da direita a reciclagem de um dos mantras do governo Bolsonaro, entoado à exaustão - e sem sucesso - pelo ex-ministro Paulo Guedes: desburocratização, desindexação e desvinculação. São princípios atraentes para o mercado financeiro. Para o Congresso, nem tanto. Guedes colocou-os numa proposta de emenda constitucional e chamou o pacote de Pacto Federativo. Boicotado pelo próprio Bolsonaro, foi derrotado.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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