A oposição ganhou mais munição contra o governo na CPI dos Correios durante depoimento do coordenador-geral de Operações Sistêmicas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Edgard Lange. O agente admitiu que o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Félix, determinou a suspensão das investigações na estatal quando a apuração se aproximava da diretoria de Tecnologia dos Correios. Afastado do cargo desde o surgimento das primeiras denúncias, o diretor do departamento, Eduardo Monteiro, teria sido indicado pelo secretário-geral do PT, Sílvio Pereira.
"Confesso que no dia 16 de maio, quando fizemos o último relatório, estávamos nos aproximando dessa área (diretoria de Tecnologia). No dia seguinte recebemos a ordem do ministro para parar", contou Lange.
Segundo o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), os setores de Tecnologia e de Operações seriam os principais focos de corrupção na estatal, por meio de processos licitatórios fraudulentos. A denúncia foi reforçada pelo ex-funcionário dos Correios Maurício Marinho. Os dois são acusados de participar de um esquema de corrupção na empresa.
Lange negou a acusação de Jefferson de que a agência estaria por trás da gravação que detonou todo o escândalo. De acordo com ele, a Abin investigou os Correios entre os dias 5 de abril e 16 de maio, quando teria recebido determinação do ministro para interromper os trabalhos. Nesse período, afirmou, os agentes não teriam sequer chegado ao nome de Marinho. Eles teriam produzido, no entanto, 16 relatórios sigilosos sobre o caso.
A CPI dos Correios também ouviu ontem o ex-agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Jairo Martins de Souza, responsável pela gravação em que Marinho aparece embolsando R$ 3 mil em troca de favorecimento em processo licitatório. Jairo alegou que participou da encenação movido por "espírito jornalístico" e "patriotismo".
Conhecido por ter gravado o vídeo em que o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz pede propina ao bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Jairo apresentou versão diferente da relatada pelo empresário Arthur Wascheck Neto, mandante confesso da gravação. Diferentemente do que disse Wascheck, o ex-agente da Abin contou que, desde o início, havia a intenção de repassar o vídeo à imprensa.
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