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Eleições em um país que se acostumou ao inaceitável

A normalização da corrupção corrói a democracia e que o próximo ciclo eleitoral exige critério, memória e rejeição ao improviso político.

Cris Monteiro

Cris Monteiro

30/12/2025 9:00

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O Brasil entra em mais um ciclo eleitoral sob um cenário conhecido e profundamente desgastado. Escândalos se acumulam, crises se repetem e a sensação de impunidade permanece. Ainda assim, parte do debate público insiste em tratar as eleições do próximo ano como apenas mais uma disputa de nomes, slogans e promessas vazias. Esse é um erro grave.

Os fatos são claros: no Brasil, a corrupção deixou de ser exceção e passou a ser tratada como regra. Mais grave do que sua recorrência é a sua normalização. Ela já não causa espanto, apenas cansaço. Para muitos, tornou-se algo esperado, quase automático, como se fizesse parte do funcionamento natural da política.

A fraude no INSS, por exemplo, escancarou a fragilidade de um Estado incapaz de proteger recursos destinados justamente aos mais vulneráveis. Já o desvio de recursos da cota parlamentar, investigado pela Polícia Federal na Operação Galho Fraco, envolvendo supostos esquemas de locação de veículos, mostra como mecanismos criados para viabilizar o exercício do mandato são sistematicamente apropriados para fins privados. A prisão do presidente da Alerj pela Polícia Federal, sob suspeita de vazamento de informações sigilosas de uma operação que levou à prisão do deputado TH Jóias — apontado como braço político do Comando Vermelho — ultrapassa qualquer limite de normalidade democrática.

O problema se aprofunda quando episódios simbólicos expõem a distância entre autoridades e a realidade da população. A revelação de que o ministro do STF Dias Toffoli viajou para a final da Libertadores acompanhado de um advogado ligado ao caso do Banco Master não é irrelevante nem banal. O país já se acostumou a ver conexões políticas, decisões regulatórias questionáveis e relações promíscuas entre o poder econômico e o poder público.

Quando escândalos deixam de chocar, a democracia perde.

Quando escândalos deixam de chocar, a democracia perde.Antonio Augusto/Ascom/TSE

E nada disso é subjetivo. O Índice de Percepção da Corrupção 2024, divulgado pela Transparência Internacional, colocou o Brasil em sua pior posição histórica: 107º entre 180 países. Não é apenas a imprensa ou a oposição que apontam o problema. É a própria sociedade, medida de forma objetiva, indicando que o país anda para trás.

Não surpreende, portanto, que pesquisas de 2025 mostrem que a corrupção voltou a ser percebida como o maior problema nacional, superando economia, desemprego e segurança pública. A razão é simples: corrupção não é um tema abstrato. Ela se traduz em serviços precários, obras mal executadas, contratos mal fiscalizados e crises que poderiam ser evitadas.

A crise enfrentada por cidades como São Paulo no início de dezembro é um exemplo eloquente. Foram mais de quatro dias sem água e sem luz em diversas regiões, prejuízos milionários para famílias e pequenos negócios, caos urbano e ausência de respostas eficazes. Se as eleições ocorressem em pleno período de chuvas, talvez esse colapso estivesse mais vivo na memória do eleitor. Fora desse contexto, corre-se o risco de, mais uma vez, normalizar o inaceitável.

Esses episódios não são fatalidades climáticas nem "problemas técnicos inevitáveis". São consequência direta de má gestão, contratos mal desenhados, fiscalização frouxa e decisões políticas que priorizam interesses privados em detrimento do interesse público.

É por isso que as eleições do próximo ano exigem mais do que indignação momentânea. Exigem critério. Exigem que o eleitor deixe de premiar improviso, populismo e carreiras construídas sem nenhuma entrega concreta. O Brasil não sofre por falta de diagnósticos; sofre por falta de consequência. As eleições que se aproximam representam uma oportunidade rara de romper esse ciclo — ou de confirmá-lo mais uma vez. A diferença, desta vez, estará menos nos candidatos e mais na disposição do eleitor de não aceitar o mesmo roteiro de sempre.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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