Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Internacional
Congresso em Foco
28/4/2025 17:52
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, defendeu nesta segunda-feira (28) que os países do Brics atuem diplomaticamente para buscar soluções para conflitos regionais e guerras. A declaração foi feita na abertura do encontro de ministros de Relações Exteriores do grupo, que reúne 11 países emergentes e em desenvolvimento, no Rio de Janeiro.
Entre os presentes estava Sergey Lavrov, chanceler da Rússia, país envolvido na guerra com a Ucrânia desde fevereiro de 2022. No discurso, Vieira evitou citar a Rússia diretamente, mas afirmou que o conflito na Ucrânia continua a causar pesado impacto humanitário, ressaltando a necessidade urgente de uma solução diplomática que defenda os princípios e os propósitos da Carta das Nações Unidas.
O chanceler brasileiro também recordou a iniciativa conjunta entre Brasil e China, em setembro de 2023, para a criação do Grupo de Amigos da Paz, reunindo países do Sul Global com o objetivo de promover negociações para o fim do conflito. "Permanecemos comprometidos em continuar trabalhando pela paz e por uma solução política para o conflito", reforçou Vieira.
Multilateralismo e reforma da ONU
Em sua fala, Mauro Vieira destacou que o encontro dos chanceleres ocorre em um momento de múltiplas crises globais e regionais, com emergências humanitárias, instabilidade política e a erosão do multilateralismo. "Com onze estados-membros representando quase metade da humanidade, o Brics está em uma posição única para promover a paz e a estabilidade baseadas no diálogo, no desenvolvimento e na cooperação multilateral", afirmou.
O ministro também enfatizou a defesa do multilateralismo pelo Brics e criticou, ainda que de forma implícita, as políticas protecionistas, numa referência indireta aos Estados Unidos. Segundo Vieira, o Brics reconhece os interesses estratégicos e os legítimos interesses econômicos e de segurança de cada membro, e que a paz deve ser construída, não imposta.
Durante a presidência brasileira no Brics, o governo tem priorizado temas como a cooperação do Sul Global e a defesa de mudanças na governança internacional. Vieira reiterou o compromisso do Brasil com a reforma e ampliação do Conselho de Segurança da ONU, para "melhor refletir as realidades geopolíticas contemporâneas".
Conflito em Gaza e outras crises
Vieira também abordou outros conflitos, como a situação humanitária em Gaza. Criticou os bombardeios israelenses e o bloqueio à ajuda humanitária, afirmando que "o colapso do cessar-fogo anunciado em 15 de janeiro é deplorável" e defendeu a solução de dois Estados, com uma Palestina independente e Jerusalém Oriental como capital.
O ministro mencionou ainda a crise no Haiti e tensões no Sudão, na região dos Grandes Lagos e no Chifre da África, defendendo que o acesso humanitário em zonas de conflito deve ser "incondicional e imparcial".
Encerrando seu discurso, Mauro Vieira disse que o Brics deve atuar como uma força para o bem, "não como um bloco de confronto, mas como uma coalizão de cooperação", liderando pelo exemplo em defesa de um mundo multipolar.
Entenda o Brics
O Brics é um foro de articulação política formado atualmente por 11 países: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Fundado em 2006, o grupo visa fortalecer a cooperação entre países em desenvolvimento.
Com cerca de 48,5% da população mundial e 39% da economia global, o bloco tem papel relevante em temas energéticos e tecnológicos, controlando 43,6% da produção mundial de petróleo e 72% das reservas de terras raras.
A presidência rotativa do Brics em 2024 está a cargo do Brasil, que será sucedido pela Índia em 2026. O ponto alto da presidência brasileira será a cúpula de chefes de Estado nos dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro.
Ainda nesta segunda-feira, Mauro Vieira manteve reuniões bilaterais com representantes da Indonésia, Rússia, China, Etiópia, Tailândia, Nigéria e Cuba, que participam do encontro com status de países-parceiros.
LEIA MAIS
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Lula cobra respeito de Trump em entrevista ao New York Times
TARIFAÇO DE TRUMP
Comitiva brasileira enfrenta cobrança dos EUA por laços com Rússia
OSCAR DA POLÍTICA
Votação do Prêmio Congresso em Foco termina nesta quarta; participe