O PFL usou todos os 11 minutos de seu programa partidário em rede nacional de televisão, ontem, para acusar o presidente Lula de ser "o comandante do maior esquema de corrupção já mascarado em nosso país". Nenhum político pefelista apareceu no programa, e o nome do partido não foi mencionado em momento algum. Ao final do programa, um selo que identifica a sigla foi exibido por apenas seis segundos.
Como recurso para reforçar a tese, o programa exibiu uma maquete do interior do Palácio do Planalto para ressaltar a proximidade do gabinete de Lula com os principais nomes da "quadrilha" denunciada pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, por corrupção ativa e desvios de verbas públicas. "Então, Lula é incapaz de controlar até mesmo seu ambiente de trabalho?", questiona um ator.
O programa mostrou ainda o presidente se referindo de forma íntima a três dos principais personagens envolvidos nos escândalos que abalaram o governo nos últimos 13 meses: o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu; o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. O presidente aparece elogiando cada um deles, após eles terem deixado os cargos no governo e no partido por não conseguirem se defender de denúncias.
Sobre o ex-chefe da Casa Civil, o programa mostra a afirmação de Lula que "feliz do país que tem um político da magnitude de José Dirceu". Lula aparece, igualmente enfático, chamando o ex-tesoureiro de "nosso Delúbio" e quando afirma ter com Palocci "uma relação de companheiro, possivelmente mais do que a relação de irmão".
"O presidente diz que não via nada, mas a seu lado os amigos construíram uma organização criminosa sem precedente no nosso país", afirma o programa do PFL.
Além de Lula e das acusações contra seus ex e atuais auxiliares, são exibidas a entrevista do procurador-geral denunciando a "quadrilha", da notícia crime protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), além de cenas do quebra-quebra do MLST na Câmara, seguido do apelo: "Não dá mais para deixar o país nas mãos dele."