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27/7/2021 | Atualizado 10/10/2021 às 16:05

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Paulinho comemora gol nas Olimpíadas de Tokyo [fotografo] Reprodução redes sociais [/fotografo]

Paulinho comemora gol nas Olimpíadas de Tokyo [fotografo] Reprodução redes sociais [/fotografo]
Oxalá chegou para o semanal encontro com Emanuel e Jaci com um excepcional humor. Seu rosto não conseguia disfarçar o contagiante sorriso. Acabara de chegar do Orum, após uma reunião com os orixás sobre as demandas despachadas nas tendas e terreiros. As súplicas sempre foram variadas, os demandados e as oferendas também. Essas assembleias sempre foram importantes para que os orixás compreendessem o que ocorria no Aiê e, assim, trocarem experiências e saberes sobre os quereres da humanidade. A pandemia, as mortes evitáveis, o ódio disseminado em mentiras e os atos racistas em gestos arrogantes eram pautas reiteradas que tiravam o sossego dos espíritos e dos mortais.  Em razão disso, as sessões - ainda que intercaladas pelos sons dos atabaques, xequerês e agogôs - eram complexas, tensas, calorosas e cerimoniosas. - Èpa Bàbá! - saudou, curiosa e alegremente, Jaci. - O que aconteceu no Orum? O seu rosto é só alegria. - "Alegrai-vos com os que se alegram" - complementou Emanuel, também contagiado com o humor do amigo orixá. - Vocês não sabem o que aconteceu na reunião - gargalhou Oxalá. - Ninguém conteve o sorriso... - Conte logo Oxalá - interrompeu Jaci, sempre brincando. - Antes que Emanuel estrague o suspense e exerça a sua onisciência. - Ni bayi! Estávamos todos reunidos no Orum. Um silêncio digno de Olorum. A palavra estava com Xangô. E ele, bem sério em sua voz de trovão, fazia uma síntese dos graves problemas que atingem o Aiê e o nosso povo - retomou Oxalá. - O fato engraçado ocorreu quando Xangô explicava os últimos ataques racistas contra os terreiros, inclusive por policiais... - Nde nhyrõ! - exclamou Jaci, com voz severa. - Como é possível achar engraçado algum assunto relacionado ao racismo? Racismo é coisa séria, humilha, mata... - "Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se" - sussurrou Emanuel, citando Tiago 1:19. - Sabe, Emanuel! Estou na fase lunar de tolerância zero - posicionou-se Jaci. - Estou cansada de testemunhar machistas com "brincadeiras" que se convertem em feminicídio, "piadas" que machucam seriamente e essas "coisas ditas sem querer querendo". - Humildemente, peço desculpas, Jaci! - penitenciou-se Emanuel. - Eu não quis censurar você. Apenas que se esperasse Oxalá concluir a história. - Aûîé! Eu sei que vocês não toleram o racismo, o machismo e a intolerância religiosa - retomou Jaci, logo citando, em sorriso enigmático, uma das frases do próprio Emanuel. - "Aquele que não tiver pecado, atire a primeira pedra". - Jaci, você razão em nos lembrar de que a maldade estrutural tem que ser demolida - reconheceu Emanuel. - Inclusive o meu erro de ter interrompido você. - A sua humildade é bíblica. Madalena sempre elogiou você, pois, diferentemente de seus amigos, nunca a interrompeu quando falava ou pregava - reconheceu Jaci. - Mas agora a deselegante está sendo eu, que não deixei Oxalá concluir a história hilária de Xangô. - A história não tem relação com a narrativa de Xangô, Jaci - sorriu Oxalá. - Mas, como diria aquele ator fantástico Paulo Silvino, você "não esperou eu molhar o bico". - "É que eu sou uma peça", como diria o maravilhoso Paulo Gustavo - gargalhou Jaci, provocando uma risada geral. - Pois bem! O silêncio estava ensurdecedor, o que ampliava a voz de Xangô - continuou Oxalá em suspense. - Até que se ouviu um grito forte na sala. Completamente descontextualizado. E sabe que grito era, Jaci? - Eu sou lá de entender de grito de orixás! - sorriu Jaci. - Conte logo, antes que Emanuel adivinhe. - Goooooooooooooool!! - deixou escapar o onisciente Emanuel, imitando o autor da comemoração esportiva. - Não estou entendendo nada! - exclamou Jaci. - Era uma reunião ou um jogo? - Uma reunião super séria, como já falei - esclareceu Oxalá, em risada incontida. - Mas no meio da reunião, não me pergunte como, Oxóssi disse que recebeu uma mensagem de um terreiro e não conseguiu conter o grito de gol. - E Oxóssi é caçador ou jogador? - perguntou Jaci. - Onde já se viu ficar jogando em plena reunião. - Na verdade, acho que Oxóssi não estava jogando. Ele estava era se gabando - seguiu gargalhando o orixá narrador. - O grito de gol foi utilizado para potencializar a sua estampada vaidade. - O que foi de muita sagacidade - gargalhou Emanuel. - Já sintonizado com o que ocorrera. - E foi mesmo o que ocorreu! Quebrado o silêncio, Olorum interrompeu a reunião e os orixás olharam, simultaneamente para Oxóssi, que não parava de pular e exaltar, alegremente, o nome de Paulinho. - Paulinho? É algum orixá novo? - perguntou Jaci, ainda sem entender a história. - Nada disso Jaci! - esclareceu Oxalá. - É que Paulinho, um dos jogadores da seleção brasileira de futebol, ao comemorar o gol que fizera nas Olimpíadas, fez uma bela e ensaiada homenagem à Oxóssi. - Muito justo o gesto desse Paulinho - vibrou Jaci. - É uma forma bacana de quebrar a intolerância contra os orixás. - Justo é!  - concordou Emanuel. - Ainda mais quando a homenagem é testemunhada em rede mundial. - Então! Imagine a vaidade de Oxóssi com a projeção internacional inesperada e a ciumeira coletiva jogada no ar - seguiu narrando o humorado Oxalá. - Um gol de placa que acabou com a reunião no Orum. - Mas que certamente continuou nos terreiros de Oxóssi - concluiu Jaci, para depois cantarolar. - "Samborê, pemba, é folha de jurema. Oxóssi reina de norte a sul". - Okê Oxóssi! - saudou Oxalá. O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected]. > Leia mais textos da coluna Parábolas: Emanuel, Jaci e Oxalá.
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