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19/7/2021 | Atualizado 10/10/2021 às 15:51

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Sindicato teme que, com aprovação do PL dos agrotóxicos, a Anvisa perca a participação na análise de substâncias nocivas. Foto: Agência Brasil

Sindicato teme que, com aprovação do PL dos agrotóxicos, a Anvisa perca a participação na análise de substâncias nocivas. Foto: Agência Brasil
Chegamos ao fim do primeiro tempo de jogo (legislatura 2021) no legislativo federal. Hora de passar a régua, respirar um pouco, avaliar tecnicamente o cenário e se preparar para o segundo tempo (semestre). O computo final do primeiro tempo mostra uma reversão do quadro equilibrado dos últimos dois anos. A bancada do Ogronegócio, nos primeiros dois anos dessa legislatura, não conseguiu tocar adiante sua boiada. PL de Mineração em Terra Indígena (PL 191 de 2019), MP da Grilagem (MP 910/2019), PL de Licenciamento Ambiental (3271 de 2004) dentre outros prioritários para o Ogronegócio não avançaram no legislativo federal. Como já avaliamos no contexto do Painel Parlamento Socioambiental, o trabalho incansável de poucos, mas dedicados parlamentares da Frente Parlamentar Ambientalista e a articulação e mobilização da sociedade civil organizada foram cruciais, mas também foi importante e certeira a pressão sobre o então presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, que priorizou o combate à pandemia em detrimento das agendas oportunistas da ala radical da Frente Parlamentar Agropecuária. Essa moderação exercida pelo presidente Maia nos dois anos de seu mandato à frente da Casa, se colocando como contraponto equilibrado ao negacionismo antiambientalista do presidente Jair Bolsonaro, custou-lhe a não eleição de Baleia Rossi, seu candidato à presidência da Câmara nessa legislatura. O equilíbrio mínimo entre as pautas da frente agropecuária e as de efetivo interesse nacional se perdeu. A presidência da Comissão de Meio Ambiente da Câmara ficou nas mãos de uma bolsonarista de carteirinha e, em poucos meses, a Câmara já aprovou na comissão de Constituição e Justiça (CCJ) o PL 490/2007 que estabelece limites inconstitucionais para demarcação de territórios indígenas, e em plenário o PL de licenciamento ambiental com retrocessos inaceitáveis e o regime de urgência aos PLs 2633, que está servindo de carona para a ressurreição da MP 910, a MP da Grilagem, e 984 de 2019 que institui uma nova figura de área protegida no âmbito do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, a Estrada Parque, que além de ser um PL que pretende abrir a estrada do Coluno ao tráfego cortando ao meio o Parque Nacional do Iguaçu, se aprovado poderá estimular asfaltamento e reabertura de estradas em áreas sensíveis por exemplo na Amazônia. O PL de Licenciamento é bom lembrar foi aprovado com
  1. Desestruturação do SISNAMA com total liberdade aos estados e municípios definirem os empreendimentos que deverão passar por licenciamento ambiental sem um parâmetro mínimo nacional.
  2. Expansão do uso da Licença por Adesão e Compromisso (uma espécie de auto-licença, automática) para empreendimentos de médio e alto impacto, com fiscalização por amostragem.
  3. Dispensa de responsabilidade de grandes empreendimentos de infraestrutura ter que adotar medidas preventivas, mitigadoras e compensatórias para impactos indiretos, que muitas vezes pode ser um impacto ainda maior do que os impactos diretos de determinadas obras.
  4. Redução de salvaguardas para o caso de impactos em territórios indígenas ou quilombolas pois só reconhece Tis homologadas e terras quilombolas tituladas.
  5. Total desconsideração em relação aos instrumentos de ordenamento do território (ZEE) e aspectos relacionados a mudanças climáticas
  6. Retrocesso em relação à corresponsabilidade de instituições financeiras nos casos de impactos de obras e empreendimentos por elas financiadas.
Organizações ligadas ao Observatório do Clima, dentre elas o IDS, enviaram essa semana carta ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, demandando que o PL, agora sob o número 2159 de 2021, tramite pelas comissões já que por decisão do presidente Pacheco as comissões serão retomadas a partir do segundo semestre. O PL 490, defendido pela bancada ruralista e aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara em maio passado, em meio a várias manifestações indígenas em Brasília, prevê modificações nos direitos territoriais indígenas previstos na Constituição Federal de 1988, inviabilizando, na prática, a demarcação de terras indígenas e abrindo terras demarcadas para os mais diversos empreendimentos econômicos, como agronegócio, mineração e construção de hidrelétricas. O PL propõe a consolidação da tese do marco temporal através do qual só teriam direito à demarcação e homologação aquelas terras ocupadas pelos indígenas na data da promulgação da constituição (outubro de 1988), tema controverso objeto de discussão pelo STF. O PL Estrada Parque, PL 984 de 2019, a pretexto de criar uma modalidade de unidade de conservação na verdade abre uma exceção legal para rasgar unidades de conservação de proteção integral por todo país. Inverte o conceito originário de Estrada Parque que é a criação de um parque no entorno de alguma rodovia com paisagens exuberantes ou atributos socioambientais e culturais que justifiquem a criação dessa figura de proteção. NO caso ela será utilizada para converter Unidades de Conservação (UC) de proteção integral já criadas para permitir duplicação, asfaltamento e até abertura (ou reabertura) de estradas dentro de UCs já criadas. O artigo 3 do referido Projeto de Lei é a prova disso, pois ele usa uma lei geral para permitir a reclassificação de parte do Parque Nacional mais famoso e mais visitado do Brasil para reabertura de uma estrada fechada por decisão do STF. Por fim, o PL 2633 a pretexto de facilitar a regularização fundiária de pequenos imóveis está se tornando, como já prevíamos, uma grande oportunidade para o governo e a bancada do Ogronegócio ressuscitar a MP da Grilagem. A urgência foi votada no dia 13 de julho e no dia seguinte, o governo propôs um substitutivo de plenário com praticamente toda MP de volta. O Ogronegócio liderado pelo governo com forte apoio do presidente Arthur Lira pretende viabilizar regularização fundiária facilitada e com desconto de até 90% no preço da terra para quem ocupou áreas de até 2,5 mil hectares até dezembro de 2014. A legislação atual permite regularização de imóveis com até quatro Módulos Fiscais (até no máximo 440 hectares) que ocuparam áreas públicas até julho de 2008. A novidade importante aqui é que o Ogronegócio está tendo que debater internamente com uma corrente que está de fato preocupada com o agronegócio brasileiro. Enquanto a maioria da Frente Parlamentar Agropecuária insiste na ressurreição da MP da Grilagem via PL 2633, parlamentares ligados ao agronegócio mais esclarecido estão resistindo bravamente ao retrocesso. A aprovação do PL 2633, sem quaisquer emendas ou destaque, como querem alguns parlamentares do Agronegócio, sem aval da bancada ambientalista, embora dispensável e desnecessário, seria considerada uma inesperada derrota para a bancada do Ogronegócio. Há uma luz no final desse túnel? Seria isso um indicativo de que algo novo está surgindo? Estamos assistindo de fato a semeadura de uma bancada (ESG) do agronegócio responsável que se diferenciará do velho e tosco Ogronegócio? Seria algo realmente muito auspicioso e um alento para o desenvolvimento agropecuário sustentável do Brasil. O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected]. > Leia mais textos do autor.  
Se você chegou até aqui, uma pergunta: qual o único veículo brasileiro voltado exclusivamente para cobertura do Parlamento? Isso mesmo, é o Congresso em Foco. Estamos há 17 anos em Brasília de olho no centro do poder. Nosso jornalismo é único, comprometido e independente. Porque o Congresso em Foco é sempre o primeiro a saber. Precisamos muito do seu apoio para continuarmos firmes nessa missão, entregando a você e a todos um jornalismo de qualidade, comprometido com a sociedade e gratuito.
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bancada ruralista Jair Bolsonaro agronegócio demarcação de terras indígenas mineração licenciamento ambiental Rodrigo Maia arthur lira Observatório do Clima Rodrigo Pacheco Baleia Rossi Frente Parlamentar Ambientalista MP da Grilagem Frente Parlamentar Agropecuária André Lima MP 910/2019 Ogronegócio PL 191 de 2019

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