Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
Autoria e responsabilidade de Ana Luiza de Carvalho
12/12/2018 | Atualizado 13/12/2018 às 1:23
Outra possibilidade aberta com a proposição são as indicações políticas para funções hoje desempenhadas por técnicos. Relator da resolução, Arnaldo Jardim (PPS-SP) incorporou ao seu texto a emenda de Paulo Pimenta sobre o livre manuseio dos cargos pelo comando dos partidos.
Segundo a sugestão do líder petista, as lideranças de bancada poderão modificar o número de servidores de carreira e dos chamados cargos comissionados, que não exigem concurso - neste caso, até deputados não reeleitos poderão ser nomeados livremente em tais postos. As estruturas de gabinete das lideranças, atualmente, têm direito a um número fixo de cargos comissionados (sem necessidade de concurso público) e de funções comissionadas (servidores concursados/de carreira).
Foi rejeitado em plenário justamente o destaque do PSDB que queria barrar a permissão para que líderes de partido transformem funções comissionadas em CNEs, ou vice-versa. Mantida a autorização, as lideranças só não poderão transformar os postos nos casos de chefe de gabinete, chefe de secretaria e assessor de plenário, e também não poderão gerar acréscimo de despesa com pessoal com eventuais reformulações.
Lei dos mais fortes
A proposição redesenha as estruturas de liderança segundo a cláusula de desempenho aprovada na mais recente minirreforma eleitoral aprovada no Congresso. Aplicada já nas eleições de outubro passado, a regra deixou de fora da Casa partidos históricos e representativos, como PCdoB e Rede, e resultou em um quadro com 30 partidos representados na Câmara - 14 foram atingidos pela regra de corte e já negociam fusões. Atualmente, são 25 os partidos representados, e o aumento de estruturas partidárias foi justamente o motivo alegado para a apresentação do projeto de resolução.
> Partidos de Marina, Cabo Daciolo e outros 12 perdem direito a fundo e podem ser extintos
> Atingido pela cláusula de desempenho, PCdoB incorpora PPL
Vários parlamentares criticaram a emenda, como a 1ª vice-líder do PCdoB na Câmara, Alice Portugal (BA). Dirigindo-se ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a deputada afirmou que, ainda que não haja aumento de despesa, a alteração desvaloriza os servidores públicos da Câmara. "Talvez a sociedade brasileira não tenha noção dos técnicos de carreia dessa Casa, uma das carreira que exige mais especialização. A reversão de cargos de carreira em cargos comissionados afastara a política do conteúdo na fonte dos especialistas", protestou Alice. Rodrigo Maia rebateu: "Não caberá nenhum concurso porque não há carreira, não há meritocracia, e todos chegam ao teto muito rápido. Os servidores da Câmara são de muita qualidade, mas têm uma carreira muito boa", retrucou. [caption id="attachment_368744" align="alignnone" width="700"]
Alice Portugal foi uma das vozes em plenário contra o projeto de resolução" width="700" height="462" /> Alice Portugal foi uma das vozes em plenário contra o projeto de resolução - Foto: Reprodução[/caption]
Já o líder do PP, Arthur Lira (AL) disse ter estranhado os termos do projeto. "A informação que nós temos é que o fato de a Mesa criar mais uma liderança que representa a Maioria e mais uma liderança que representa a Minoria forçará a Mesa a levar os Cargos de Natureza Especial para essas lideranças. Isso vai criar despesa, vai alterar o orçamento", ponderou, também questionando o presidente da Câmara.
"Só com a manutenção da Resolução nº 1 [sobre cargos nas lideranças], já há um aumento automático de despesa. O que nós estamos dizendo é que não há um aumento de despesa no orçamento da Câmara. Você vai cancelar alguma despesa e transferir para outra. Agora, se nós não aprovássemos nada, já seríamos obrigados a fazer a mudança no orçamento da Câmara", insistiu Maia.
Trem sem freio
Não é novidade a denúncia que deputados fazem a respeito dos "trens da alegria" sazonais, geralmente negociados em plenário ao final de cada legislatura. Como este site mostrou em março de 2016, a Câmara aprovou uma espécie de promoção para que funcionários de nível técnico fossem alçados, sem prestação de concurso público, à escala remuneratória dos analistas legislativos, que têm os mais altos salários da instituição.
Apelidado de "novo trem da alegria" nos corredores da instituição, o reenquadramento de status representou um impacto orçamentário extra, a médio prazo, de R$ 250 milhões para os cofres públicos, segundo estudo encaminhado por especialistas da Câmara ao Congresso em Foco. O assunto foi tratado pela própria Mesa Diretora que à época era encabeçada pelo ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos primeiros caciques MDB condenados e presos em decorrência da Operação Lava Jato.
> "Trem da alegria" na Câmara avança e pode beneficiar 3 mil servidores
Veja alguns pontos da resolução: - O texto diz que a reorganização acompanha outras mudanças do Legislativo que ocorreram recentemente, como a criação da cláusula de barreira - De acordo com a resolução, se houver excesso de pessoal os servidores comissionados ou de Cargos de Natureza Especial devem ser exonerados ou dispensados. Já se for constatada a necessidade de uma contratação extra, ela deverá ser autorizada expressamente por um anexo na Lei Orçamentária Anual (LOA), legislação preparada ao final de cada ano - O texto determina ainda que o parlamentar titular do setor pode substituir o controle biométrico ou folha diária dos servidores por uma comunicação mensalTags
Temas
Congresso Nacional
Davi quer identificar autores de ataques "Congresso inimigo do povo"
Voto Restrito
Crimes contra democracia
Zé Trovão quer revogar crime de golpe e ataque ao processo eleitoral