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19/1/2021 | Atualizado 10/10/2021 às 13:55
Neste momento, em plena pandemia do covid-19, com mais de 200 mil brasileiros mortos, mais de oito milhões infectados (acumulado) e um recrudescimento da disseminação ("segunda onda"), crescem as "resistências" às vacinas desenvolvidas para combater a doença, em especial a variante elaborada pelos chineses (Coronavac).
É inegável a existência de inúmeras "objeções" relacionadas com a vacinação para o enfrentamento à covid-19. Sem esgotar as ressalvas, podem ser destacados:
a) as disputas políticas, notadamente entre os governos federal e paulista. É no mínimo estranha a busca desenfreada do governo federal por dois milhões de doses da vacina Oxford-AstraZeneca na Índia quando São Paulo recebeu e tem armazenadas, segundo várias notícias da imprensa, mais de dez milhões de doses da Coronavac;
b) as dúvidas quanto ao surgimento (natural ou artificial) do vírus e possíveis desdobramentos daí decorrentes;
c) os poderosos interesses econômicos, notadamente dos grandes laboratórios farmacêuticos;
d) a utilização de tecnologias inéditas;
e) o desenvolvimento e os testes em prazos muito exíguos quando comparados aos realizados em relação a outras vacinas no passado;
f) a considerável quantidade de técnicos que, especialmente nas redes sociais, discordam com veemência das visões majoritárias ou divulgadas pela grande imprensa (em relação à pandemia, tratamentos, medicamentos, providências de isolamento social, uso de máscaras, vacinações, etc) e
g) a "sensação" de desorganização e falta de eficiência na administração do combate ao vírus (observe-se a situação desesperadora de Manaus e a infindável saga logística envolvendo uma estranha dicotomia entre a produção/estoque de cloroquina e uma aparente insuficiência de seringas e agulhas). O aprofundamento do debate acerca desses e outros pontos é fundamental para uma adequada percepção do (extremamente) complexo contexto vivenciado e os riscos envolvidos nos vários cenários que podem ser desenhados.
Temos, entretanto, um problema de fundo de importância capital. Os legítimos e necessários questionamentos aos mecanismos sociais, políticos e econômicos que produzem mazelas, de todas as ordens e naturezas, não podem, sob pena de uma volta estarrecedora às cavernas, ao estado de atureza, a lei do mais forte ou qualquer outra proclamação semelhante, afastar um acordo civilizatório mínimo que compreende, mas não esgota, conquistas científicas consolidas com inegáveis frutos colhidos ao longo da história.
Nesse sentido, um dos mais emblemáticos disparates que tive o desprazer de tomar conhecimento foi proferido, por incrível que pareça, pelo senhor Jair Messias Bolsonaro. Afirmou o presidente da República: "Eu tive a melhor vacina, foi o vírus. Sem efeito colateral".
Em suma, as várias vacinas produzidas contra a covid-19 apresentam dúvidas e riscos (maiores ou menores). Entretanto, nenhum deles parece, isolada ou conjuntamente, superar os danos em termos de vidas e sofrimentos provocados pela doença (temos milhões de casos no Brasil e no mundo como base empírica para essa última afirmação).
Assim, só me resta acreditar na consciência de um mínimo civilizatório dos envolvidos, com suas complexidades, contradições, defeitos e interesses, no amplo processo de produção e administração das vacinas. O vírus, esse sim, vive em total estado de barbárie, por assim dizer. Produz e produzirá o pior resultado que as condições físico-orgânicas que encontrar permitam.
Recuso-me a conceber, de forma racional ou intuitiva, que milhares e milhares de pessoas, em instituições públicas e privadas (laboratórios, imprensa, governos, organismos internacionais, etc),
consumam seus tempos e energias para maltratar e matar, numa espécie de torneio macabro cujo oponente é o vírus.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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