Senado Federal aprovou um requerimento de convite para que o ex-ministro do MEC Abraham Weintraub compareça a Comissão de Educação. [fotografo] Marcos Corrêa/PR [/fotografo]
O ministro da Educação,
Abraham Weintraub, prestou depoimento por escrito na sede da Polícia Federal na tarde desta quinta-feira (4). O ministro está respondendo a uma acusação de racismo, por ter se referido de
maneira preconceituosa aos chineses. As informações são do jornal O Globo.
"A liberdade é a coisa mais importante em uma democracia. E a primeira coisa que vão tentar calar é a liberdade de expressão. Obrigado pelo apoio, gente", disse o ministro em um megafone ao deixar o prédio da PF em Brasília. Apoiadores de Weintraub o carregaram nos ombros.
Por meio de suas redes sociais, o ministro afirmou ter prestado depoimento "em respeito à polícia". O presidente
Jair Bolsonaro comentou o post, se limitando a dizer: "BRASIL!".
Mais cedo, Weintraub afirmou ter entrado com novo recurso ao STF (Supremo Tribunal Federal) para adiar o depoimento. O pedido não teve tempo de ser analisado pelo relator, ministro
Celso de Mello. No fim de maio, o ministro ficou em silêncio ao prestar depoimento sobre as declarações feitas contra o STF na reunião ministerial de 22 de abril.
Histórico
No dia 4 de abril, Weintraub publicou uma imagem do Cebolinha, personagem da Turma da Mônica, com uma piada trocando o "r" pelo "l", em um nítido insulto à maneira em que alguns chineses falam português. O ministro então associou a pandemia de coronavírus ao país, maior parceiro comercial do Brasil, como se a China tivesse interesses na epidemia de
covid-19.
O inquérito chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 14 de abril. Ele foi solicitado pelo vice-procurador-geral da República,
Humberto Jacques de Medeiros. A representação foi protocolada pelo Psol e por um grupo de cidadãos anônimos.
No Brasil, quem pratica, induz ou incita discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, pode pegar de um a três anos de prisão e multa. A pena pode ser agravada se for praticada através de meios de comunicação, chegando a cinco anos.
Na procuração, o partido socialista afirma que "casos de xenofobia e racismo contra chineses, migrantes e descendentes de asiáticos em geral se multiplicaram no mundo e no Brasil". "A estudante de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro Marie Okabayashi, por exemplo, registrou em vídeo o momento em que uma senhora a chamava de "chinesa porca" no metrô da cidade do Rio de Janeiro ainda em janeiro. O caso da estudante, que sequer possui ascendência chinesa, mas sim japonesa, chama a atenção para a construção social mais ampla da discriminação contra migrantes asiáticos e seus descendentes no Brasil e no ocidente de modo geral", exemplifica a ação.
